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terça-feira, 30 de junho de 2015

Dilma, osso duro de roer, tem que enfrentar o Cunha e reconstruir a base!

"Não respeito delator" foi a melhor frase de Dilma nos últimos tempos. Não é possível afirmar nada com absoluta certeza, mas acredito que os ventos do golpe estão diminuindo rapidamente e a frase da Presidente pode demonstrar isso.

Basta de mentiras, basta de ficar calada diante dos desmandos de uma investigação parcial que faz tabelinha com a principal rede de televisão do país. Aliás, é momento também de dar um basta na boçalidade dos neo-reacionários do 15 de março. Chega. A reação do ex-ministro Mantega de se levantar e enfrentar um boçal de cabeça erguida deve dar o tom agora.

Nesses primeiros 6 meses de governo, Dilma já enfrentou tudo o que de pior poderia ter enfrentado. Do "ajuste Levy" às delações seletivamente premiadas do Jornal Nacional. A viagem aos EUA deve marcar politicamente a mudança de tom. É hora de começar o período das boas notícias e, fundamentalmente, é hora de se mexer de verdade na política.

Para além do debate econômico, cuja crise é infinitamente maior na mídia do que na realidade, Dilma precisa se concentrar na política. As perdas econômicas já aconteceram e agora é buscar a recuperação, não só dos números, mas do discurso. Mas é na política que está o caminho das pedras.

Todo mundo fica espantado com o poder repentino e avassalador do presidente da Câmara. Claro que o cargo dá ao ocupante um poder natural, mas o caso de Cunha é sui generis. Tudo passa pelo enfraquecimento do governo e da falta de organização política. Cunha não é um líder, é apenas um preposto fisiológico colocado pelo sistema golpista em uma posição de comando e com a clássica cara de pau dos paus mandados.

Cunha (e a bancada da bala e os evangélicos de business) encontrou um vácuo político e guarida no seio da aliança mídia-tucanato. Daí o seu desembaraço em afrontar os avanços nos direitos civis, se aliando aos malafaias da vida, e o seu desrespeito pelos 54 milhões de eleitores de Dilma. Cunha lidera a agenda entreguista do PSDB em relação ao pré-sal e a agenda golpista anti-Lula com a consolidação das doações empresariais (enquanto segue firme a criminalização midiática das doações ao PT) e a recente "agenda" do parlamentarismo.

Em uma entrevista para a revista Carta Capital, o excelente Aldo Rebelo dá a linha basilar da movimentação política de agora em diante: "reconstruir a base de apoio". Aldo é um bom pensador político, um democrata e um conciliador. Foi com Aldo que a crise de 2005 se amainou quando foi Ministro da Articulação Política e Presidente da Câmara. Aldo sabe o que fala quando , calmamente, diz: "esse Congresso não é tão conservador assim".

E ele tem razão. O Congresso é mais do que tudo fisiológico e não ideológico. E para o fisiologismo o que manda é o poder da caneta. O que deve ser medido de agora em diante é qual caneta tem mais peso, a de Dilma/Temer ou a de Cunha. 

É o momento de reconstruir a base. É preciso planejar a liberação das verbas parlamentares, chamar os deputados para o diálogo, oferecer propostas políticas regionais, realizar mudanças nos Ministérios. Cunha é somente o burro falante dos golpistas, não é líder de nada e é na política e com política que ele deve ser isolado e superado.

Seis meses de anomia política é o limite. 

Dilma, não respeite nem delatores e nem cunhas, faça o jogo político, governe, pois de seu governo depende um projeto de país!

Ricardo Jimenez


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