O governo interino não é bem um governo, é um ajuntamento de última hora para se criar as condições de sacramentar o impeachment.
Os velhos abutres da política, incluindo os derrotados tucanos que agora comandam a Petrobrás e o Itamaraty, se somaram em uma força-tarefa para distribuir cargos e dinheiro visando a votação final no Senado.
É um governo incapaz de se firmar fora do cenário dos golpistas. Não é capaz de montar um ministério fora dos limites do fisiologismo político.
Não tem reconhecimento internacional.
Já conta com uma rejeição de 87% e ainda nem abriu a caixa de maldades contra os direitos trabalhistas, a educação, a saúde, os programas sociais e ao projeto soberano de país.
Ou seja, ainda não partiu para cima do pré sal da maneira como querem os interesses internacionais cujo representante é José Serra.
Não há saída no curto e médio prazo que não seja encontrar uma forma de repactuação.
Essa saída pode se dar já, caso os senadores se sensibilizem com a proposta que Dilma fará, de construir um governo de transição que propicie um plebiscito sobre eleições gerais.
Ou essa saída pode se dar mais tarde em meio aos inevitáveis conflitos que um governo Temer gerará no país.
Hoje 61% da população quer novas eleições e isso não é um dado menor, ele expressa uma ampla vontade de rearranjar as coisas, de rediscutir os rumos do país e de legitimar um novo governo.
61% querendo navas eleições significa que o governo Temer carece de legitimidade no povo, ponto.
Adiar esta saída democrática significa esgarçar ainda mais a democracia brasileira e produzir fissuras que somente um novo pacto constitucional poderá dar conta de costurar, e à custa de muito sofrimento.
Caso venha a existir, o governo Temer terá vida curta e dolorosa.
O Calçadão
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