Foto: Filipe Augusto Peres |
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Exemplos dessa prática comportamental de Nunes não faltam. No caso do transporte público, existe um forte indício de relação do PCC nos contratos das empresas assinados pela prefeitura, e Nunes projeta a responsabilidade para os funcionários da empresa. No caso do colapso da saúde, onde pacientes permanecem nas UPAs por mais de 9 horas, Nunes responsabiliza as OSSs. A mais recente projeção de culpa ocorreu durante o atual apagão em SP. Nesse ponto, uma rede de responsabilidades e culpados se forma em torno do grupo político que sustenta o atual prefeito.
Em 1998, a antiga Eletropaulo foi privatizada por meio do Programa Estadual de Desestatização (PED), criado pelo então governador Mário Covas. A empresa foi dividida em quatro companhias menores, sendo a Eletropaulo Metropolitana a mais rentável, privatizada em 1999. A distribuidora de energia na Grande São Paulo foi vendida a um grupo liderado pela americana AES. No entanto, em 2018, uma companhia italiana chamada Enel adquiriu a Eletropaulo por mais de 5 bilhões de reais, ficando com 73,38% do capital total da concessionária. Essa privatização foi assinada e defendida com grande fervor pelo então governador de SP, João Dória, que pertence ao mesmo grupo político que apoia o atual prefeito, Nunes. Essa situação evidencia um aspecto importante: a empresa de energia privatizada era estadual e, portanto, não teria ingerência federal. O grupo que participou da venda da Eletropaulo para a Enel é o mesmo que apoia Nunes. Assim, não há responsabilidade do governo federal nessa venda. A manutenção da concessão, que está sendo revista pelo governo federal, ocorreu devido à responsabilidade de Tarcísio, que assinou um laudo informando que a Enel tinha condições de realizar o serviço em SP. Entretanto, os paulistanos têm enfrentado, nas últimas semanas, uma espécie de apagão constante. O modus operandi do comportamento psicanalítico desse grupo político e de Nunes é representado na responsabilização dos ventos, das chuvas e, mais recentemente, do governo federal. Dessa forma, a culpa é atribuída a todos, menos a si mesmo. Não importa a verdade; a estratégia desse grupo político – o fantasma de Dória/Tarcísio/Nunes, que se esconde – é manter um espantalho para atribuir a culpa, ou seja, realizar uma prática política comum que exacerba uma condição psicológica para livrar-se da culpa.
Esse jogo de empurra-empurra não termina por aí. O município paulista, sob a figura do então prefeito fantasma (Ricardo Nunes), buscou terceirizar a responsabilidade pela zeladoria. Qual é a estratégia que Nunes tem utilizado para desvincular-se da responsabilidade pelo caos que deixou no município? Pasmem: culpando Lula, o atual presidente! Em suma, Nunes tem responsabilizado Lula pela zeladoria da cidade. Sabe-se que mais de 384 árvores que precisavam ser podadas não foram, resultando em muitos desconfortos na cidade, obstruindo ruas, destruindo casas e carros, e deixando a população, especialmente a parcela da periferia de SP, abandonada. Neste momento, mais de 1 milhão e 400 mil pessoas estão sem luz, com danos a seus eletrodomésticos, alimentos estragados e casas danificadas; a população está completamente desamparada. A falta de planejamento da prefeitura é surreal. Esse evento não ocorreu de forma isolada, mas vem acontecendo de maneira constante e cotidiana. O prefeito não utiliza a Guarda Civil para avisar a população sobre esses eventos (previsíveis, sim!), não elabora nenhum projeto urbano de escoamento de água e drenagem, e tampouco discute a eletrificação do subsolo, que deixaria a cidade esteticamente mais bonita e reduziria significativamente as quedas de energia. O que o prefeito faz? Projeta culpa! Afirma que não é ele o culpado, mente para a população dizendo que faz ou está fazendo algo, esconde-se nas sombras de SP para que ninguém veja seu rosto, foge dos debates por medo de ser exposto e, ao se esconder, tenta garantir sua reeleição. Nunes usa a dinâmica de projetar a culpa e o medo (usando o espantalho do comunismo), para minimizar a própria responsabilidade pessoal desse caos e conseguir a reeleição. As privatizações tão defendidas pelos meios de comunicação corporativo, por uma direita entreguista de SP personificado sob a imagem de Tarcísio, Kassab, Nunes, Dória, Faria Lima, atuam como um álibi para atacar quem sempre combateu essa lógica. É quase um fenômeno paradoxal, criam o monstro e jogam esse monstro criado no colo de quem busca combater. São Paulo corre um sério risco e esse grupo político-midiático-empresarial que busca blindar o Nunes tem como objetivo dinamitar, mais uma vez, a democracia e os avanços sociais de um governo verdadeiramente popular. É nesse panorama que a eleição do Boulos e Marta50 se faz mais do que necessário, se faz central para SP e para o Brasil.
Dr. Roberto Barros
Docente – Faculdade Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Ex Conselheiro Municipal de Cultura – Ribeirão Preto – SP
Colaborador – Blog O Calçadão
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