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terça-feira, 31 de março de 2015

Jango, presente!

Em 31 de março de 1964  os tanques de Olímpio Mourão (um fascista filiado ao integralismo) deram o passo inicial no golpe contra a democracia brasileira. Um golpe gestado não só pelos militares, mas pelo dinheiro do empresariado paulista e com apoio da UDN e da CIA.

Neste dia 31 de março, onde vemos novamente um conluio conservador entre as oligarquias da mídia e um partido oportunista e anti-nacional (PSDB) tentando derrubar um governo legítimo, lembramos da figura de João Goulart, o Jango.  Presidente constitucional eleito pelo povo, ratificado em plebiscito, aprovado pela população e líder do projeto Trabalhista das Reformas de Base.

O Calçadão presta suas homenagens a Jango, fazendo assim uma homenagem ao povo brasileiro e ao Brasil. 

À democracia.

Nos colocamos aqui de nossa trincheira em defesa permanente da soberania popular, da democracia e no combate sem tréguas aos setores golpistas que buscam manter o povo refém de seus interesses.

Vencemos a ditadura de 64 com luta e com o sangue de nossos heróis e venceremos também os golpistas do presente.

Viva Jango, viva o povo brasileiro, viva o Brasil!

Equipe O Calçadão

segunda-feira, 30 de março de 2015

Será que dessa vez o professor aprende?


Esse artigo não é para o professor combativo, que sempre foi antenado na política e que sabe, mais do que ninguém, que 21 anos de tucanato representam uma tragédia para a educação paulista.

Não, este artigo é para o professor que reelegeu Geraldo Alckmin sem nenhuma necessidade de debate, sem que ele tenha firmado nenhum, repito, nenhum compromisso de campanha para a educação pública e o professorado. 60% dos professores passou um cheque em branco para que o tucanato continuasse a fazer mais do mesmo. 

Ele ele fez, e faz!

Nos engana todos os anos com um bônus nada transparente e que trata os desiguais com as mesmas ferramentas (isso é a raiz da exclusão e não da inclusão), fere a dignidade do professor ao pressioná-lo a não requerer seus direitos em caso de agressão ou assédio moral, entra na justiça contra a política de piso salarial, coloca milhares de temporários no desemprego a cada ano e faz os efetivos trabalharem em 2, 3 escolas para completarem sua jornada e tirarem, no máximo, 3700 reais por mês (para aqueles com mais de 10 anos de trabalho).

O sindicato nos chamou à greve e sofreu xingamentos de ódio de muitos professores. O governador nos chamou de "noveleiros" e não recebeu sequer uma reprimenda pública. Desdenha do movimento grevista, coloca diretores para perseguir grevista, seduz e usa os temporários para "furar" a greve, chama uma negociação com o sindicato para não oferecer nada!

Nosso mecanismo de greve é um direito legítimo e ainda o único e doloroso recurso que temos para lutar por nossos direitos. Mas fica cada vez mais claro que é na luta política que conseguimos alcançar avanços. Não é possível que uma categoria profissional, mesmo com todo o massacre e enfraquecimento que sofre há 2 décadas, reeleja um mesmo grupo político por 5 vezes seguidas sofrendo tudo o que sofre e sem a necessidade de debate ou de firmar mínimos compromissos.

São Paulo é o Estado onde o reacionarismo e o poder manipulador da mídia e do tucanato é mais forte. Certamente que na passeata do dia 15 tinham muitos professores pedindo o impeachment de Dilma Roussef e que são eleitores de Alckmin. Mas não é nem para esses que escrevo, esses não têm mais jeito. Escrevo para o professor que ainda consegue argumentar e que ainda busca se encontrar em meio ao turbilhão dantesco em que a política foi transformada nos últimos tempos.

Será que o anti-petismo vai ser capaz de perpetuar o tucanato no poder em São Paulo? Será que o professorado paulista não será jamais capaz de comparar formas diferentes de administração? Será que vão entender de uma vez por todas que a imprensa não é imparcial, que ela tem lado e é aliada do tucanato?

O tucanato completará 1/4 de século governando São Paulo em 2018 e continuará a ser protegido pela mídia amiga.

Ricardo Jimenez


Projeto Nacional em Xeque: que fazer?


Sempre que o conservadorismo reacionário atentou contra um projeto de país com o qual não concordava, ele lançou mão da mesma tática: unir o poder midiático com o grupo político interessado em assumir o poder para defender as bandeiras do entreguismo. À mídia cabe levar a mentira, a omissão e a manipulação para a população e ao grupo político, agir como oportunista dando corda no processo golpista.

O tema de que lançam mão é o mesmo: corrupção. Como, geralmente, os grupos políticos populares fazem sua caminhada acusando as mazelas dos grupos conservadores, reverter o processo é uma tática bastante eficiente, porque faz com que aqueles que acreditaram na "revolução" acabem desacreditados não só do grupo político mas da política como um todo.

Em meio ao "são todos iguais" e "vejam, eles nos traíram", a mídia pousa de bastião da moral e o grupo político oportunista se coloca estrategicamente para assumir o poder, protegido por sua parceira poderosa.

O governo enfraquecido não tem mais condições de liderar uma pauta progressista e acaba cedendo poder à uma pauta regressista, bem de acordo aos grupos que vivem de sugar a produção nacional e não têm nenhum interesse em alterar o status quo imperante.

Repito: Vargas sofreu com isso, Jango sofreu com isso, Brizola sofreu com isso e o PT sofre com isso. O atual avanço desse esquema reacionário envolvendo mídia, parte do judiciário e tucanato visa não só apear o atual projeto de poder, mas acabar com o partido que lhe dá estrutura.

Que fazer?

A situação não é fácil. A coisa que mais facilmente tira qualquer governo da crise é a economia. Foi assim com Lula em 2006. Mas dessa vez a situação econômica no médio prazo é complicada. A aliança mídia-tucanato conseguiu, por enfraquecimento governamental, colocar no centro do poder a figura de um Ministro ligado aos arrochos neoliberais e ainda por cima falastrão, que desrespeita o antigo Ministro e a própria Presidente.

Mesmo que necessárias, a forma como as medidas de ajuste foram tomadas deu caldo para a oposição fustigar ainda mais o governo.

Não tem outra saída. O governo precisa governar e para isso tem que acertar o presidencialismo de coalizão. Isto significa que é preciso dar poder ao PMDB. Às vezes é fundamental dar um passo atrás para se dar dois à frente, já ensinava Lênin na obra Que Fazer?

Com o acerto do presidencialismo de coalizão será possível dar continuidade nas obras de infra-estrutura, a partir dos importantes acordos de leniência realizados pela AGU e as empresas envolvidas na tal da Lava-Jato.

Em toda crise de crédito mundial, há um período em que a curva descendente se torna aguda e parece que tudo será tragado. Mas sempre há fatores que fazem a curva começar a se inverter, e o principal fator é a necessidade econômica de uma população de 7 bilhões de pessoas.

A crise vai se amenizar, isto é fato. O que o governo precisa é de tempo para se rearrumar e tocar as coisas em frente. Uma lição das 4 últimas eleições é a de que o povo fecha com as pautas do emprego, do nacionalismo e da melhoria social. O povo não fecha com os ajustes neoliberais, o povo não fecha, em situações normais, com o PSDB.

Não será tarefa simples, mas se a situação for revertida, será preciso uma forte ação política para se fazer a reforma mais importante do momento: a reforma de mídia. Em nenhum país democrático do mundo há um monopólio de mídia tão forte quanto no Brasil. Isto não é só prejudicial ao partido que está no governo representando o projeto Trabalhista, é prejudicial ao povo, à nação, que fica refém de uma comunicação parcial e anti-nacional.

Obs) Há outros dois aspectos a considerar: o isolamento das pautas da extrema-direita e, assim, isolar também a ação da aliança mídia-tucanato; e o papel que deve jogar o PT e os demais movimentos sociais. Por falta de espaço, cada um desses assuntos será tratado em artigos específicos.

Ricardo Jimenez

domingo, 29 de março de 2015

Ribeirão Preto, presente!

O Blog O Calçadão nasceu em meio à disputa eleitoral do ano passado, quando 6 amigos resolveram se unir e colocar em um único canal os seus pensamentos e as suas ideias.

Claro que o intenso debate nacional que não se encerrou com as eleições acaba por mobilizar os artigos do Blog. Porém, a foto de capa do Blog, mostrando uma plantinha nascendo e ao fundo o belo "Quarteirão Paulista", já demonstra que um dos princípios do Blog é tratar sobre Ribeirão Preto.

Nós já produzimos alguns artigos sobre temas municipais, falando de cultura, educação e política. Mas agora O Calçadão fará isso com regularidade semanal. Toda semana haverá um artigo específico sobre Ribeirão Preto, sempre mantendo nossa visão editorial: a participação popular e a luta contra as desigualdades sociais.

Nessa abertura de um box específico de Ribeirão Preto, estaremos republicando os nossos artigos já escritos.

Caso queiram nos acompanhar no facebook, basta entrar neste endereço: https://www.facebook.com/pages/O-Cal%C3%A7ad%C3%A3o/886432281368377

Abraços.

Ricardo Jimenez

sábado, 28 de março de 2015

Fórum social Mundial defende liberdade de mídia!

O Fórum Social Mundial foi realizado na Tunísia neste mês de março e, entre outras coisas, definiu como bandeira a defesa da liberdade de mídia, contra os monopólios da comunicação.

Cada vez mais os movimentos populares e os fóruns progressistas enxergam nos monopólios de mídia um instrumento de controle das liberdades democráticas.

Aqui no Brasil, toda a estrutura de mídia monopolista foi montada na ditadura militar e engordada no governo Sarney. O povo brasileiro convive há décadas com a hipocrisia, manipulação, omissão e mentiras. A sociedade brasileira não pode mais ficar refém de uma estrutura de mídia monopolizada e que vive das polpudas verbas públicas.

Regulação da Mídia, já!

 Fórum Social Mundial lança carta pela mídia livre
28 DE MARÇO DE 2015 ÀS 10:00
Ana Cristina Campos – Enviada Especial da Agência Brasil
A Carta Mundial da Mídia Livre, com princípios e ações estratégicas para promover uma comunicação democrática em todo mundo, foi lançada hoje (28) na Assembleia de Convergência pelo Direito à Comunicação, no último dia do Fórum Social Mundial, na Universidade El Manar, em Túnis, capital da Tunísia.
Entre as prioridades estabelecidas no documento estão o desenvolvimento de marcos democráticos de regulação da comunicação, por meio de órgãos independentes, o apoio aos meios de comunicação comunitários e a independência da mídia pública em relação ao governo e ao mercado.
A carta também defende a governança democrática da internet, incluindo a garantia de neutralidade da rede, o direito à vida privada e à liberdade de expressão, além da universalização do acesso aos meios de comunicação e à internet banda larga.
Após o lançamento da carta, os ativistas da comunicação pretendem construir parcerias com outros setores para a promoção dos princípios do documento e divulgar o documento em debates e fóruns de discussão sobre as mídias e a internet livres, entre outras iniciativas.
Comunicadores, blogueiros e representantes de movimentos sociais de diversos países debateram, desde o dia 22 de março, a liberdade de expressão e o direito à comunicação na quarta edição do Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML) na Universidade El Manar. O FMML é um evento paralelo ao Fórum Social Mundial.

Chanceler Mauro Vieira enfrenta muito bem a bizarrice direitista!


Essa semana o Ministro das Relações Exteriores, Chanceler Mauro Vieira, participou de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores no Senado. Foi a convite da Comissão para prestar esclarecimentos e atualizar os membros da Comissão sobre a política externa brasileira.

Dando uma olhada no plenário da Comissão, já se podia esperar o que vinha. Estavam lá Ronaldo Caiado, Agripino Maia, Tasso Jereissati, Ricardo Ferraço, além do Presidente da Comissão, Aloísio Nunes, autor recente do projeto de decreto parlamentar que visa proibir os médicos cubanos de atuarem no Brasil.

Os questionamentos dos Senadores não fugiram dos temas que ultimamente têm sido motivo de reportagens no Estado de São Paulo, Veja e TV Bandeirantes: Cuba, Venezuela, Mais Médicos, Estado Islâmico, China e Irã. Foi um show de "marcartismo" moderno, do estilo Olavo de Carvalho e Jair Bolsonaro, tão em voga nas recentes manifestações e tão oportunamente incentivado tanto pelo tucanato, quanto pela mídia.

A Venezuela foi chamada de ditadura, foi defendido o rompimento de relações tanto lá quanto com Cuba e Bolívia. Países "bolivarianos". As embaixadas brasileiras em países africanos e no Caribe foram chamadas de "gastos desnecessários" pelos Senadores Agripino e Jereissati. Caiado afirmou, com base em reportagem do jornalismo da Bandeirantes e da Veja, que os médicos cubanos são "agentes comunistas". O Mercosul, que o tucanato acha irrelevante e que Serra publicamente defende que seja extinto, foi contestado e, como de costume, a relação atual do Brasil com os EUA foi profundamente lamentada, porque é claro que os Senadores da oposição gostariam que estendêssemos o tapete vermelho sempre para os EUA.

É bom lembrar que a oposição (PSDB e mídia) tem dado lastro a esse discurso direitista e "neo-marcartista" como forma de tentar fustigar o governo. Ultimamente a oposição fez pouco do tratado dos BRICS, faz pouco do Mercosul constantemente, agride diuturnamente a Venezuela, Cuba, Irã e qualquer outro país que considera "ditadura" (menos a Arábia Saudita, claro), fez pouco do pronunciamento da Presidente Dilma sobre a necessidade de diálogo para se tentar compreender a questão do terrorismo, fez pouco das eleições de brasileiros para chefiarem a FAO e a OMC, ou seja, a oposição aposta no discurso raso, não só na política externa, mas em todos os setores.

O chanceler Mauro Vieira enfrentou muito bem o "neo-marcartismo" tucano. Defendeu a política externa brasileira, mostrou que o posicionamento brasileiro é tanto guiado pelas questões comerciais quanto por questões políticas e geopolíticas. Defendeu as embaixadas na África e no Caribe e mostrou que isto aumentou as transações comerciais e deu possibilidade de o Brasil poder avançar politicamente dentro da ONU (pois a partir de 2003 o Brasil tem ambições na ONU!) com as suas posições de defesa da multipolaridade. Defendeu o Mercosul e disse inclusive que até 2019 a liberdade de transações comerciais e de pessoas estará completada integrando, inclusive, o Peru, Chile, Equador e Colômbia.

Com relação aos BRICS, o Chanceler mostrou a importância do grupo no atual concerto geopolítico e mostrou para os senadores, que contestaram os investimentos do BNDES no porto de Mariel (em Cuba), nos países africanos e nos países da América do Sul,  que eles são estratégicos do ponto de vista político e comercial, lembrando que inclusive os EUA se aproximaram recentemente de Cuba justamente por esses investimentos.

Fez ver aos nobres senadores que cada vez mais a China tem investido em todas essas regiões e se o Brasil não ocupar também esses espaços acabará se tornando irrelevante diante da China nos próximos 10 anos.

Sem ser perguntado, o Chanceler discorreu sobre as dificuldades de completar a rodada Doha da OMC, por causa dos subsídios agrícolas da Europa. Disse também que a aliança do Pacífico (Chile, Peru e Colômbia) tem mais interesse em se integrar ao Mercosul do que em estreitar ainda mais os laços com os EUA.

Com relação ao programa "Mais Médicos", o Chanceler disse o que todos que defendem este programa deveriam dizer: vamos ver os resultados. E, vendo os resultados, a conclusão é a de que o programa é um sucesso. Com relação aos prováveis "agentes comunistas" cubanos, o Chanceler mais uma vez fez ver aos nobres senadores que esses "agentes" estão espalhados por mais de 60 países, inclusive combatendo o ebola na África, e que a OPAS é uma organização centenária e que presta serviços de saúde em parceria com Cuba até nos EUA! Sim, até nos EUA!

Enfim, esse tema que envolve o apoio tucano-midiático a esses discursos extremistas de direita será motivo de outros artigos no blog, mas fica claro o oportunismo dessa turma. Usam os extremistas para engrossar e fazer barulho na tentativa de aumentar uma crise, crise essa que tem mais méritos dos erros do governo do que da competência do tucanato.

Os tucanos e seu quase morto aliado o DEM, mostram-se cada vez mais rasos de discurso, simplistas de debate e só conseguem ainda alguma sobrevida graças à mídia, essa sim uma forte competidora, capaz de fustigar o projeto nacional.

Mauro Vieira mostrou que enquanto o projeto nacional eleito em 2003 e reeleito mais 3 vezes seguidas se mantiver na ativa, a política externa brasileira vai continuar a olhar o mundo com a visão do comércio mas também com a visão da geopolítica, com ambição e com proposta, nunca mais vai tirar o sapato para entrar em país algum.

Ricardo Jimenez




sexta-feira, 27 de março de 2015

Projeto Nacional em Xeque: Situação!


A vitória eleitoral de 2014 foi fruto de uma luta e muita unidade. Não foi uma vitória da militância petista. Foi uma vitória da militância nacionalista, da militância progressista e da grande movimentação popular em defesa não só de um projeto de país mas, principalmente, contra o retorno do entreguismo e do neoliberalismo elitista representado pelo PSDB.

A vitória de 2014 foi mais difícil do que as outras de 2002, 2006 e 2010 porque há um claro desgaste do PT e do governo diante de muita gente. A unidade em torno de Dilma se deu a partir de um discurso bem claro: queremos avançar, corrigir os rumos e evitar o retrocesso neoliberal. Esse esforço juntou 54 milhões de votos e derrotou a aliança mídia-tucanato.

A 4a derrota seguida acirrou os ânimos políticos. A aliança mídia-tucanato fez um esforço gigantesco para derrotar o petismo. Apostou fundo no sentimento de ódio que restou das manifestações de 2013, apostou fundo no quanto pior melhor na época da copa do mundo e apostou, sobremaneira, no discurso midiático-policialesco anti-corrupção nos vazamentos seletivos do caso Petrobrás.

Não deu certo.

Aí vem o governo eleito a partir de um discurso de aprofundamento do projeto social-nacionalista e comete o pior erro de todos. Dá ao inimigo enraivecido as armas para um contra-ataque.

Dilma subestimou a política. É certo que há a necessidade de um ajuste diante da política fiscal de proteção do emprego tomada nos últimos 3 anos. Mas fazer isso de supetão, com a arrogância de seu Ministro da Fazenda falastrão e sem se comunicar com seus eleitores foi um desastre.

Ela conseguiu mobilizar a aliança mídia-tucanato, já potencializada pelos vazamentos seletivos da Lava-Jato, deu discurso para Aécio Neves e um banho de água fria em todos que lutaram mais de 3 meses em sua defesa e a elegeram.

A manifestação do dia 15 de março, cuja mestre de cerimônia foi a Globo e a eminência parda foi o PSDB, foi um ato construído pelos erros da Presidente.

Para piorar, o governo e o PT (que tem uma enorme dificuldade de se confessar em uma situação difícil) ainda compram com o PMDB uma briga que não poderiam ganhar.

Ninguém gosta do PMDB, pelo menos do PMDB fisiológico de Renan e Cunha, mas o PMDB foi parceiro do PT, tem o vice-Presidente e tem o direito de exigir a participação no poder. Tentar bater de frente com ele foi um erro imperdoável em um momento político delicado e está custando uma crise grave para Dilma.

O momento é de jogo defensivo, como já havia mencionado no artigo Dilma, acerte a cozinha e siga em frente! O Congresso Nacional eleito é de cunho conservador e o "evangelismo" de business cresceu politicamente. Toda a pauta progressista proposta nos últimos anos tem sofrido um refluxo.

Só se pode reverter uma situação analisando com honestidade e clareza os erros cometidos e a realidade factual.

A saída para a crise requer jogo político e capacidade de remontar as estruturas e alianças. E isso serve para o governo e para o movimento social.

Ricardo Jimenez

Projeto nacional em xeque: porquê?


Mesmo a famosa "Carta ao Povo Brasileiro", formulada pelo núcleo paulista do petismo para agradar ao "deus mercado" e tentar suavizar com a mídia o caminho da campanha "Lulinha Paz e Amor", e a nomeação de Palocci (o homem do "mercado") para o Ministério da Fazenda não foram capazes de aplacar a sanha reacionária dos perdedores de 2002.

Lula não representou nenhuma ruptura com o modelo neoliberal imposto nos anos 90, até certo ponto muito de seu governo, e o de Dilma, foi e é mais pró-mercado. Mas seu governo, e o da Presidente Dilma, teve em alguns aspectos crédito por ter retomado o projeto nacional Trabalhista fundado por Vargas em 1950. Projeto que criou a Petrobrás, por exemplo.

Ter deslocado do poder central do país o núcleo do tucanato e, de quebra, a mídia hegemônica, foi um feito que trouxe para Lula e para o PT o ódio udenista que estava adormecido tanto nos anos 80 (de reconstrução democrática pós-ditadura), quanto nos anos 90 (os anos neoliberais e privatistas).

De repente, uma agenda progressista estava novamente colocada e grande parte do movimento social se viu com mais participação e voz no processo de implementação de políticas públicas pelo governo.

Surgiram as políticas afirmativas (que aumentaram em mais de 100% o acesso de negros e de pobres no ensino superior), as políticas de distribuição de renda, um viés nacionalista e mais voltado para uma agenda Sul-Sul na condução da política externa, um programa minimamente mais desenvolvimentista que colocou o BNDES na agenda da geração de empregos e da retomada da indústria naval, por exemplo,  e a valorização sistemática do salário mínimo etc.

Sei que muitos companheiros valorosos têm duras críticas ao período atual, seja por insuficiência no aprofundamento da agenda progressista na sociedade, seja pela manutenção de uma política econômica voltada mais para os interesses do capital do que para os interesses nacionais. Mas aí fica a questão: qual país no mundo atual consegue ou conseguiu romper totalmente com a agenda do mercado financeiro?

O fato é que a disputa do poder central se tornou cada vez mais odiosa e golpista. O julgamento midiático foi claro nos processos do mensalão e estão de volta agora na crise da Petrobrás. Aliás, foi a nacionalização do pré-sal e as duas derrotas sofridas para Dilma que colocaram a dupla mídia e tucanato, sem cerimônias, na seara do golpismo.

Na resposta sobre o porque de o projeto nacional estar em xeque nesse momento político nacional, eu volto ao argumento de um governo em disputa.

O tempo todo os governos Lula e Dilma estiveram em disputa, e a agenda progressista adotada nesse período foi fruto de vitórias dentro desse ambiente. Mas foi e é ainda uma disputa inglória, porque o movimento popular é minoritário dentro do governo e não tem meios eficazes de comunicação com a sociedade. Interesses maiores ligados ao capital e aos conluios empresariais são mais fortes, impõem sua agenda mais facilmente e compõem o elo que deu margem para que os inimigos do projeto nacional passassem a ter força para questionar a legitimidade desse governo.

Agendas mais profundas de reformas não avançaram, como a regulação da mídia ou a tentativa de alteração da política de juros, tentada por Dilma e abortada em uma campanha violenta da mídia.

Esse período de retomada de uma agenda Trabalhista, iniciada por Lula e continuada por Dilma, sofre do mesmo mal que sofreram os governos Vargas e Jango. A aliança entre o grupo político conservador e a mídia. Vargas tentou equilibrar esse jogo, mas falhou. Os outros nem tentaram. A velha UDN foi trocada pelo PSDB e as estruturas de mídia se tornaram mais poderosas após a ditadura militar.

O jogo é bruto, as forças populares não tem instrumentos para falar ao povo, o discurso falso moralista da corrupção tem lastro em uma sociedade refém da distorção comunicativa e as burocracias partidárias estão atônitas diante desse processo todo.

O projeto nacional desenvolvimentista está em xeque, acossado por uma aliança que representa o entreguismo, os interesses externos e o reacionarismo interno de parte de uma sociedade acostumada ao Brasil de antes. E é nesses momentos que um concerto novo é exigido. De onde virá este concerto? Que papel jogará Lula?

Veremos as respostas.

Ricardo Jimenez


quinta-feira, 26 de março de 2015

Rola Bosta destila o mesmo chorume de sempre contra os professores!

E não é que o Rola Bosta (apelido fruto da genialidade de Leonardo Boff), lá das profundezas de seu blog, escondido nas curvas escuras da revistinha (não) Veja,  resolveu falar da greve?

E fala destilando o mesmo chorume do Instituto Millenium e o Todos Pela Educação.

Trocando em miúdos, o que o Rola Bosta repete é o manjado argumento de confundir disputa política sindical com a categoria, sempre na sua sanha anti-petista, chamar professor de malandro (principalmente aos que lutam por seus direitos) e jogar a culpa do descalabro de 25 anos de tucanato nas costas do professor. Afinal, diz o Rola Bosta e seus amigos, o salário é bom e as condições de trabalho também, não é?

Rola Bosta, como é de seu feitio, tem a cara de pau de dizer que os professores em greve atentam contra a população mais pobre! Isso deveria embrulhar o estômago de qualquer um. Como assim? Há 25 anos o mesmo grupo político ao qual pertence o rola Bosta faz e desfaz dessa população e é o professor o culpado somente por lutar por seus direitos?

Absurdo! Nojento!

Rola Bosta tem lado. Rola Bosta é tucano.

Mas eu tenho que, honestamente, dizer que Rola Bosta tem de onde tirar o fiapo de legitimidade para o chorume que destila. É o posicionamento de grande parte do professorado paulista que corrobora a cada eleição os desmandos tucanos no Estado.

Rola Bosta tira a sua pseudo-legitimidade de destilar chorume nos discursos ignorantes de alguns que parecem ter mais ódio do sindicato e, de carona, da própria categoria que luta do que do grupo político que há 25 anos comanda o Estado e fez e faz da educação a sua latrina.

Que o pitaco do Rola Bosta sirva de vacina e de incentivo para todos os professores que ainda conseguem enxergar o "bê-a-bá". O verdadeiro inimigo da educação não dirige a APEOESP, o verdadeiro inimigo da educação governa o Estado lá do Palácio Bandeirantes.

Fica a dica!

Ricardo Jimenez

segunda-feira, 23 de março de 2015

Você conhece O Calçadão?

O Calçadão é o blog criado por seis amigos. Sua criação foi imaginada logo após as eleições de 2014, em pleno embate em defesa da candidatura de Dilma Roussef. 

No último fim de semana completamos 3 meses no ar. 

Somos pequenos na estrutura, compartilhamos nossas opiniões, aquilo que acreditamos.

Mas somos do tamanho dos valores e dos sonhos que integram os nossos corações e desejos.

Um grande abraço aos nossos mais de 1000 leitores, que nos deram mais de 6 mil visualizações nesses 3 meses.

Equipe O Calçadão: Ricardo Jimenez, Filipe Maia, Aílson Vasconcelos, Rilton Nogueira, Fábio Soma e Marcelo Botosso.

Professores heróis lutam com cada vez mais dificuldade!


A cada ano que passa a situação do professor das escolas públicas municipais e estaduais piora e fica cada vez mais difícil a sua luta por direitos e melhores condições de trabalho.

A lógica diria que deveria ser ao contrário. Com as condições de salário e trabalho cada vez piores, seria de se esperar uma mobilização maior e uma luta e visibilidade diante da opinião pública cada vez maiores também. 

Mas não é isso que acontece. 

A capacidade de mobilização está complicada nos últimos anos e a resposta da opinião pública é cada vez mais tímida aos reclamos da categoria, apesar de no discurso todos concordarem com a importância do professor para o sucesso da prática educativa.

Há pelo menos 20 anos a categoria tem sofrido uma ação política violenta por parte do Estado, uma ação deliberada de enfraquecimento, isolamento e subjugação. Uma ação política oriunda dos anos 90, os anos neoliberais, e que tem nos Estados e nos Municípios seus tentáculos mais fortes.

Mesmo iniciativas federais louváveis nos últimos anos, como a Lei do Piso, a ampliação do FUNDEB e a destinação dos royalties do pré-sal, acabam esbarrando nas dificuldades estaduais e municipais e não chegam a mudar substancialmente as condições de salário e trabalho do professor que encara uma escola de periferia ou uma situação difícil no interior do país.

O Brasil se acostumou a dar mais importância ao superávit primário e aos tais ajustes fiscais, que garantem a grana dos rentistas, do que para os investimentos em educação.

O garrote do salário é o primeiro passo do processo de enfraquecimento e subjugação. Nos últimos 25 anos a desvalorização salarial da categoria foi brutal. Na América do Sul estamos atrás de Chile, Uruguai e Argentina, atrás do México na América Latina e entre os 34 países da OCDE (os mais ricos), o professor brasileiro recebe, anualmente, 3 vezes menos.

Junto com a defasagem salarial vem a truculência governamental. Aqui em São Paulo, nos últimos 15 anos, professor em luta é tratado com borrachada e gás de pimenta. Mas não é só a truculência física, é também a truculência ideológica. Os governos em parceria com a sua mídia amiga têm feito um trabalho intenso de desconstrução do discurso de luta dos professores. Há quantos anos que a mídia e os governos divulgam as opiniões e os "estudos" dos tais institutos, como o Millenium e o Todos Pela Educação, pregando que o problema do professor não é salário?

A truculência, a defasagem salarial se somam ao total abandono das condições de trabalho. Hoje um professor de escola pública trabalha com medo, estressado, fragilizado e pressionado pela direção escolar, transformada nos últimos anos em braço de opressão dos governos em relação aos professores.

A categoria se enfraquece estruturalmente, a relação de trabalho se torna cada vez mais precária e mesmo um professor efetivo não tem a segurança de suas aulas, sendo cada vez mais obrigado a trabalhar em mais de uma escola.

No Estado de São Paulo, um professor efetivo com 10 anos de trabalho (2 quinquênios), um Mestrado, duas evoluções funcionais ganha, líquido, mensalmente, 3500 reais para 40 horas de trabalho semanal. É um salário que não atrai ninguém que esteja começando sua vida profissional.

O abandono de duas décadas do ensino público atinge duramente não só a categoria docente, atinge duramente a população mais pobre, que não vê nenhum sentido em permanecer no tipo de escola que lhe é oferecido pelo Estado. E essa realidade acaba por isolar a categoria da sociedade. A população acaba por perder a capacidade de se comover pela situação do professor. A ideia do sistema é transformar professores e alunos em abandonados que gritam para as paredes.

Não há luz no fim do túnel enquanto o governo oferecer mais do mesmo: precarização e uma meritocracia torpe, alicerçada em uma propaganda ideológica partida de seus aliados (e piores inimigos do professor e de uma educação pública democrática, popular e de qualidade).

A atual luta dos professores do Paraná e de São Paulo é pela reposição salarial e pelas condições de trabalho, é uma luta defensiva, pois todo o movimento popular está na defensiva há mais de 20 anos. Porém, uma pauta ofensiva vem sendo debatida e preparada há pelo menos 25 anos pelas entidades de trabalhadores na educação e prevê:

- Completa recuperação salarial (3500 reais líquidos por 25 aulas)
- Tempo para estudo e preparação de aulas (15 aulas)
- Jornada em uma única escola
- Eleição direta para diretor de escola
- Redução do número de alunos em sala
- Fim dos contratos temporários e de excrecências como "quarentena" e "duzentena"

A luta política nos últimos tempos tem sido confusa e frustrante, mesmo as políticas públicas propostas pelo governo federal nos últimos anos, e que são em conformidade com as defendidas pelos professores, acabam se tornando insuficientes e se perdendo no emaranhado ideológico e desinformador atual. 

Cabe àqueles que estão na luta entenderem estes processos e agirem dentro do movimento social para tentar dar novamente rumo às reivindicações, que atendam aos anseios progressistas que sempre fizeram parte da luta dos trabalhadores e dos professores em particular, tentando separar o joio do trigo em meio a essa profusão de moralidade seletiva.

Apesar de a mídia tentar fazer parecer que tudo no país é uma porcaria e que todos os agentes políticos são iguais, nós sabemos que isso é apenas uma jogada de desinformação, pela disputa de poder. Entender isso é ser capaz de compreender que a própria estrutura sindical se torna enfraquecida diante do poder governamental (aliado do capital) e nos dá a clareza de que até podemos ter nossas críticas ao sindicato, mas nosso inimigo é o governo e o sistema.

Mais importante do que o discurso falso moralista da corrupção são os rumos a serem tomados pelo país, e é por aí que se pode diferenciar uma força política da outra, inclusive no movimento social.

Todo o apoio aos professores heróis e combativos!

Ricardo Jimenez


domingo, 22 de março de 2015

Jânio de Freitas diz tudo!



Com maestria, Jânio analisa hoje em seu artigo na Folha de São Paulo o momento político nacional. Sem dar maiores importâncias ao mimimi falso moralista anti-corrupção, Jânio vai direto ao ponto: a escalada golpista do PSDB (e da sua aliada, mídia. Acréscimo nosso) após a quarta e dolorosa derrota eleitoral. Sem contar com o apoio militar, os tucanos partem para o "golpe paraguaio".
Leiam!

JÂNIO DE FREITAS 22/03/2015


Férias sem viagem não desligam, logo, não são férias. Mas, a bem da verdade, se não pude viajar no planeta, fui levado a viajar no tempo. Com ótimas e péssimas companhias nos 204 milhões transportados a bordo do Brasil de volta ao século 20.

O século que, para nós, começou antes de chegar. Uma linha de historiadores considera que o século 20 só começou para o mundo em 1914, com o fecho brutal da “belle époque” pela irrupção da Guerra Mundial. No Brasil, o novo século começou em 1889, com o golpe de Estado que expulsou o Império e impôs a República. E que não mais se dissociou dela ainda naquele e no decorrer do século 20, como golpismo latente, como inúmeros golpes tentados e frustrados, e como consumados e numerosos golpes ora brancos, ora em seu clássico verde oliva.

“A democracia brasileira está consolidada” não é mais do que uma ideia generosa com o (mau) caráter da política brasileira, produzido e disseminado pela mentalidade primária e gananciosa, além de alheia ao país, da classe dominante com seus poderes maiores que os dos Poderes institucionais. O golpismo é um recurso natural dessa mentalidade. Por isso está aí.

Se não, por que a exibida indignação dos oposicionistas com Dilma por suas práticas opostas às que propalou na campanha? É só falsidade. Oposição honesta, se não for imbecil, não tem como não estar satisfeita com a adoção de política econômica e medidas antissociais que são autenticamente suas, e de sua conveniência. E satisfeita ainda com a derrota final dos que a repudiaram nas urnas. Um só motivo para tanta indignação exibida: o golpismo.

Alberto Goldman delatou a tática em texto na Folha de 24.2.15. “Como levar adiante uma transição (…) sem ter de aguardar quatro anos” é “um desafio” que “só acontecerá se o agravamento das condições econômicas e política persistirem [o plural é dele] a ponto de mobilizar o povo e os partidos para uma solução que, de qualquer forma, ainda que legal e democrática, não deixa de ser traumática”.

Ou seja, berreiro acusatório total contra “as condições econômicas e políticas” até conseguir clima para derrubar a presidente: (…) “Dilma Rousseff e seu partido não têm condições políticas e morais para conduzir o país por mais muito tempo”.

Pequenos trechos a meio do noticiário confirmam a continuidade do propósito e da prática. Assim, nos últimos dias: “Não se trata de sangrar, a degradação econômica e política pode levar ao impeachment, não se deve ter receio” (Carlos Sampaio, irado líder do PSDB na Câmara). Ou a referência ao governo como “o que não deve ser salvo”, feita por Fernando Henrique. Ou ainda as reuniões da direção peessedebista com delegados e advogados à procura de meios de incriminar Dilma, e por aí em diante.

As negativas de adoção do golpismo feitas pelos oposicionistas vociferantes são apenas falsidade política. Até porque, lá atrás, antes que lhes parecesse inconveniente se mostrarem golpistas, deixaram claro o seu objetivo de forçar o impeachment, cuja falta de fundamentação constitucional não projetou mais do que um golpe baixo.

A falsa indignação com a economia e o uso da Lava Jato contra Dilma não bastam para aproximar o golpismo do êxito. Há muitos motivos políticos para que, no Congresso, uma tentativa forçada de impeachment seja derrotada. No Supremo Tribunal Federal de hoje em dia não há possibilidade de aceitação, ainda que conte com uns três votos, de impeachment que não esteja fundamentado com muita solidez factual e em segura constitucionalidade.

O que entrou e continua no século 21, na vida institucional brasileira, não pode ser esquecido. A proteção das Forças Armadas aos militares acusados de crimes na ditadura impediu a atenção para esta presença. Aos recém-substituídos comandantes general Enzo Peri, brigadeiro Juniti Sato e almirante Júlio Moura é necessário reconhecer que asseguraram, ao longo do governo Lula e no de Dilma, uma conduta exemplar dos militares.

Nem uma só voz de militar da ativa veio agravar qualquer dos vários períodos de conturbação. O homem das casernas tornou-se o exemplo de civilização e civilidade, ao lado da degradação paisana. O antigo troglodismo armado está restrito, inofensivo, aos bolsonaros de pijama no Clube Militar.

Além de torcer para que esse exemplo perdure, é preciso batalhar outra vez contra os ressurgidos obscurantistas.

sábado, 21 de março de 2015

Frente Nacional de Democratização das Comunicações realiza encontro em BH em abril!



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E-Fórum / Notícias
10/03/2015 às 16:33

Organização define local do 2º ENDC

Escrito por: Redação

Evento será realizado no Instituto Metodista Izabela Hendrix, a duas quadras da histórica Praça da Liberdade, no coração da capital mineira

A organização do 2º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (ENDC) definiu o local onde o evento será realizado: Instituto Metodista Izabela Hendrix, Campus Praça da Liberdade, no centro de Belo Horizonte-MG (Rua da Bahia, 2020 – Lourdes, CEP: 30160-012). 
Tombado pelo patrimônio histórico e cultural, o local abriga o charmoso Teatro Izabela Hendrix, os jardins internos e os belos traços modernistas da Capela Verda Farrar. A proximidade com o Circuito Cultural Praça da Liberdade (foto ao lado) valoriza ainda mais a sua localização e oferece passeios agradáveis nos intervalos do Encontro. 
O 2º ENDC será realizado entre os dias 10 e 12 de abril e reunirá movimentos sociais e ativistas autônomos pela democratização da comunicação. Organizado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e entidades locais, o evento também pretende ampliar os debates em torno do tema e mobilizar novos atores para essa causa. 
Inscrições
Interessados em participar do Encontro devem fazer inscrição prévia no hotsite do evento (link abaixo) até o dia 9 de abril. O valor simbólico de R$ 35 (preço único) custeará parte do material e das refeições e pode ser pago com boleto bancário ou cartão de crédito. 
Atividades autogestionadas
Entidades, coletivos, movimentos sociais, pesquisadores e ativistas autônomos poderão inscrever, pela internet, propostas de atividades autogestionadas até o dia 23/3. As atividades poderão ser temáticas (palestras, mesas-redondas, debates, oficinas, rodas de conversa e exposição de trabalhos acadêmicos) ou culturais (cênicas, musicais, performáticas, literárias e audiovisuais). 
Programação
Sexta-feira, 10 de abril
16 horas (Concentração) – Ato político-cultural no centro de Belo Horizonte (MG) 
Sábado, 11 de abril 
9 horas – Ato Político de Abertura 10h/12h – O cenário internacional e os dilemas do Brasil para enfrentar a regulação Democrática para garantir a liberdade de expressão
12h /13h30 – Almoço
13h30 /15h30 - A luta por uma comunicação mais democrática na América Latina
15h30 /16h – Intervalo
16h - 18h - Atividades autogestionadas
18h - 19h30 - Jantar
19h30 horas – Internet, um direito fundamental
Domingo, 12 de abril 
9h – Atividades autogestionadas 
11h/13h30 – Projeto de Lei da Mídia Democrática e estratégias de lutas
13h30 /14h30 – Almoço
14h30 – Ato de encerramento

sexta-feira, 20 de março de 2015

Dilma, acerte a cozinha e siga em frente!



No futebol, quando uma equipe passa por uma crise ou começa um jogo tomando dois gols, a primeira preocupação, no jargão futebolístico, é "arrumar a cozinha". Que significa estancar a sangria e arrumar as coisas para que se possa seguir em frente replanejando e retomando os passos.

Dilma venceu uma eleição dificílima, não só pelo peso que a mídia jogou no processo, mas pela própria dificuldade de passar para a população a mensagem de que um governo que já tem 12 anos poderia continuar representando as mudanças necessárias para manter e aprofundar as conquistas dos últimos anos.

Apesar do desgaste pelas denúncias de corrupção e do vazamento seletivo realizado pela mídia em conluio com certos investigadores, não foi o caso Petrobrás que fez Dilma e o governo perderem prestígio tão rapidamente da eleição para cá. A Petrobrás foi martelada na campanha inteira e, mesmo assim, Dilma venceu.

O que dilapidou a popularidade da Presidente foi ter empurrado goela abaixo das pessoas, principalmente de seus eleitores, um pacote de "ajuste fiscal" açodado e intempestivo. O novo Ministro da Fazenda assumiu com uma arrogância ímpar, não tendo nem mesmo a delicadeza de poupar seu antecessor Mantega (que assumiu a defesa do emprego e da renda e segurou o rojão corajosamente durante a campanha). Com Levy, Dilma acabou passando a impressão que, passada a eleição, realizou as mesmas medidas que havia jogado na cara de seu adversário nos debates.

Enquanto o golpismo permaneceu aceso, com a estrutura da parceria mídia-tucanato, os eleitores de Dilma foram tomados por uma apatia e frustração sem igual. A impressão que deu foi a de um governo inexistente para reagir à onda golpista, mas muito bem equipado para vir para cima da classe trabalhadora. O jogo inicial dilmista esvaziou seu estádio e empolgou o adversário.

Dilma deu filé mignon aos urubus. Nem mesmo seu Ministério, montado com objetivo de trabalhar  em harmonia com o Congresso, foi capaz de entregar o prometido. Pelo contrário, todo o clima de denúncias e a apatia do governo só geraram crises, aprofundadas com a eleição de Eduardo Cunha para a Câmara.

O primeiro passo para "arrumar a cozinha" é acertar a zaga e a cabeça de área. Dilma tem zagueiros fracos. Aliás, Mercadante não é zagueiro, ele é muito mais um atacante inimigo na sua área doido para fazer unzinho contra. Cardozão é um zagueiro lento e que treme diante do centro-avante inimigo. Na cabeça de área não tem ninguém.

A primeira arrumação deve ser na equipe próxima, por isso a importância de uma reforma ministerial imediata. Depois é preciso focar o Congresso. 2014 construiu um Congresso conservador e afeito ao "toma lá da cá". Não importa. Joga-se o jogo jogado. Acertar a relação com o Congresso significa poder governar. Faça-se.

Cid Gomes, na sua saída apoteótica do governo, disse: Dilma tem as mãos limpas! É isso. Dilma tem as mãos limpas. Não entendo como isso ainda não foi explorado à exaustão pelo governo. 

Dilma assumiu o governo em 2010 substituindo o presidente mais bem avaliado da história, herdou problemas de fundo na Petrobrás. É bom lembrar que sobrou para Dilma o passivo dos diretores corruptos e o ódio da mídia-tucanato pela nacionalização do pré-sal. Mas a Presidente governou, enfrentou a corrupção, gerou e defendeu os empregos, assumiu desafios e manteve a cabeça erguida e as mãos limpas.

A agenda política está colocada: reforma política e combate à corrupção. Teto nas campanhas eleitorais e restrição ou proibição de doações empresariais. Jogue-se o jogo. É preciso entrar em contato com os manifestantes do contra que ainda são capazes de argumentar e trazê-los para o debate dessa agenda, isolando no golpismo os setores mais reacionários próximos de Aécio.

Aliás, com Aécio deve-se lidar a partir de três premissas: lista de furnas, derrota em Minas e "aceita que dói menos".

Dilma tem um mandato inteiro para governar. Até o meio de 2016 estarão inauguradas mais de 80% das obras de infra-estrutura. Mesmo a alta do dólar pode contribuir para melhorar as exportações, dando um respiro nas contas externas no médio prazo, impulsionando investimentos e diminuindo os efeitos do ajuste.

Reverter os 60% de ruim e péssimo será tarefa complicada, mas não impossível. Afinal, tem 54 milhões de brasileiros esperando para ver governando aquela Dilma que eles viram debatendo na época da campanha. Governar para quem acredita que emprego e renda são as coisas mais importantes.

Golpe, "nem que a vaca tussa".

Ricardo Jimenez

quinta-feira, 19 de março de 2015

Brasil: seus caminhos e seus golpes!


O neto de Tancredo Neves não admite ter perdido a eleição de outubro de 2014 e apela para o golpismo.

Isso fica bem claro desde que o resultado das eleições foi divulgado no início da noite do dia da eleição. Sabe-se que deu o telefonema de praxe para a vitoriosa Dilma Roussef, no último gesto democrático desde então.

Mas o neto de Tancredo não age sozinho. Ao pedir recontagem de votos, ao requerer ser diplomado no lugar da vencedora e ao organizar a manifestação de domingo último, agiu em conluio com a mídia. A aliança mídia-tucanato age claramente não só pelo 3o turno eleitoral, age pelo golpe. Pela derrubada de um governo eleito legitimamente a partir da sua fragilização, coação e isolamento.

No domingo das manifestações, que eu chamo de micareta da Globo, o neto de Tancredo publicou a foto acima, onde a data claramente faz referência ao ato da manifestação e à relação entre Tancredo e seu neto, a eminência nem tão parda por detraz de tudo.

Tancredo sempre foi um democrata, um legalista, uma figura equilibrada e sempre lembrada nos momentos de crise. Foi o pilar político onde se montou a estrutura do processo de redemocratização do país. Tancredo jamais usaria a data de 15 de março para emoldurar um conluio golpista contra um governo legítimo. Tancredo jamais se vestiria de verde e amarelo na janela de um apê de luxo, e ao telefone, feito um capo "canarinho" a monitorar uma infâmia.



Quando Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral para encerrar um ciclo ditatorial, ele restabelecia o rito democrático a um país após um golpe desferido contra um presidente legítimo e constitucional, João Goulart. Mais do que Jango, o golpe de 64 feriu um projeto, um projeto nacionalista de desenvolvimento que previa as reformas de base e a democratização do país através da ampliação do acesso das massas populares ao debate político.

Esse caminho democrático e popular nunca foi aceito pelas elites e muito menos pelos interesses estrangeiros. A aliança golpista de 64, que reuniu políticos, empresários e militares, destruiu boa parte da aliança nacionalista de Jango. A esquerda mais combativa foi dizimada nos porões da ditadura. O que ressurgiu em 1985 com Tancredo Neves foi um arremedo do progressismo vivo do governo Jango (excetuando o grande Leonel Brizola, que corajosamente governou o Rio de janeiro contra a vontade da Globo). E ainda por cima houve a morte trágica do pilar da arrumação democrática. Tancredo morreu antes de tomar posse.

A mídia, junto com seus políticos adesistas, montou a sua estrutura monopolista no governo Sarney, a partir do Ministro das Comunicações Antônio Carlos Magalhães. Com esse poder nas mãos, a mídia elegeu e apeou Collor do poder, construiu a figura de FHC como fundador do Real, quando se sabe que seu fundador foi Itamar Franco.

Foi no governo FHC que a aliança mídia-tucanato foi montada. Foi lá que se abriu o monopólio do petróleo, foi lá que se abriu a possibilidade de corrupção na Petrobrás quando FHC mudou a forma de licitação na empresa, foi lá que privatizaram a Vale do Rio Doce, foi lá que entregaram todo o sistema elétrico nacional financiando empresas estrangeira com dinheiro do BNDES, foi lá que se fizeram um PROER para salvar um banco pertencente a uma figura sinistra da República (leia a Privataria Tucana e o Príncipe da Privataria).

Foi no governo FHC que a aliança mídia-tucanato se sentiu à vontade para instalar no país um modelo neoliberal de governo, de entrega do patrimônio nacional e de profunda corrupção na relação entre governo e o poder privado nos processos de privatizações. Um modelo que gerou as maiores taxas de desemprego da história e que levou a indústria nacional à beira da eliminação total.

Foi esse projeto que foi derrotado em 2002 com Lula. Apesar da Carta ao Povo Brasileiro, um afago na estrutura de poder neoliberal que fora derrotada, Lula representou outro projeto. Pela primeira vez após a derrubada de Jango, e a eliminação de toda a esquerda progressista pré-ditadura, um projeto de poder retomava, mesmo que timidamente, os instrumentos do Trabalhismo criado por Vargas (e que FHC com sua arrogância medíocre disse que iria acabar).

Muito mais do que a corrupção, que sempre existiu na natureza patrimonialista nacional, muito mais do que a decepção que parte do PT provocou (em quem infantilmente acreditava na pureza absoluta de alguns seres humanos), é a disputa pelo projeto nacional que está em jogo.

É isso que leva o neto de Tancredo a organizar um movimento golpista, sustentado em uma investigação seletiva feita em Curitiba, com "vazamentos" pela mídia, e por uma CPI que se recusa a investigar a Petrobrás desde 97, ano em que o um dos ladrões confessos iniciou a roubar a empresa.

Acima da corrupção (que rouba 88 bilhões por ano) e da sonegação (que rouba 502 bilhões ao ano, e cuja a CPI do HSBC o PSDB não assinou), está o projeto nacional. Acima do jogo de poder travado nas cúpulas partidárias, e regado com verbas empresariais, está o destino do Brasil e do seu povo.

Constitucionalmente, o projeto de país foi julgado eleitoralmente em outubro último, e venceu, pela quarta vez seguida, o projeto proto-Trabalhista em vigência desde 2003.

Cabe agora ao processo político e popular, fora da esfera golpista da turma do neto de Tancredo, buscar debater as reformas necessárias ao país.

Eis uma agenda que o Calçadão defende: reforma política com proibição de doações empresariais, regulação econômica da mídia, investigação na Petrobrás desde 97, investigação no BNDES desde 98 (inclusive os empréstimos feitos a grandes veículos de mídia), CPI do HSBC, introdução de um imposto sobre grandes fortunas que fortaleça os orçamentos municipais e regulamentação dos conselhos populares que busquem, principalmente na esfera municipal, propor e fiscalizar a implementação orçamentária da administração pública.

Que se investigue tudo e todos, mas que se respeite a soberania popular nas suas escolhas mais profundas.

Ricardo Jimenez



quarta-feira, 18 de março de 2015

Coxinhildo: um sujeito descolado!

Coxinhildo é um sujeito descolado. Frequenta a área vip, com champagne pra todo lado. 

Adora ar condicionado e sua fragrância predileta é a de um bom endinheirado. 

Coxinhildo pagou faculdade, é um cara bem sucedido. Seu SUV é bacana, a turbina faz zumbido. 

Coxinhildo se diz cansado, só fala em corrupção. Mas no fundo não admite, que quem só pegava busão, agora sente ao seu lado, na poltrona do avião.

Coxinhildo é contra as cotas, defende a meritocracia. Dos cotistas faz chacotas: "maldita periferia".

Coxinhildo se esguela, grita muito, se arrepia, pra chamar de "bolsa esmola" o que é Bolsa Família.

Nessa última eleição, Coxinhildo pregou "mudança". Votou num play boy de boa, mimado desde criança.

Um sujeito bon vivant, esse candidato safo, saiu de uma blitz sorrindo e nem disfarçou o bafo.

Coxinhildo tem ódio, do governo de plantão. Chama todos de ladrão, mas nem deu bola, quando soube, que seu candidato pimpão, construiu um aeroporto, com dinheiro do povão, lá na sua propriedade, sabe deus com que intenção.

Coxinhildo é bem informado, outra história ele ouviu, o tal de um helicóptero, que "ninguém sabe, ninguém viu".

Coxinhildo fica quieto, pois na Globo não saiu:  o que ele quer é que o governo "vá pra puta que pariu".

Coxinhildo foi pra rua, não aceita a eleição, quer derrubar o governo e disso não abre mão. Do seu lado ele via uns reaças de plantão, e na faixa ele lia: "militares, intervenção!".

Coxinhildo é descolado, sabe que isso é errado, mas não tem problema, não. Pois que seja intervenção, o que ele quer é sentir ódio e rebolar até o chão.

Coxinhildo está feliz, pois deu na televisão, que a micareta que ele foi, teve mais de um milhão.

Coxinhildo só sabe falar de corrupção: mensalão, petrolão. HSBC, não!!

Coxinhildo está bravo, não concorda com as urnas. Moralista seletivo: "dane-se a lista de furnas".

Coxinhildo e sua turma quer impor a opinião. Xinga muito, todo tempo. Argumento não tem, não.

"Sou elite, eu que mando, me obedeça e não reclame. Se o meu grito não der certo, vou-me embora pra Miami!"

Ricardo Jimenez






terça-feira, 17 de março de 2015

A mídia e o Brasil: sempre uma questão de Estado!



A disputa pela comunicação sempre esteve atrelada à disputa pelo poder político. Não é por acaso que na História do Brasil, e do mundo, sempre que há uma disputa de poder político há ataques aos meios de comunicação opositores e valorização dos meios de comunicação apoiadores do novo governo ou regime que se estabelece.

Você conhece a história da mídia no Brasil?

Bem, as disputas começaram de fato a acontecer junto à construção de uma estrutura de Estado mais robusta, onde a comunicação de massa passou a se tornar imprescindível à disputa pelo poder político. Os grandes conglomerados de comunicação se iniciaram nos anos 30 e 40, na chamada "Era Vargas".

O primeiro grande empresário da comunicação foi Assis Chateaubriand, o Chatô, que construiu seu império em meio às negociatas com empresários e políticos do Estado Novo varguista. O seu Diários Associados tinha, entre dezenas de jornais e rádios, a TV TUPI. Enquanto Chatô construía seu império, um outro empresário tocava o pequeno jornal O Globo herdado do pai, no Rio de Janeiro. Mais tarde esse empresário seria um substituto muitíssimo mais poderoso que Chatô.

Foi a partir do governo Vargas, entre 1950 e 1954, que a coisa pegou fogo e se colocaram claramente em conflito dois projetos distintos de país: o nacionalismo Trabalhista de Vargas e o entreguismo elitista da UDN e de setores predominantes das Forças Armadas. No meio disso estava a mídia. 

Essa disputa de projeto de país está colocada até hoje.

Vargas plantou entre 50 e 54 uma semente que iria se confrontar com o golpismo até 1970, ajudando o Trabalhismo a ter força para enfrentar, na comunicação, um inimigo cada vez mais poderoso. Vargas sabia que ou um governo se comunica ou está fadado a ser derrotado. Nos anos 50, se viabilizaram o jornal "Última Hora" de Samuel Wainer, a rádio Mayrinck Veiga e a TV Excelsior ( do empresário paulista Vítor Costa, dono da TV Paulista e do empresário Mário Wallace Simonsen, dono da companhia aérea Panair).

Em 1970, no auge da ditadura, todos esses veículos de mídia de viés nacionalista estavam falidos, enquanto as Organizações Globo caminhavam para a formação de um império de comunicação.

Conseguem enxergar que a disputa pela mídia sempre foi uma questão de Estado?

De todas as histórias, a mais emblemática é a história da TV Excelsior. Foi a primeira televisão a transmitir em cores, fez os mais importantes programas jornalísticos e humorísticos dos anos 50 e 60, mas não resistiu ao poder de perseguição da ditadura. A história em detalhes está AQUI e AQUI, mas tudo começou quando Simonsen defendeu a legalidade do governo João Goulart e desafiou o golpismo de 64. A partir daí foi perseguido e viu não só sua televisão ir à falência, como também a sua companhia aérea, a Panair, substituída pela Varig, cujos investimentos foram facilitados pela ditadura.

Dos 25 anos de ditadura militar, e com um brutal investimento da americana Time-Life (aqui), surgiu um império que domina mais de 80% da comunicação no país. Quando Antônio Carlos Magalhães se tornou Ministro da Comunicação no governo Sarney, ele foi responsável por concluir o tamanho do monstro, distribuindo concessões de rádio e TV entre políticos apoiadores do sistema e dando para ao monopólio de mídia o controle da esmagadora maioria das retransmissoras de rádio e TV pelo país a fora.

Leonel Brizola, o mais combativo herdeiro do Trabalhismo, denunciava esse acordo com a Time-Life e, por isso, dizia abertamente que, se eleito Presidente, cassaria a concessão pública da emissora. Brizola sabia, porque sentiu na própria pele quando governador do Rio, que sem enfrentar o poder da mídia monopolizada, e da Globo, nenhum projeto nacional democrático poderia ser implantado de maneira livre.

Depois das manifestações de domingo (uma micareta que juntou da extrema direita aos recalcados eleitores do Aécio) transmitidas ao vivo pelo canal, essa realidade não pode mais ser camuflada por aqueles que lutam pela continuidade e aprofundamento das políticas nacionalistas e inclusivas surgidas desde 2003, quando Lula venceu pela primeira vez o conluio Globo-tucanato.

São décadas de poder, omissões, mentiras, manipulações. A mídia fez coro com FHC quando esse, do alto de sua arrogância boçal, declarou que iria "acabar com a era Vargas". A mídia compactuou com o crime da venda da Vale do Rio Doce, compactuou com a quebra do monopólio do petróleo, com todo o descalabro das privatizações. a mídia é contra o regime de partilha no pré-sal.

A mídia se utiliza dos discurso falso moralista da corrupção para na verdade exercer influência política e ampliar a crise contra governos com os quais não concorda. O combate da mídia não é contra a corrupção, até porque ela é sócia do tucanato, mas é contra um projeto de país. A mídia é contra a soberania popular e a inclusão social.

Qualquer grupo de cidadãos que queira interferir no processo político do país deve fazê-lo em um partido político, disputando votos. Fazer interferência política se utilizando de uma concessão pública não é democrático. O povo brasileiro tem o direito de ter um acesso livre à informação e não pode ser refém de um monopólio de mídia. 

No mundo todo a mídia é democratizada. É inconcebível em um país desenvolvido a existência de um monopólio desse tipo.

A saída da atualidade é a internet, mas ainda é uma saída efêmera, em crescimento. É preciso uma política de Estado que promova a democratização dos meios de comunicação.

A democratização da mídia é junto com a reforma política (e a proibição do financiamento empresarial) a principal agenda da disputa política atual. Somente com pressão o governo pode ter a coragem necessária para tomar as decisões que devem ser tomadas.

Ricardo Jimenez

segunda-feira, 16 de março de 2015

Pensando sobre as manifestações de sexta e domingo




É bem importante a gente pensar sobre as  manifestações desse final de semana. Vamos deixar de lado aqui (por enquanto) as manipulações da #globogolpista e dos demais membros do PIG. Também não vamos apontar se foram os desvalidos ou os barrigas-cheias que fomentaram as manifestações.


Quer apontar os ganhos!!!

Ganhamos em democracia e a esquerda sai fortalecida, apesar dos urubologistas de plantão!

Ganhamos em democracia porque vivemos em um país onde é possível que cada indivíduo
demonstre sua opinião, desde as mais fundamentadas até as mais estapafúrdias, mas são manifestações livres.

A esquerda sai fortalecida, porque a extrema direita deu um tiro no pé. Há muito tempo eles têm trancado a pauta de votações de medidas anticorrupções como o fim do financiamento privado de campanha e a reforma política.

Com o sentimento misturado de insatisfação com a corrupção e o envenenamento midiático contra o PT, as medidas anticorrupção ganham força e legitimidade.

Agora só falta decisão e articulação política para que os grandes corruptores estejam fora do jogo político-financeiro do financiamento de campanha.

Quem ganha com isso é o país; é a democracia; é a esquerda!


Pra frente Brasil!!! Pra frente Coração Valente!!!!



Fabio Pereira Soma

Filósofo e Pedagogo.

domingo, 15 de março de 2015

A Globo, os coxinhas e a "intervenção militar"



Faz pelo menos 2 anos que a Globo encontrou um viés de golpe contra o atual governo: buscar um novo "rastilho" que faça "o povo" sair às ruas reproduzindo as manifestações de 2013. 

Acontece que lá, naquele momento, o "rastilho" foi a dura repressão das polícias de Alckmin e Cabral contra as manifestações do Passe Livre. De repente, a Globo se viu na oportunidade de canalizar toda aquela coisa contra o governo. 

Pronto, surgiram as manifestações "coxinhas" e, pela primeira vez, Globo e tucanato (a fiel aliança política dos últimos tempos) viram nos "coxinhas intervenção militar" seu quinhão golpista. 

Agora o "rastilho" é a corrupção, tendo a Petrobrás como mote; lógico que escondendo devidamente seus aliados tucanos e expondo seus adversários petistas. Esse dia 15 nada mais é do que uma transmissão ao vivo da Globo a uma parada "coxinha intervenção militar" em benefício da aliança golpista derrotada nas urnas. É a tática "aloísio nunes" de sangramento da Dilma.

A intervenção militar defendida pelos coxinhas, muitos dos quais fiéis contribuintes de astrólogos e outros ultradireitistas de skype e youtube, é apenas um saudosismo ignorante do clima que se vivia em 64. Sonham com "os militares" que já não existem mais, mas são a massa de manobra perfeita para os modernos golpistas da atualidade. Todos, coxinhas, Globo, tucanos fazem escárnio da história e das vidas de brasileiros e brasileiras ceifadas naquele período.

Nos idos de 64, a mídia era parceira dos militares e dos empresários anti-nacionais que conspiravam contra um projeto soberano de país desde Vargas em 54. Foi a coroação de uma elite militar que se especializou em intervir na política desde 1910, no nascimento do movimento "tenentista" no governo interventor de Hermes da Fonseca. Era uma elite político-militar formada na ESG com ensinamentos dos EUA e que encabeçaram o projeto golpista apoiados pela UDN e empresariado.

Agora a coisa é diferente. Não que no meio militar o ultra-conservadorismo ainda não seja dominante. Ele até é. Mas, após os anos de extrema penúria que viveram sob FHC, os militares aprenderam a ser pragmáticos. Eles sabem que a retomada de sua reestruturação se deu a partir de Lula e sabem também que seu papel estratégico na defesa do país depende de um projeto nacionalista, totalmente ao contrário do que representa a aliança atual Globo-tucanato. O que os militares não têm mais é uma elite política.  E é com essa "elite política" no seio militar, extinta pós-64, que os "coxinhas" conservadores sonham e é exatamente por aí que são fisgados tanto por "astrólogos" charlatães de internet quanto pela mídia golpista.

Vendo agora pela Globonews as imagens da manifestação em Copacabana, nota-se uma bandeira do Brasil, abaixo uma faixa "fora Dilma" e entre elas uma outra faixa "intervenção militar". No close da câmera, a repórter destaca as duas primeiras, ficando a outra como adorno subliminar. Para quem ainda consegue ver a mídia golpista com os olhos e a mente livres, essa cena é emblemática.

Os golpes modernos não se dão com tanques nas ruas, eles se dão na batalha da comunicação, que se reflete na batalha política. Para a aliança Globo-tucanato, a moderna UDN falso moralista, tudo que leve o povo a agir sem pensar é bom e bem-vindo. Quanto mais gritos de datenas, apelos à pena de morte, gritos por intervenção militar, melhor. Rebaixar o debate nacional e confundir as pessoas são as armas da aliança golpista.

Vestem-se todos de verde e amarelo, canta-se o hino nacional, toca-se, pasmem, Geraldo Vandré, tudo ao lado da faixa "Intervenção militar, já!", e ficam escondidos a sonegação da Globo, a lista do HSBC, o aeroporto do titio, a lista de furnas, 500kg de cocaína no helicóptero, a falta de água em SP, o caos do Paraná, os 10 milhões de Sérgio Guerra, o dinheiro do Anastasia e a vitória eleitoral de Dilma junto com 54 milhões de brasileiros que não se curvaram diante desse lixo.

O governo até pode reverter, como parece que está conseguindo, a bagunça da sua base parlamentar, pode mostrar sinais de que não irá abandonar a agenda social e progressista dos últimos anos, mas se não travar a batalha da comunicação estará fadado à derrota, uma derrota para um conluio entre uma corrente política derrotada nas urnas e uma TV que usa uma concessão pública para cometer repetidamente crimes de lesa pátria. 

A luta continua.

Ricardo Jimenez