Aécio Neves é um anão moral e político, mas as forças que estão por trás de sua figura não são amadoras e nem despreparadas.
O movimento golpista que paralisa o país mesmo diante da mais grave crise mundial dos últimos 80 anos não é um fim em si mesmo. Até porque a sua agenda se iniciou antes mesmo da eleição de 2014. Seu projeto maior é realinhar o Brasil ao ditames do capital.
As três vitórias eleitorais do PT já eram estrago bastante para a turma do andar de cima, cujo PSDB é apenas a correia de transmissão. A vitória, inesperada para eles, do PT em 2014 foi apenas a gota d'água.
A partir das vacilações do governo Dilma (e da inexplicável apatia da bancada petista no Congresso) e da enorme energia gasta por Lula para se defender da tacanha campanha de cerco e aniquilamento desferida pela mídia sobre seu nome e seu legado, as conquistas sociais dos últimos anos tem dependido única e exclusivamente da força do movimento popular.
A Frente Brasil Popular, com participação do PT, PCdoB e centrais sindicais, tem buscado se organizar e ganhar capilaridade nos Estados e municípios, mas em ritmo mais lento que o necessário diante da avalanche de ameaças impostas pela agenda da direita.
O impeachment não saiu muito pela força da Frente Brasil Popular, mas a direita está vencendo a guerra.
A campanha fajuta e hipócrita 'anti-corrupção' conduzida pela mídia e seus apaniguados (o PSDB e a 'República de Curitiba') tem ganho terreno na tarefa de criminalizar o PT e proteger o PSDB. Eduardo Cunha e sua bancada particular eleita com doações empresariais indecentes resistem às denúncias de corrupção e ao pedido de afastamento feito pelo Procurador-Geral.
O PSDB, cumprindo uma agenda internacional da qual nunca se dissociou, se aproveita para recolocar no país uma agenda neoliberal rejeitada nas urnas quatro vezes seguidas.
É o melhor dos mundos para a turma do 1% e dos fisiológicos de sempre!
O neoliberalismo retorna cacifado pelo atual Congresso, o PMDB e companhia continuam com a política do toma lá da cá enquanto parte da sociedade se sente ilusoriamente livre da corrupção com a queda do PT e a mídia novamente estará com o caixa do Estado à sua disposição para dar sobrevida ao seu modelo empresarial falido.
Não é só o PT que está isolado nesta encruzilhada decisiva do país. Toda uma construção de 13 anos de ampliação de direitos e inclusão social jazem refém da ameaça.
O PSDB quer abrir o pré-sal com José Serra e liquidar o restante do patrimônio público com o projeto de lei de Tasso Jereissati. A bancada do boi quer liquidar a política de demarcação de terras indígenas. O empresariado paulista quer terceirizar tudo, até a educação pública. E a bancada do Cunha quer garantir ad infinitum a grana empresrial que a sustenta.
O momento é complicado, o governo Dilma ameaça recuar no pré-sal e elege mais uma vez uma reforma da previdência como algo prioritário, num claro sinal de amizade ao 'mercado'. A chamada 'agenda Renan' prospera de braços dados com o tucanato.
Nenhuma menção à necessidade de uma justa reforma tributária que incida sobre os ganhos de renda e capital dos magnatas!
A unidade do movimento popular e das esquerdas muitas vezes não é tão veloz quanto o avanço vertical da direita, porque a unidade da esquerda tradicionalmente esbarra em obstáculos internos. Mas nunca foi tão necessária quanto agora. Lula, Ciro e Requião precisam buscar retomar o diálogo nacional e unir partidos e movimentos populares.
A disputa contra o neoliberalismo transcende as fronteiras e exige o diálogo à esquerda.
Espero que as bênçãos de Francisco cheguem até o Brasil. Oxalá!
Ricardo Jimenez
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