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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
Dólar, inflação, balança comercial, patinhos da FIESP e a hipocrisia!
O Brasil em disputa é uma realidade já há muito tempo colocada. À esta disputa se associam os diversos setores da sociedade e o futuro do Brasil é o alvo em jogo.
A imprensa tradicional, dominada por meia dúzia de magnatas e associada a inúmeros interesses políticos através das concessões públicas e das verbas de propaganda, tem as suas pautas e busca influenciar a sociedade. Os movimentos sociais e partidos de esquerda e progressistas buscam resistir e criar seus canais de comunicação.
Certamente que para o leitor os dois parágrafos acima não são novidade e, certamente, o leitor também já sabe que os assuntos do título do artigo em tudo se encaixam na realidade descrita acima. Um debate repleto de distorções e de tentativa de manipulação do povo.
Hoje a mídia faz a festa com o índice de inflação na casa dos 10% ao ano e destaca em letras garrafais: 'maior inflação desde 2002'. Enquanto isso, o 'empresário' da FIESP, cumprindo seu papel de sócio da Casa Grande, busca aparecer ao lado dos seus patinhos propagando a luta 'contra o aumento de impostos'.
Primeiro a questão da inflação. Tanto em 2002 (cujo índice foi de 12%) quanto agora, a inflação não é de demanda, ou seja, não é pressionada pela expansão econômica. Nas duas ocasiões o país estava em recessão. O dólar era em 2002 e é agora o grande vilão inflacionário. Só que em 2002 o dólar disparou e chegou a 4 reais por causa de deterioração das condições internas do país (reservas cambiais insignificantes de 17 bilhões de dólares, crise energética severa, déficit fiscal de 6,5% e juros de 25%), já em 2015 sua disparada se dá por causa de um acirramento da crise internacional ( só de reservas cambiais o Brasil acumula hoje um colchão de segurança 370 bilhões de dólares).
Outra diferença importante, essa de 'filosofia', é o motivo que liga diretamente o valor do dólar com a pressão inflacionária. Esse motivo é a intensa internacionalização das nossas cadeias produtivas industriais e rurais. O aumento do dólar encarece toda a economia. Mas a questão 'filosófica' está exatamente aí. A Casa Grande, cuja mídia tradicional e a FIESP são associados, gosta dessa realidade porque ela lhe traz dividendos através dos juros da ciranda financeira. Por isso a Casa Grande pressiona tanto os governos a se esforçarem para manter uma irrealidade cambial (real sobrevalorizado) que os beneficia em detrimento da economia nacional.
Muitos economistas sérios defendem, por que sabem, a queda dos juros e a desvalorização cambial. Juros baixos e câmbio adequado significam industrialização, exportação, produtividade e empregos. Mas são prejudiciais aos interesses dos magnatas que vivem da ciranda financeira.
O leitor vai lembrar que Dilma buscou em 2011 e 2012 baixar os juros e ofertar crédito para o setor produtivo, não é verdade? Pois bem, os juros chegaram na casa de 8% e o crédito barateou. São medidas industrializantes! Sabe quem foi contra? A mídia tradicional e o empresariado paulista! E por que? Porque com a situação atual do capitalismo financeiro, o empresariado paulista ganha mais dinheiro na ciranda financeira do que na produção real, essa é a verdade!
Lógico que a mídia tradicional vai tentar faturar em cima da inflação de 10% propagandeando o fim do mundo e jogando a responsabilidade nas costas da Dilma. Mas o fato é que o câmbio desvalorizado causa inflação no curto prazo (principalmente para uma economia desnacionalizada como a nossa), mas é importante para o fortalecimento da industrialização no médio e longo prazo. A balança comercial positiva na casa dos 20 bilhões de dólares em 2015 mostra que o aumento das exportações, caso o governo tenha intenção de seguir um caminho nacionalista, pode trazer impactos bastante positivos para as cadeias produtivas nacionais. Mas também é fato que a Casa Grande vai bater pesado em tudo isso, como já está fazendo. Essa é a disputa.
Outro assunto repleto de hipocrisia e enganação é o debate tributário nacional. Está aí o garoto propaganda da FIESP que não me deixa mentir. Busca bombardear o que chama de 'aumento de impostos' mas esconde a informação de que no Brasil, desde 1995 (paraíso fiscal criado por FHC), empresário não paga imposto de renda sobre seus lucros e dividendos, que nos últimos 8 anos não houve aumento real de imposto, pelo contrário, houveram desonerações anuais na casa de 80 bi para proteger setores industriais e de comércio e que boa parte dos governos estaduais, como o de São Paulo, aumentam em até 100% o ICMS sem que o povo fique sabendo.
Na verdade, a Casa Grande, e o empresariado paulista, quer detonar três propostas que consideram prejudiciais: a CPMF (que cobra mais de quem tem mais e acaba com a possibilidade de caixa dois e sonegação fiscal), o aumento escalonado do Imposto de Renda de Pessoa Física ( na europa de 40%) e o imposto sobre grandes fortunas. Para isso, fazem na mídia um tremendo escarcéu oportunista e enganador, querendo transformar o povo brasileiro em pato.
Ricardo Jimenez
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