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sexta-feira, 18 de março de 2016

Bloqueio da Paulista mostra a face do golpismo. Pergunto: quem financia as manifestações?


No dia 13 de março último a mídia repercutiu mais uma de suas armadilhas morais perversas: dizia que os manifestantes da Frente Brasil Popular ameaçavam ir às ruas fazer o enfrentamento com os manifestantes pró-impeachment. "São radicais", bradavam.

Assim como em outras vezes, as manifestações coxinhas ocorreram livremente, sem que o outro lado desse as caras. Mais uma vez puderam tirar selfies com PM e até receber continência de um pequeno destacamento policial. Que alegria!

Mas aí vem o dia 18 e os Revoltados Online et caterva, com uns 50 ou 60 sujeitos vestidos com a tradicional camisa da CBF, tentam criar um clima de confrontação na Paulista. Por 24 horas esses 50 ou 60 'manifestantes', devidamente auxiliados pela mídia amiga e tolerados pelo aparato policial alckmista, tentaram com a sua atitude chamar para a Paulista o restante dos coxinhas e assim tumultuar ainda mais uma realidade já complicada.

Não conseguiram, mas a atitude mostra a face do golpismo e abre novamente a pergunta: quem financia esses movimentos pró-impeachment?

Essa é uma pergunta que vários amigos ou conhecidos próximos que foram nas tais manifestações, até com sinceridade de sentimento, achando que realmente estão em um movimento anti-corrupção, não conseguem responder.

Um trio elétrico, por exemplo. Alugar um por um dia sai em média a 3 mil reais. Vamos pegar um desses grupos pró-impeachment da internet. Foram, no mínimo, 27 trios elétricos para cada movimento, considerando apenas as capitais, num custo total de 81 mil reais por movimento só com caminhão de som. Se considerarmos mais umas 100 cidades de médio porte onde também teve essa estrutura, eu pergunto: de onde vem esse dinheiro?

Os coxinhas que tentaram travar a Paulista e provocar um confronto se abrigaram em frente a FIESP. A Federação comandada pelo ex-candidato a governador Paulo Skaf é a mesma que criou um pato 'símbolo da luta contra impostos'. Eis uma dica.

Skaf, além de apoiar pessoalmente o movimento golpista, levanta essa bandeira do imposto há tempos. O que ele esconde, por motivos óbvios, é que foi a FIESP que detonou a política de juros baixos de Dilma em 2012, sabem por que? Porque hoje o 'industrial' paulista do tipo do Skaf, que não tem indústria, vive da especulação financeira e não dos rendimentos da produção de sua 'indústria' de ficção.

Os juros baixos são um fundamental instrumento do barateamento do crédito, que impulsiona os investimentos, a produção, o ganho do industrial e gera empregos. Isso ocorreu em algumas regiões do país, como a Nordeste, mas não em São Paulo. Por aqui, 'industrial' como o Skaf ganha dinheiro é na ciranda financeira e não na produção.

Não à toa, Skaf não dá uma palavra sobre os 500 bilhões anuais desviados dos cofres públicos pela sonegação fiscal. Pelo contrário, tira foto todo sorridente ao lado de Eduardo Cunha, dono de 9 contas na Suíça,sem maiores problemas, em nome do combate à corrupção.

E tem mais. Para 'industriais' como Skaf, a agenda do golpe é por demais interessante, pois uma das leis a serem aprovadas com a derrubada do PT é a terceirização geral e irrestrita da força de trabalho, enterrando de vez a CLT. Além de retomar com força o processo de financiamento empresarial de campanhas eleitorais, verdadeiro foco de corrupção no país.

É sintomático quando uma manifestação coxinha escolhe se abrigar na FIESP enquanto o trabalhador comum segue sua rotina na periferia, pegando ônibus lotado e fazendo as contas para chegar ao fim do mês. Foi assim em 1964. Tão transparente quanto água.

Ricardo Jimenez

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