Todos se lembram da capa daquela revistinha semanal chamada de "gossip magazine" (revista de fofoca) pela The Week britânica. Foi a capa das vésperas da eleição presidencial do ano passado, afirmando que Dilma e Lula sabiam de tudo. Bem, aquilo foi apenas a apelação final de um processo eleitoral repleto de mentiras e de baixarias, onde o debate nacional foi colocado em segundo plano.
Pois bem, hoje sabemos que dos dois candidatos daquele momento, era o outro, o mineiro-carioca, que estava de fato citado nos autos do processo por ninguém menos que o tal doleiro, criado e engordado na chamada "república do Paraná". Em relação a Dilma não havia nada. Foi apenas uma jogada política de baixo nível para tentar mudar o resultado de uma eleição, sonegando informações e mentindo para as pessoas, coisas, aliás, bem típicas da mídia monopolista brasileira.
E agora como ficam as coisas em relação a crise que se estabeleceu desde o fim das eleições por causa da tal operação lava jato? Chegaram a propor o impeachment.
Bom, agora só há uma coisa a se dizer sobre essa mulher que em 2010 substituiu o presidente mais popular e mais bem avaliado da história, enfrentando por anos uma imprensa hostil, xingamentos de todos os tipos, armadilhas dentro do próprio partido e na sua base aliada: ela tem as mãos limpas!
Dilma não é boa de política. Dilma não é boa de discurso. É fato. Mas isso se arranja. Basta que se coloque na frente política nomes que sejam capazes de cumprir esse papel. E isso é cada vez mais importante. A tática da mídia tucana agora é investir no rompimento da aliança PT-PMDB para forçar ainda mais o ambiente de crise. O diálogo é fundamental e é necessário repactuar politicamente a base de governo. Em relação ao discurso, basta mudar a tática. Dilma é excelente em conversas informais, onde se sente mais à vontade e consegue, até com bom humor, expor suas ideias.
Dilma é uma boa gerente. Ela toca obras. E obras é o que não faltam nos últimos anos de seu governo: infra-estrutura viária, portuária, aeroportuária, ferroviária, hidrelétricas. Temos um potencial agrícola enorme que pode se beneficiar de tudo isso e temos, principalmente, o pré-sal. Ah, o pré-sal. É muito claro que parte da crise da Petrobrás surgiu quando Lula nacionalizou o pré-sal (vejam a histórica entrevista de Haroldo Lima ao Conversa Afiada). Toda a cadeia produtiva do petróleo é um instrumento gigantesco de desenvolvimento nacional, seja pela obrigatoriedade do conteúdo nacional (que os tucanos e a mídia são contra), seja pela legislação que obriga o investimento dos lucros em educação e saúde. Aliás, governo que governa olhando para o povo tem o que mostrar e a nova legislação criada a partir da regulamentação do pré-sal, em modelo de partilha, é um exemplo disso, privilegiando a educação e a saúde.
Não podemos esquecer que mesmo em um ambiente de extrema baixaria política, como foi a última eleição, 54 milhões votaram não de olho nesse discurso surrado e falso moralista da corrupção. Não. Votaram de olho nos caminhos que o Brasil tomou a partir de 2003, principalmente a geração de emprego e renda. É isso que está em jogo e é por isso que a nomeação de Joaquim Levy e as medidas "impopulares" adotadas no início do governo fizeram tanto estrago político. Nada foi muito bem explicado. Todos concordam que é necessário se arrumar a casa, num ambiente forte de crise internacional, mas não abandonando o discurso da campanha. O brasileiro em geral é um sujeito nacionalista, gosta do Brasil e gosta de imaginar um país mais justo. Brasileiro não é neoliberal. Onde o povo é mais consciente, tucano não se cria!
Não há outro caminho a partir de agora. É importante o diálogo político, a volta da normalidade administrativa, a continuidade das obras, a defesa do emprego, a disputa do discurso, informando bem o povo em contra-ponto a uma mídia de oposição. Que as investigações continuem, investigando a todos, sem exceção! Mas que a Petrobrás, principalmente, continue a bater recordes de produção. O Brasil não pode abandonar a trilha de desenvolvimento que encontrou há 12 anos, toda uma geração depende e espera por isso.
E a corrupção?
Bem, deixemos esse discurso para os tucanos e para os "coxinhas". Afinal, eles terão que se explicar, apesar da blindagem da mídia amiga. Eu não tenho nada a ver com a lista de furnas e nem com o HSBC, eu votei na Dilma e a minha presidente tem as mãos limpas!
obs: Dizem que a corrupção rouba 88 bilhões de reais ao ano do Brasil. Mas a evasão fiscal, a sonegação, rouba 502 bilhões. Sabemos que o trabalhador, que vive de salário, tem pouquíssima margem de manobra para sonegar. Portanto, sonegação é coisa de rico, de rentista, que são também os mais envolvidos em propinas e corrupção. Será que é por isso que a imprensa sonega tanto as informações sobre a lista do HSBC?
Ricardo Jimenez
Excelente artigo Ricardo. Pena que os boiadeiros da nossa velha e podre mídia conduz a boiada com muita eficiência. Hoje, pela manhã, em um estabelecimento comercial puxei conversa sobre o "panelaço" de ontem com funcionário jovem que me atendeu.
ResponderExcluirComeçou a falar(repetir o que ouve) da nossa Presidenta, ao que lhe respondi que ela é moralmente inatacavel e pedi que citasse um só deslize de Dilma. Ele respondeu: tem um "monte". Insisti : aponte um, apenas um. Calou-se e terminou a conversa.