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segunda-feira, 18 de abril de 2016
Montada na grana, chapa Temer-Cunha vence. Cunha avança para a vice-Presidência!
A votação pela aprovação do relatório do impeachment na Câmara dos Deputados deixou o golpe nu aos olhos do Brasil.
O que aconteceu na verdade foi o primeiro passo na votação indireta que pretende levar Michel Temer à Presidência da República e tornar, na prática, Eduardo Cunha o vice Presidente.
E, montada na grana, a chapa Temer-Cunha saiu amplamente vencedora na noite deste domingo 17 de abril.
Temos uma das piores Câmara dos Deputados da história da República, totalmente construída com o financiamento empresarial de campanhas, irrigado com dinheiro de propina vindos das inúmeras contas no exterior e das offshores que alimentam o sistema.
Somente Eduardo Cunha, do que se pode observar das delações que o citam, teria operado mais de 200 milhões de reais e eleito junto consigo uma bancada particular de cerca de 60 deputados (maior que a bancada do PT).
A eleição de Eduardo Cunha para a Presidência da Câmara e o rolo compressor que o mesmo montou para passar por cima de direitos individuais e coletivos, além de buscar constitucionalizar o financiamento empresarial que sustenta todo o esquema, já indicava que o golpe estava a caminho.
E Cunha já tem o caminho livre para sua absolvição no Conselho de Ética.
Se por um tempo buscou disfarçar, desde a famosa carta, o vice Temer já não disfarça mais.
É o articulador e maior beneficiário do golpe. Busca, com apoio de poderosíssimo esquema financeiro, que envolve a FIESP e, certamente, apoio internacional, montar um governo que englobe todos os partidos fisiológicos que compuseram os governos de FHC a Dilma.
O que vimos ontem na votação foi a composição da bancada do governo Temer-Cunha votando. O governo Temer-Cunha tem hoje 367 deputados em sua base de apoio. Simples assim.
E podemos imaginar os acordos firmados. Certamente há o assunto Lava Jato envolvido. Temer, Cunha e um monte de deputados tem o rabo preso nela. Certamente os acordos passaram pela divisão dos nacos de poder e pelos acordos com o financiamento empresarial.
Ou seja, o governo Temer-Cunha se estrutura nas bases dos esquemas que gerem a corrupção no país.
O próprio PSDB, incapaz de vencer uma eleição nacional, se curva ao governo Temer-Cunha e, certamente, se contenta em ter algum Ministério que o permita ser a artífice da reaplicação no Brasil das regras draconianas do neoliberalismo que Lula interrompeu com a vitória de 2003.
Ontem foi uma vitória incontestável dos golpistas e, diante da apatia do STF e da decisão do governo Dilma de não realizar uma reforma ministerial logo após a saída do PMDB (que eu, particularmente, achei algo incompreensível), resta à resistência continuar as mobilizações de rua, buscar avançar na narrativa anti-golpe e aproveitar o desnudamento do esquema golpista para ganhar a opinião do povo.
Temer é um político medíocre, desconhecido e rejeitado por quem o conhece. Cunha é um gangster que comanda uma Câmara de gangsters. Sem o apoio da mídia e a grana pesada empresarial, esta dupla não se sustenta. Sem povo, menos ainda.
A mobilização e o crescimento do movimento em defesa da democracia é a única forma de luta contra o golpe e pode influenciar positivamente os próximos passos no Senado, no STF e até em uma provável eleição futura.
Ricardo Jimenez
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