O governo interino do presidente Michel Temer tem promovido
um ataque sistemático aos direitos sociais previstos na Constituição de 1988. A
apresentação da PEC 241/2016, que estabelece um novo regime fiscal para gastos
com saúde e educação, soma-se dão força às declarações do ministro interino
Ricardo Barros, que disse “ser preciso repensar o tamanho do Sistema Único de
Saúde (SUS).
A proposta em
tramitação, segundo o consultor da Comissão Intersetorial de Orçamento e
Financiamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Francisco Funcia, é um
atendado à saúde pública brasileira. Se aprovada, implicará na limitação dos
gastos com o setor que mais necessita de aplicação de recursos: a saúde. “Com
essa proposta, o teto para as despesas primárias passa a vigorar estabelecendo
o limite de gastos baseados pela inflação do ano anterior e não mais pela sua
receita. Isso significa que Estados e Municípios não poderão ultrapassar os
valores já estipulados”, diz.
O perigo ao
subfinanciamento do SUS pode ser medido pela perda estimada de R$ 4,09 bilhões
já em 2017. Esta perda, segundo cálculos realizados com base no relatório
Focus-Bacen de estimativa de receita para 2016, chega a R$ 8,63 bilhões em
2018. Para Ronald Santos, presidente do CNS, o governo interino anda na
contramão da realidade brasileira. “No momento em que lutamos para conseguir
mais recursos ao SUS, nos deparamos com o retrocesso desta proposta. É
inadmissível”, comenta.
A PEC 241 terá
validade de 20 anos, com possibilidade de revisão em 10 anos. Um dos maiores
retrocessos da proposta é que os investimentos não mais estarão atrelados ao
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, como ocorre hoje. Ao estipular um teto
de gastos com base no investimento realizado no ano anterior, neste caso o ano
de 2016, o governo interino livra-se da desvinculação de receita, podendo obter
superávit primário para pagamento dos juros da dívida pública, despesa essa que
não teve um teto estabelecido para os próximos anos.
Sobre a PEC 241/2016
Apresentada
pelo governo interino por meio do Ministério da Fazenda, a PEC 241 limitará os
gastos públicos federais. Pela proposta, o aumento das despesas da União,
incluídos os Poderes Legislativo e Judiciário, não poderá ser maior que a
inflação do ano anterior. Se for aprovado pelos parlamentares, o novo regime
fiscal já entra em vigor no próximo ano.
No
o texto apresentado, valores mínimos dos gastos com saúde e educação da União
passarão a ser corrigidos pela inflação do ano anterior, e não mais pela
receita. O Congresso Nacional, no entanto, poderá decidir onde alocar os
recursos, respeitando tais valores mínimos, que serão um piso
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