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segunda-feira, 7 de março de 2016

Do Otoniel Mota para a Medicina-USP Ribeirão. Conheça Larissa Silva Coimbra!

Nascida e criada em Ribeirão Preto, filha de pais trabalhadores, Larissa sempre estudou em escola pública acalentando um sonho, ser médica. Foram horas e mais horas de estudos aproveitando cada oportunidade de encontrar caminhos de estudos gratuitos que dessem a ela a bagagem necessária para conquistar seu sonho. No final deste ano, a conquista: Federal do Triângulo Mineiro, Federal do Rio de Janeiro, 100% de bolsa na PUC-SP e o maior sonho USP-RP, a possibilidade de estudar sem necessitar sair de sua cidade e da convivência com aqueles que ela mais ama.

Larissa é um exemplo de sucesso, mas um exemplo verdadeiro de sucesso, aquele que sabe dos seus méritos ao mesmo tempo que reconhece que sua conquista não foi individual, mas coletiva. Essa é a verdadeira meritocracia, aquela que reconhece, serve e valoriza tudo o que está em sua volta.

Conheça um pouco mais dessa garota ribeirão-pretana e nossa futura médica.

O Calçadão - Conte-nos um pouco sobre a sua história de vida. De onde veio o sonho de ser médica?

LarissaMeu nome é Larissa Silva Coimbra, tenho 17 anos, nasci e sempre morei aqui em Ribeirão Preto. Estudei em escola pública a minha vida toda. Meus pais são do interior de Minas Gerais, onde não tiveram a oportunidade de estudar, pois sempre tiveram que trabalhar desde criança para ajudarem em casa. Mesmo sendo de origem bem humilde, eles sempre me incentivaram muito a estudar, com a esperança que eu tivesse um futuro melhor que o deles. Meu desejo de ser médica surgiu quando eu tinha por volta de 11 anos, quando tive alguns problemas de saúde na família e passei a frequentar mais o hospital. Ali, via em cada melhora, em cada cura, uma alegria e sentia que queria fazer parte daquilo. Eu sabia, entretanto, que não seria nada fácil ingressar em um curso tão concorrido.




O Calçadão - Todos nós sabemos as dificuldades que a escola pública atravessa hoje. Como era a sua rotina de estudos? Como superou essa defasagem da escola pública em relação às particulares para enfrentar algo tão concorrido quanto o vestibular para Medicina?

LarissaEntão, sempre me dediquei ao máximo aos estudos. A minha rotina de estudos era a seguinte: eu assistia às aulas pela manhã na escola E.E. Otoniel Mota e de lá, no período da tarde, ia direto para a biblioteca da USP, onde estudava até às 18:00. Depois disso, ainda ia para o Cursinho Popular PET-Medicina, um cursinho popular gratuito gerido pelos estudantes de Medicina da USP. Quase todos os dias eu chegava em casa por volta de meia noite. Aos finais de semana, estudava mais ainda, como se fosse um dia útil. Às vezes eu tinha simulados no cursinho aos sábados e domingos.

A escola pública foi de fato muito importante para a minha formação. Aprendi lá muitas coisas para a vida toda. Foi uma escola de vida. Entretanto, havia muitos problemas, que iam desde problemas estruturais até a falta de professores. Inúmeras vezes não pude frequentar a biblioteca da escola para estudar, porque não havia funcionários. Em uma escola particular isso nunca aconteceria. Lá, nas particulares, eles, os alunos, têm, indubitavelmente, mais preparo para prestar o vestibular.

Eu tinha expectativas de ser aprovada ainda esse ano. Entretanto, não imaginava ser aprovada em uma Federal. Quando vi a minha nota do Enem e descobri que daria para Medicina, foi uma surpresa. Depois vieram as outras aprovações e foi muita alegria.


O Calçadão - Como você enxerga o ENEM? Ele é um instrumento importante para aproximar o aluno de escola pública da Universidade?

Larissa - As Universidades Federais, através do Enem, destinam 50% de suas vagas a estudantes de escola pública. O Enem é o maior vestibular do país. Muitos alunos que prestam o Enem, vindos de escola pública, não conhecem outros exames vestibulares, como a Fuvest, a Comvest e a Vunesp, devido à falta de acessibilidade. O Enem é, portanto, uma oportunidade para o estudante de escola pública ingressar numa universidade de qualidade. As universidades públicas têm se preocupado cada vez mais com a inclusão de alunos oriundos de escola públicas, mas que ainda são minoria, principalmente nos cursos mais concorridos. 

O Calçadão - E como você enxerga o sistema de cotas?

Larissa - Vejo o sistema de cotas como uma medida de reparação, seja educacional, seja social, seja histórica, no caso das cotas raciais. Algumas universidades, como a Unicamp, não adotam o sistema de cotas, mas têm programas de bonificação. Esse ano, 88,2% dos alunos de Medicina da Unicamp vieram de escola pública: um grande avanço. A universidade pública deve ser ocupada também por estudantes de escola pública. Recentemente, a USP decidiu optar por destinar algumas vagas para alunos de escola pública através do Enem. Apesar de contar com um sistema de bônus na Fuvest, seu principal vestibular, a USP ainda tem problemas com a atração de alunos de escola pública. É preciso mudar isso. O vestibular ainda é muito injusto. Casos como o meu, infelizmente, ainda são a exceção, não a regra.

O Calçadão - Em quais vestibulares você foi aprovada?

Larissa - Fui aprovada em Medicina, através do ENEM, na Universidade Federal do Triângulo Mineiro e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ainda ganhei uma bolsa 100%, pelo Prouni, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). E agora acabei de ser aprovada na FUVEST na Medicina USP-Ribeirão Preto.

 O Calçadão - E agora com este seu sonho realizado, quais são seus sonhos futuros?

Larissa - Confesso que ainda não pensei muito sobre isso (risos). Mas, como médica, no futuro, meu objetivo será ajudar da melhor maneira aqueles que vierem até a mim. Procurando lidar, em primeiro plano, com as pessoas e não somente com doenças.

5 comentários:

  1. Menina iluminada, parabéns à Larissa e ao Calçadão pela emocionante matéria.

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    1. Belíssima matéria. Mais médicos, menos diagnosticadores.

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  2. Parabéns, senhorita! Você é sensacional e vai fazer da medicina uma missão.

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  3. Parabéns Larissa, pela determinação e conquista!

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  4. Parabéns, merecida vaga!

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