Na última eleição presidencial, 54 milhões de brasileiros votaram em Dilma Roussef e outros 51 milhões escolheram Aécio Neves. Restaram cerca de 50 milhões de brasileiros que se abstiveram ou votaram branco e nulo. E se consideramos que mesmo dentro daqueles que escolheram um dos dois candidatos há uma grande porção que votou sem radicalismo, apenas votaram em uma ou outra proposta que acharam melhor no momento, perceberemos o engodo do discurso surrado do "Brasil dividido". Dividida foi a eleição, o que é bem diferente.
É plenamente possível se perceber que a imensa maioria do povo não pertence aos extremos que se xingam diariamente na internet e nem aos grupos golpistas que, patrocinados, realizam passeatas em prol do golpe militar.
Essa enorme massa da população, a maioria absoluta, está verdadeiramente indignada com a corrupção e, certamente, frustrada com um processo político que se arrasta lentamente sem grandes melhorias para as pessoas e para o país. Essa enorme massa da população ainda é capaz de argumentar e raciocinar, capazes de observar e compreender que mesmo no complexo sistema político existe a possibilidade de julgar e escolher caminhos, projetos. De uma forma ou de outra isso vem sendo realizado nas últimas 6 eleições e, nas últimas 4, o lado que age mais em prol de um Estado forte na assistência social e no emprego tem vencido, para desespero dos golpistas.
O engajamento partidário e as rusgas de extremistas passam longe da realidade da imensa maioria da população. Mas há duas coisas que estão presentes na vida de qualquer cidadão: o sentimento nacional e o acesso à informação.
O brasileiro tem um profundo sentimento de nacionalidade e gosta de imaginar e sonhar com um país crescendo com justiça social. Por isso sempre que o nacionalismo precisou, o povo se disse presente, como no caso da Petrobrás. Já no caso do acesso à informação a coisa é um desastre. No comando da mídia, após os anos de chumbo da ditadura, estão os grupos que mais odeiam a ideia de um Brasil soberano e de um povo altivo. Conspiraram e conspiram todo o tempo contra qualquer projeto de país que seja nacionalista e inclusivo socialmente. Esse poder midiático consegue fazer a luta ficar desigual e brinca com o sentimento de nacionalidade do povo brasileiro. Os grupos de mídia participam e financiam o sistema político corrupto, mas na hora da crise acabam protegendo seus amigos e "denunciando" seus inimigos. São grupos de mídia associados atualmente à oposição, ao PSDB e anti-petistas. Jamais foram anti-corrupção. São corruptos e sonegadores.
Em 64, apesar de as pesquisas da época apontarem que a maioria da população apoiava Jango, a mídia conseguiu através do falso discurso anti-corrupção, e associada à oposição da época, derrubar um governo eleito e implantar uma ditadura. A mídia é sempre sócia da hipocrisia!
Hoje a mídia faz força para agudizar uma crise que envolve a Presidente Dilma. Faz força para fazer parecer que vivemos em uma "sociedade dividida" e apóia grupos extremistas, xenófobos, que pregam o ódio e um novo golpe militar e que dividem o palanque com políticos do PSDB, principalmente o paulista. É muita hipocrisia querer nos fazer acreditar que o ato do dia 15 é anti-corrupção. Anti-corrupção com Aécio e o PSDB no palanque?
O que querem é dar um golpe em uma Presidente eleita democraticamente e sobre a qual não pesa nenhuma denúncia! É o golpismo patrocinado.
Tivemos avanços importantíssimos do ponto de vista social e econômico nos últimos 12 anos, mas tudo isso está em risco por causa de uma inação e erros por parte de quem está no governo atual e por causa de uma mídia que massacra dia e noite a cabeça do trabalhador, mentindo, omitindo, enganando.
O enfrentamento dessa crise "sulista" e midiática só será vitorioso com a verdade, com o destemor e com o acerto político. É preciso ter em mente que se venceu a eleição passada com um discurso e trair esse discurso é pedir para perder a batalha política. Se a Presidente tem as mãos limpas, como de fato as tem, que se crie em torno dela as condições necessárias à governabilidade e que se enfrente a batalha da informação com entusiasmo e denunciando a hipocrisia e o golpismo patrocinado.
Afinal, é a vida do trabalhador e o futuro do país que estão em jogo!
Ricardo Jimenez
Ricardo, seria exagero acrescentar à frase final de seu excelente artigo, que o futuro da América do Sul também está em jogo?
ResponderExcluirNão é exagero nenhum. Todo esse movimento é concatenado. Toda a América do Sul está na mira, onde houver um projeto nacionalista em andamento. Grande abraço.
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