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terça-feira, 30 de agosto de 2016

SOBRE ELEIÇÕES E QUESTÕES DE RAÇA! Por Coletivo Abayomi, Ribeirão Preto



SOBRE ELEIÇÕES E QUESTÕES DE RAÇA.

O Coletivo Abayomi tem um blog: www.coletivoabayomi.blogspot.com.br

No dia 15 de agosto foi dada a largada na corrida eleitoral para os cargos de prefeito e vereador em todos os municípios do país. Ao total, em todo o Brasil, são 16.360 candidatos e candidatas disputando 5.568 cadeiras enquanto chefe do executivo. Já como legisladores, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, há registrado 454.815 candidatos para a ocupação de 57.949 vagas em todo o país. Em Ribeirão Preto houve um recorde no registro de candidaturas a vereança, são 576 candidatos a vereador, procurando um lugar ao sol nas 27 cadeiras que irão existir a partir de 2017.
Nós do Coletivo Abayomi resolvemos trazer à luz do debate eleitoral algumas questões de caráter étnico-racial. De acordo com as estatísticas divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, há cerca de  66 candidatos que se autodeclararam pretos e 43 pardos. Isso representa cerca de 18% de todas as pessoas que se dispuseram a concorrer às 27 vagas de vereadores. Fazendo um paralelo com o que traz o IBGE, Ribeirão conta com uma população de 590.593 habitantes, desta 29% entre  pretos e pardos. A porcentagem de candidaturas preta na cidade de Ribeirão Preto está aquém do que de fato é a sociedade e isso se reflete com maior acentuação na Câmara Municipal, hoje há somente 3 negros dentre os 20 em exercício.
É de extrema importância observarmos e fazermos a crítica a respeito da representatividade racial em todo o processo eleitoral. Desde o levantamento da quantidade de negros candidatos à visibilidade desses na campanha do partido, são fatores a serem analisados dentro de um regime que idealmente deve ser democrático e plural, mas é racista e excludente. As estratégias de campanha dos partidos são peças fundamentais para ampliar o conhecimento do eleitorado sobre candidaturas negras e assim contribuir  para a efetiva diversidade do corpo de legisladores do município.
Além da projeção dos candidatos negros, a questão racial permeia as eleições no âmbito ideológico, está diretamente relacionado ao conteúdo das propostas dos candidatos. A transversalidade da pauta racial nos projetos de lei e na cobrança durante a fiscalização dos planos e programas do executivo deve ser compromisso de todos os candidatos, sobretudo, negros. A representatividade negra na câmara não deveria ser apenas simbólica, é essencialmente militante. Isso significa, que não basta termos autoridades negras, é necessário que estas atendam as demandas do povo negro, pois a ideia é que quando um sobe, não subiu por mérito, muito menos só, no caso todos que antes vieram e os presentes vão juntos.
As necessidades dos diferentes segmentos existentes só poderão ser ouvidas a partir do momento que estes tiverem voz, mas não a voz que fala pelo outro e sim a voz que fala, sente e reage por si mesma. Não se pode esperar no outro a nossa atitude, isso nos cabe tanto como seres individuais quanto grupos sociais. Que fique a reflexão para os eleitores, que representatividade importa sim e vem acompanhada do compromisso coletivo de dar visibilidade a pauta negra, mesmo sendo questionável que a saída para a real libertação da população negra seja dessa maneira, isto ainda sim é crucial para a melhoria de nossas vidas.
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