São Paulo, nos mais de 20 anos de comando tucano, deixou de ser a 'locomotiva' para ser o 'freio' do Brasil.
Todo o avanço industrial conquistado após a crise do café, a partir de 1929, e do acordo pós guerra de 1932, quando São Paulo abriu mão de comandar o país para se tornar o maior centro econômico da América do Sul, detendo mais de 60% da indústria nacional, foi sendo paulatinamente perdido na era tucana, a partir de 1994.
Foi na junção de comando do Estado de São Paulo e do Brasil, na gestão FHC, que o modelo neoliberal implantado promoveu o maior processo de desnacionalização da economia nacional do período republicano.
A renda se concentrou, o desempregou explodiu, não havia políticas desenvolvimentistas (o BNDES servia à política privatista) e nem aumento de vagas na educação superior (congelamento ds universidades federais e proibição do ensino técnico).
As vitórias do PT a partir de 2003 foram um ponto de inflexão no modelo neoliberal tucano em nível nacional (políticas públicas de distribuição de renda, política de fomento aos investimentos (setor de petróleo, setor naval e crédito para o consumo) e aumento da oferta de vagas no ensino técnico e superior abrangendo a parcela mais pobre da população). Mas São Paulo prosseguiu no mesmo diapasão neoliberal.
Em São Paulo todos os bancos públicos de fomento foram privatizados. A SABESP encontra-se em grave crise pois seu capital foi tirado do investimento e atirado na ciranda financeira (6 bilhões para a bolsa de NY no ano em que a crise de água já se demonstrava grave).
A educação e a saúde paulistas patinam há mais de duas décadas. Seus servidores encontram-se cada ano mais empobrecidos e doentes. A educação pública paulista é a 14a em termos de resultados e a 17a em termos de remuneração aos seus profissionais. Na saúde, São Paulo é um Estado que não fecha parceria com o SUS, pelo contrário, São Paulo lançou o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) para competir com o SUS e na rede do SUS o Estado permite a prática livre da dupla porta, ou seja, pagamentos privados de quem pode pagar para usar médicos e equipamentos do SUS na frente de quem não pode pagar.
São Paulo é o retrato do Brasil dos anos 90 e será o retrato do futuro se o golpe prevalecer.
Inclusive com relação à corrupção.
Com a proteção da grande mídia, o governo tucano de São Paulo em mais de 20 anos não autorizou nenhuma CPI na Assembleia Legislativa. Zero CPI em 20 anos! Um escândalo abafado pela conivência dos grandes veículos de comunicação.
Só recentemente, dois escândalos de corrupção explodiram na ante-sala de Alckmin, acertando seu braço direito, o chefe de gabinete do Secretário da Educação e o Presidente da Assembleia Legislativa, sem que isso causasse maiores protestos da sociedade civil, totalmente dominada pela grande mídia e ocupada em odiar o PT.
O escândalo da merenda retirou 25 milhões dos cofres públicos paulistas e impacta fortemente a alimentação dos estudantes. E a rede de propinas que domina as obras do Estado, do metrô à construção de trechos de rodovias, como a recente denúncia na obra da Mogi-Dutra, revelada pelas listas da Odebrecht (que o Moro não quer investigar) e que aponta cerca de 600 milhões em desvios, com 5% destinados ao 'Santo'.
O golpe está armado e esta turma está pronta para assumir novamente o comando do país e reaplicar a sua política neoliberal, privatista, de arrocho na renda do trabalhador e desnacionalizante. Uma turma e uma política rejeitada nas urnas nas últimas 4 eleições, mas que busca voltar ao poder através de um caminho alternativo, um golpe travestido de legalidade que dispensa o instrumento do voto.
São Paulo é o retrato do Brasil pós golpe: com a proteção da mídia, não se investiga nada, não se avança em nada.
Ricardo Jimenez
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