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sexta-feira, 29 de maio de 2015

O Povo não é bobo: ao primeiro sinal de melhora, o jogo vira.


O jogo ainda está complicado. Primeiro porque o governo Dilma ainda lida com um enorme desgaste, menos pela overdose de vazamentos seletivos da tal lava jato (cada vez mais desgastada) e mais pela própria conduta desastrosa do governo na condução da política e da comunicação desde a eleição de Dilma. 

(Tivesse a Presidente dialogado mais claramente sobre a necessidade de um ajuste, que não precisava ser o "do Levy", e a situação poderia ser menos ruim. Mas isso são águas passadas).

Mas a tentativa de golpe deu com os burros n'água e no primeiro sinal de melhora o jogo vai virar.

Explico.

O PSDB é o opositor mais caricato de todos. Está fora do jogo já faz 12 anos. Engolido por Lula e por sua absoluta falta de projeto. Há na mente do povo, com exceção ainda de São Paulo, a certeza de que o PSDB não é solução para nada. Pelo contrário. O povo sabe que o PSDB é o partido do desemprego. Depois que a tucanada resolveu se aliar a grupos extremistas, então, a pantomima se consolidou de vez. Nem a casa grande acredita em tucano.

O adversário mais perigoso sempre foi o império de mídia carioca criado na ditadura e fortalecido no governo Sarney, sob as carícias do ministro ACM. Um adversário que quase conseguiu derrubar o governo. 

Derrotado no circo do "mensalão", esse império de mídia reorganizou suas forças a partir do encampamento das "passeatas de junho" e do movimento anti-Copa (que usava para minar o governo Dilma enquanto enchia as burras com os direitos de transmissão). Fortalecido, o império de mídia carioca encontrou os meios de se utilizar de um novo escândalo, o "petrolão", e de um novo "herói" justiceiro para colocar no lugar de Joaquim Barbosa e, mesmo não evitando a reeleição de Dilma, conseguiu colocar no comando da Câmara dos Deputados um fisiocrata de quatro costados para tocar uma agenda anti-povo e pró-capital de desgaste do governo eleito.

(Dilma e o PT só conseguiram vencer esse esquema e a eleição a partir de um discurso que tocou o sentimento profundo do povo trabalhador: o emprego e a justiça social. Mas os tropeços cometidos e o "ajuste Levy" fizeram a crise se estender para além da eleição).

Acontece que o presidente da Câmara está se desgastando rápido, no meio político/jurídico e na opinião pública, e seus pés de barro logo vão derreter. E, pasmem, o escândalo FIFA, que está só no começo, pode atingir direto o império de mídia.

(Com correção e inteligência, Dilma disparou lá do México: "que se investigue tudo e todos!").

O povo não é bobo. Engana-se quem pensa o contrário. Por quatro eleições seguidas o povo escolheu um caminho bem claro: o emprego e o anti-tucanismo. De todo o conjunto que se opõe ao governo Dilma (e que se associaram no golpe), não há um com moral suficiente para levantar sequer um dedo acusatório sem ter três o acusando. E cada vez mais (graças à internet) o povo tem acesso a isso e toma as suas decisões. Os temas da terceirização, as tramoias de Cunha na reforma política, a sonegação explosiva dos coxinhas batedores de panela e a provável bomba-relógio do escândalo FIFA/CBF podem gerar faturas para a conta dos golpistas.

Diante disso, afirmo: basta uma pequena mudança de vento na economia e o jogo muda. A oposição sabe disso e por isso também ataca, cada vez mais, Lula.

Essa mudança de vento ainda não está no horizonte. A mídia vai surfar na onda da queda de 0,2% do PIB brasileiro no primeiro trimestre, mas não vai falar uma palavra sobre a queda de 0,7% nos EUA e 0,3% na Europa no mesmo período. Isso significa que a economia mundial ainda não saiu do buraco e o "ajuste Levy" vai mostrar suas garras nos próximos 8 meses.

Mas toda crise tem um fim e essa também terá.

Acredito que a Presidente conta com isso e que prepara, apesar de tudo, a continuidade das obras de infraestrutura para quando isso chegar.

Ainda restam 3 anos e meio de governo e na hora da onça beber água, na mudança de ventos, quem terá tudo para chegar na frente, mais uma vez, será o PT, será Lula.

Ricardo Jimenez




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