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sábado, 31 de outubro de 2015

O Calçadão acompanhou o Encontro de Negros e Negras de Ribeirão Preto!


Na manhã de sábado, 31 de outubro, no auditório do Centro Cultural Palace, ocorreu o Encontro de Negros e Negras de Ribeirão Preto, chamado pelo Coletivo Abayomi.


O blog O Calçadão esteve presente e acompanhou o encontro que, além do Coletivo Abayomi, representado por Roberto de Barros e outros membros, contou também com a participação da Ong Casa da Mulher, representada por Sílvia Diogo, da UBM (União Brasileira de Mulheres), representada por Marisa Honório (da Coordenação de Combate ao racismo), do Coletivo Negro da USP, representado por Seimour Souza, do Grupo Cultural Sarau Preto, representado por Daniel Ramos e Marcelo Domingos, além de representantes do Conselho Municipal da Cultura e de outros coletivos.



O debate foi bastante rico e tocou em temas fundamentais tanto sobre a necessidade de conscientização da população negra sobre sua condição social e histórica, quanto sobre possibilidade de se construir uma rede de comunicação via redes sociais e mídias alternativas para aproximar as pessoas dos debates e da sua produção cultural.

"O sistema existente é racista e acaba reproduzindo o racismo, seja na mídia ou mesmo nos locais frequentados no dia a dia, o que dificulta a formação da identidade negra e por isso a importância de valorizar os movimentos e coletivos negros", disse um dos participantes.

Outra questão debatida foi a violência enfrentada principalmente pelo jovem negro na periferia. Uma violência praticada por agentes do Estado e acaba produzindo um ambiente de medo e indignação.

"Não dá para relativizar o racismo no tempo. O navio negreiro, a chibata, a senzala e mesmo a exclusão cruel do povo negro não podem ser relativizados e devem ser denunciados e combatidos sempre", disse outra jovem participante.

O próximo mês de novembro é o mês da Consciência Negra (20 de Novembro é Dia da Consciência Negra, dia de Zumbi dos Palmares) e uma das críticas feitas foi com relação à atuação da Secretaria da Cultura que, além de não democratizar os investimentos, buscando lançar editais onde os coletivos negros possam se inserir, também não contribuirá com verba suficiente para que se possa realizar grandes e variados eventos no mês de novembro. Segundo os participantes, somente 8 mil reais estão previstos.

Outro ponto bastante debatido foi a questão das cotas, uma fundamental e necessária política pública afirmativa e que tem se mostrado eficaz em colocar a população negra nos bancos das universidades e possibilitando uma ampliação da participação da população negra em cargos públicos. A poítica de cotas visa a uma reparação histórica e também a construção de um futuro onde a população negra possa estar ativamente inserida em todos os segmentos da sociedade.

"Historicamente e socialmente não há igualdade entre as pessoas e a população negra foi segregada por uma sociedade elitista e racista", e mais, "a política de cotas tem a profundidade bem maior do que apenas colocar os negros nos bancos da universidades, ela tem a profundidade histórica de inserir o negro na luta pelas estruturas de poder e por isso é tão violentamente combatida pelo sistema vigente", disse mais um dos debatedores.

A questão das cotas ganhou uma importância maior no encontro devido ao acontecimento recente envolvendo o Coletivo Negro da USP, cujo vídeo envolvendo a aluna Poliana ganhou repercussão na internet. A luta é para que a USP e as outras duas universidades paulistas instituam política de cotas.

O Coletivo Negro da USP tem enfrentado uma dura batalha contra o racismo. Pichações racistas em paredes de universidades têm se tornado comum a partir do momento que a política de cotas vai sendo introduzida. É dever da direção dessas instituições tomar providências que garantam a segurança, a dignidade e a participação livre dos alunos negros em todas as suas instâncias.

O encontro terminou com a decisão de torná-lo mensal e com a necessidade de ampliar ainda mais o número de participantes.

O blog O Calçadão se coloca na defesa dos coletivos negros e considera uma obrigação do Estado e da sociedade não só debater mas aprofundar as políticas públicas que deem possibilidade à população negra de ganhar cada vez mais voz e participação na sociedade. Cotas na USP, já!

Terminamos com uma frase dita pelo Juiz Federal Willian Douglas em audiência pública no Senado, onde defendeu as cotas: "lutamos por um país onde nós possamos ver entre os médicos de um hospital, os advogados de um fórum, os gerentes de bancos, em qualquer lugar, representadas todas as cores do Brasil, as cores que vemos quando olhamos um ponto de ônibus".


Equipe O Calçadão

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