Existem várias formas de administrar uma cidade. Elas podem classificadas, [e existem várias formas de classificar], em técnicas ou participativas
.
Uma administração técnica pressupõe um projeto político
elaborado por um grupo e que tem como lema o fazer pelos outros. Com isso quero
dizer que essa forma de administração é cômoda para o gestor, pois parte do
princípio que ele é o “salvador da lavoura” e que possui todo o saber
necessário para a eliminação das dificuldades orgânicas existentes no
município. Ela, para que tenha efeito, tem que prescindir da participação de
agentes sociais, pois eles são passivos no processo de elaboração de políticas
públicas. A gestão técnica também possui uma característica um tanto
maquiavélica, pois, enquanto elaboração de um grupo, ela é a expressão de
dominação intelectual, cultural e econômica desse grupo social.
Um projeto político que pressupões uma gestão desse tipo é
aquele que “pinga” ações de melhoria nas periferias como forma de manter-se
lembrada para as futuras eleições. Na maioria do tempo as comunidades mais
carentes são esquecidas. O que pesa em uma gestão técnica é o custo benefícios
político das ações. Se uma ação tem um impacto favorável ela será realizada, se
tem um custo desfavorável ela será engavetada.
A outra forma é a gestão participativa. Nessa forma de gerir
a cidade as prerrogativas são outras. Essa forma de administração parte da constatação
local da necessidade das comunidades e da intervenção direta dessas localidades
na construção de políticas públicas. Isso significa, na prática, que o gestor
público deve executar ações que são sentidas como necessidades e não como custo
benefício políticos. Assim, se uma comunidade percebe que ela o melhor a fazer
é a construção de creche e não de uma quadra poliesportiva, por exemplo, o
orçamento municipal deve prever essa reivindicação popular. Mas esse tipo de
administração vai além das ações de infraestrutura. Ela altera a lógica da
própria forma de administração pública, que passa da dominação hegemônica de um
grupo de poder, que se mantém pelo poder econômico, para a formação cidadã de
partícipes sociais de elaboração e efetivação de políticas públicas de
afirmação para as comunidades excluídas das metas tradicionais de gestão
pública.
É interessante notar que esse tipo de administração
municipal dilui o poder dominante e o espraia nas camadas mais populares da
sociedade o que fortalece nossa democracia. E isso é bom!
É bom porque ao exigir a participação efetiva dos moradores
das comunidades, quer eles sejam da
zona norte ou da zona sul, se estabelece um
processo de formação de consciência cidadã. Não há espaço para um “salvador da
lavoura”. Só há um espaço público de participação que pode ser ocupado por
qualquer sujeito pleno de direito. Outro ponto forte é de fiscalização direta
da aplicação e destinação de recursos. Quanto mais participação popular houver
dentro das gestões públicas, menor é a possibilidade de ocorrerem os desvios de
condutas, roubos e outros desvios que sempre atingem os mais desvalidos da
sociedade. Também impede a manipulação midiática e as ações publicitárias de
criação de um “judas” político como causa de todos os males sociais e morais e
uma administração.
Enfim, acredito que Ribeirão Preto necessita de uma administração
de tipo participativa, para corrigir as distorções sociais existentes em nossa
cidade. A corrida ao palácio Rio Branco já está em andamento. Em breve os
partidos irão lançar ao público seus projetos políticos. Caberá a cada um estuda-los
e lançar mão do que acredita ser melhor para nossa cidade.
O blog “O Calçadão” vai sempre apostar e
defender uma gestão participativa, uma gestão que inclua os movimentos sociais,
as entidades de classe, as associações de bairros, as minorias. Porque nossa
cidade tem que ser para todos e todas e não para um grupo ou uma coligação.
Para aprofundar, recomento um vídeo, dividido em três partes, para que a gente aprofunde nossas discussões sobre o tema.
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