É, amigos, 2014 se foi!
Como diz um amigo meu (Gregório): passou tão rápido quanto uma facada no baço.
Particularmente, eu não via a hora deste ano terminar. Anozinho FDP! Ano que nos levou Suassuna, Jair Rodrigues, José Wilker, Gabriel Garcia Marques, Manoel de Barros e tantos outros. Mas foi um ano também de vitórias. Para o bem ou para o mal, 2014 foi inesquecível, principalmente a partir do segundo semestre. Os ânimos se acirraram nas redes sociais e caiu a máscara do machismo, da homofobia, do racismo e do preconceito social e regional que estava encubado na nação mais "pacata" do mundo. A nação miscigenada de Sérgio Buarque. Houve um momento, nos debates via internet, que me senti o próprio Sakamoto ao me mandarem para o Nordeste passar fome junto com os "ignorantes eleitores" daquela região (como afirmou, num rasgo de infelicidade, o nosso ex-presidente sociólogo). Aquela região, o nordeste brasileiro, que o candidato derrotado mineiro-carioca disse que tem um "pedaço encrustado" em Minas. Mas sempre acho positivo quando as máscaras caem. Ainda mais quando no final houve uma vitória. Uma vitória não por aqueles que ganharam (pois estão longe dos ideais sonhados por nós), mas por aqueles que perderam e que representavam um grande retrocesso no processo de melhoria das condições sociais, timidamente conquistado ao longo dos últimos 12 anos.
Mas sou um professor do Estado de São Paulo e acho que há um mistério por ser desvendado: não se encontra, sequer, um eleitor que assuma ter votado no nosso governador reeleito com 60% dos votos! Quem tiver alguma pista sobre como desvendar este mistério, deixe um comentário aqui embaixo.
Mas sou fundamentalmente um brasileiro e, como diz o chavão, não desisto nunca. Tenho minhas esperanças para o ano que está batendo à nossa porta. Esperança na continuidade das políticas de inclusão social, no avanço do discurso anti-neoliberal e esperança, como professor de São Paulo, que o nosso governador libere o resultado da prova de mérito: essa invenção neoliberal sustentada no discurso enganoso da meritocracia e que nos dá um aumento de 10% no salário. Isso mesmo, 10%, e ainda assim o governo congela o resultado da prova, como congelou a poucos dias a compra de papel higiênico nas escolas.
Tenho esperanças, também, de que este verão seja mais chuvoso e menos quente. Detesto calor. Tenho esperança de ganhar a BMW que será sorteada num dos shoppings da cidade, se bem que nem lembro se depositei ou não o cupom na urna. Ah, tenho esperança que minha plantinha (a jibóia) não morra de sede nestes dias em que me encontro ausente visitando meus familiares. Mas, sobretudo, tenho esperanças de que o interesse que o brasileiro demonstrou pela política este ano não esmaeça feito as paredes de um sobrado caiado de amarelo no sol escaldante do semi-árido. Pode ser utopia, mas espero que o brasileiro desperte sua consciência, se informe melhor, buscando novas alternativas de mídia e informação, e saiba reconhecer o que é bom e o que é ruim na política, sempre com um olhar popular e de diminuição das desigualdades. Por aqui nós colaboraremos, com nosso blog O Calçadão!
Nossa!! Falei tanto em esperança que me lembrei agora de um poema de Fernando Pessoa que termina dizendo: QUANDO VIM A TER ESPERANÇAS, JÁ NÃO SABIA TER ESPERANÇA.
Feliz 2015.
Rilton Nogueira, professor, geógrafo e amante da voz feminina na música brasileira.
Excelente!
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