Esse artigo não tem a pretensão de fazer uma análise profunda da eleição em Ribeirão Preto, mas apenas dividir algumas sensações de momento.
A primeira delas é a de que o voto progressista na cidade é minoria.
Isto já era esperado pelo momento atual, mas Ribeirão Preto reagiu dramaticamente aos encantos do discurso midiático, falso moralista, policialesco, reacionário.
Os dois candidatos que vão ao segundo turno são parte do mesmo grupo. Nogueira, o favorito, é o clássico tucano e Ricardo Silva, o tucanoide.
Ambos farão uma administração retrógrada, ligada umbilicalmente ao cenário privatista, neoliberal e repressivo, contra os movimentos populares e que vem direto de São Paulo e de Brasília.
São dois golpistas!
Entre um e outro, os progressistas devem optar por nenhum. Os progressistas devem buscar analisar o cenário e encontrar formas de conseguir construir uma mínima unidade de planejamento e ação que possibilite um dia´logo com a população.
O campo popular e progressista deve ser oposição a ambos!
Os progressistas devem se orientar pelas pautas dos Direitos Humanos e na defesa do direito das minorias e dos trabalhadores diante do que virá pela frente com Nogueira ou Ricardo aliados com Alckmin e Temer.
A situação é complicada. Somando os votos antigolpistas (PCdoB/PT e PSOL) para o Executivo dá 11274 votos num universo de 435 mil. Se fizermos um esforço e juntarmos os votos do PV e da Rede, acreditando que esses eleitores têm uma tendência progressista, dá 19952 votos. Ou seja, menos de 20 mil votos.
Claro que temos que compreender que o PSOL não teve estrutura para uma campanha, não apareceu nos debates na TV. Dessa forma, o voto psolista é uma conquista boa, ao contrário do voto da coligação PCdoB/PT, um desastre.
Mas, fazendo o mesmo para o legislativo, onde é possível ter um cenário melhor por causa da atuação mais capilarizada e heróica de cada candidato a vereador, chegamos ao seguinte resultado: o antigolpismo (PCdoB/PT e PSOL) atingiu 16407 votos (ressalvando novamente a excelente votação do PSOL - 4134 votos). Somando PV, Rede e mais os votos dos candidatos França e Lages, do PDT, dá pouco mais de 38 mil votos, num universo de 435 mil eleitores.
Essa é a realidade nua e crua do momento do pensamento progressista e popular em Ribeirão Preto.
A Câmara se renovou bastante. 8 dos 9 denunciados na Sevandija não se reelegeram, entre eles Walter Gomes e Cícero. Também não se reelegeram André, Viviane e Beto Cangussu (essa uma perda enorme de qualidade e ética para a Câmara. Beto, o melhor quadro do PT, é a vítima mais dolorosa do antipetismo que domina Ribeirão atualmente).
Mas a renovação segue a linha midiática, tucana e reacionária. Formou-se uma Câmara tão ruim quanto a que termina. Estão ali os 'homens de rádio e TV', invariavelmente de programas policialescos que estigmatizam a periferia e seus moradores, tal qual um programa do Datena. Outros surfaram na onda antipetista, que favoreceu enormemente o |PSDB e aqueles que mesmo não sendo do PSDB são tucanoides.
A Câmara irá seguir a onda neoliberal, privatista e retrógrada vinda dos Palácios Rio Branco, Bandeirantes e Planalto.
Um exemplo, o PDT. dos 6 eleitos, 5 seguem essa linha midiática/populista/policialesca. As candidaturas progressistas e ligadas aos movimentos sociais como a do França e do Lages, já mencionadas, não conseguiram sucesso na chapa pedetista.
O que cabe à esquerda e aos progressistas de Ribeirão Preto? Unidade, planejamento e ação. Proximidade com os movimentos populares e defesa das pautas que defendam direitos. Os partidos precisam encontrar caminhos de aproximação entre si e entre os movimentos populares.
O blog O Calçadão parabeniza cada candidato de esquerda do PT, do PCdoB e do PSOL que ousou disputar essa eleição lutando contra o golpismo, os golpistas e buscando abrir diálogo com a população mesmo num momento de grande dificuldade. A história saberá compensá-los.
O blog O Calçadão permanece aberto a todos vocês e permaneceremos na luta, seguiremos construindo esse canal de informação e análises que dá vez e voz aos movimentos populares.
À luta!
Riccardo Jimenez, Filipe Peres, Aílson Vasconcelos, Fabio Soma, Marcelo Botosso, Rilton Nogueira e Paulo Honório
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