Conspiração do Sinédrio - James Tissot
Sexta-feira Santa
TODA COMPARAÇÃO COM A CONJUNTURA POLÍTICA ATUAL VIVENCIADA NESTES SOMBRIOS DIAS BRASILEIROS = MERA COINCIDÊNCIA!
Quando
nós católicos nas celebrações litúrgicas rezamos a profissão de fé, costumamos
dizer que Jesus “padeceu sob Póncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado”.
Mesmo
que a morte de Jesus possa ser comprovada historicamente, é lícito
perguntar: Quem foi o responsável?
No
passado, e continua assim no presente, muita gente comete grande injustiça,
afirmando que foi o POVO judeu que matou o Filho Unigênito de Deus!
Lendo
atentamente o evangelho de João, é possível ver melhor essa questão. Antes,
porém, é preciso ver outra coisa. Na verdade, por muito tempo se pensou que o
Pai celeste tivesse desejado a morte dele. Em poucas palavras, se afirmava que
Deus QUIS que seu Filho morresse. Entretanto, quem pensa dessa forma
dificilmente consegue fazer uma síntese entre o Deus da vida e o Deus que
planeja e quer a morte do Filho. É melhor, portanto, seguir outro caminho, a
saber: a morte de Jesus é fruto de uma
armação montada pelos poderosos daquele tempo!
Vamos
então aprofundar, começando pela constatação que desde o início, primeiro
capítulo versículo 5, João mostra um conflito, afirmando: “Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguem apagá-la”. A
luz é Jesus. As trevas são as pessoas que o mataram. Mas não conseguiram apagar
a luz, pois Jesus ressuscitou!
Alguns
capítulos adiante, o evangelista mostra que as trevas já tinham tomado a
decisão de eliminar a luz. Vejamos no quinto capítulo, versículo 18: “As autoridades dos judeus tinham mais vontade
ainda de matar Jesus, porque, além de violar a lei do sábado, chegava a dizer
que Deus era seu Pai, fazendo-se igual a Ele”. Duas coisas devem ser ditas
a respeito dessa afirmação:
1) Aparece um grupo com vontade de acabar com ele e esse
desejo se torna mais intenso à medida que avançamos no evangelho.
2) Trata-se de definir quem pertence a esse grupo. A
exegese pertinente mostra que são as lideranças políticas, econômicas e
religiosas dos judeus. Aliás, contemplando os capítulos 18 e 19 chegamos à
conclusão de que o povo foi o grande ausente no processo condenatório.
Mais
claramente aparecem os responsáveis em João 7,45: “Os guardas do Templo foram
para onde estavam os chefes dos sacerdotes e fariseus. E estes perguntaram: ‘Por que vocês não trouxeram Jesus?’ ”.
CHEFES DOS SACERDOTES e FARISEUS eram dois grupos importantes que possuíam
soldados (quer dizer, polícia) à sua disposição, sendo membros do SINÈDRIO que
era o Supremo Tribunal daquela época.
Os
Romanos que dominavam a Palestina permitiram que o Sinédrio continuasse a
exercer seu papel, mas impuseram-no duas condições:
a) a primeira dizia respeito ao cargo do SUMO SACERDOTE,
o presidente que representava a autoridade máxima dos judeus: a função não
seria mais hereditária como antes, pois o império estrangeiro nomearia quem lhe
parecesse mais conivente;
b) a segunda referia-se à PENA DE MORTE que o Sinédrio
não poderia mais decretar já que precisaria em diante da autorização do
governador;
Fica
claro, portanto, o que ocorreu com Jesus. Sua prática a favor da vida PARA
TODOS incomodava a quem cabia no termo ‘trevas’ de São João. Todavia, o
tribunal dos judeus não tinha mais autoridade de entregá-lo à pena capital e
por isso fez de tudo para pôr Pilatos contra a parede. De fato, a estocada
derradeira foi colocá-lo diante dum dilema fazendo com que estivesse correndo o
risco de perder seu poder. Capítulo 19, versículo 12: “Se você soltar esse homem, você não é amigo de César. Todo aquele que
pretende ser rei, se coloca contra César”. O governador está num beco sem
saída: não quer condenar Jesus; porém se não o fizer, será denunciado ao
imperador César e, por causa disso, perderá seu mandato. Consequentemente
concede que Jesus seja morto!
Meus
irmãos e minhas irmãs,
Resumindo
podemos afirmar que foram os poderosos que assassinaram Jesus. Souberam
encurralar Pilatos de modo que deu a sentença a favor da crucificação. O povo,
por assim dizer, em quase nada participou! A morte do nosso Salvador foi
resultado dum ÓDIO VIOLENTO DA PARTE DA ELITE, não querendo ceder a uma
sociedade com dignidade e bem-estar igualitários para todo mundo!
E
a pergunta final que não quer calar: Se Jesus voltasse à terra, por quem seria
morto novamente? Provavelmente pelos mesmos detentores do poder. Por isso, na
hora de venerar a cruz questione-se: COM A MINHA CUMPLICIDADE, SIM OU NÃO? EU
ME OMITINDO OU FAZENDO A MINHA PARTE PARA QUE A SOCIEDADE SE TRANSFORME, PARA
QUE A HUMANIDADE SE REGENERE?
Padre Chico é pároco da Igreja Santa Terezinha do Menino Jesus e Capelão dos movimentos sociais de Ribeirão Preto e do blog O Calçadão
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