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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

USP QUER DEMOLIR PATRIMÔNIO HISTÓRICO DOS TRABALHADORES

USP QUER DEMOLIR PATRIMÔNIO HISTÓRICO DOS TRABALHADORES
por: Luis Ribeiro
Está nos planos da USP de Ribeirão Preto a demolição de um conjunto de casas remanescentes da Fazenda Monte Alegre, atual área do campus universitário na cidade.

As moradias foram erguidas entre a segunda metade do século 19 e os primeiros anos do século 20, para abrigar os imigrantes que vieram trabalhar nas lavouras de café. O local, com 10 casas, é conhecido como Rua Napolitana em referência à origem de seus primeiros moradores. Está localizada há cerca de 150 metros da Escola de Educação Física e Esportes, a unidade de ensino mais nova do Campus. O acesso é asfaltado e a rua servida por água, esgoto e iluminação.


A intenção de demolir o patrimônio histórico veio à público na reunião do Conselho Gestor do Campus, dia 19/10, quando foi apresentado o “Plano de Ocupação e Recuperação das Moradias...”. Segundo o parecer a ideia é encaminhar ao CONDEPHAAT um pedido para demolir 7 e preservar 3 das casas. A justificativa apresentada é de que os imóveis apresentam “problemas estruturais severos e com alto custo para sua recuperação”.

Os dois representantes dos funcionários no Conselho Gestor (composto majoritariamente por docentes, principalmente diretores), foram contra a medida e solicitaram um estudo mais detalhado para encontrar uma saída diferente da demolição.

Ficou então acordado que será formada uma comissão para “em curto prazo” tentar uma alternativa. Os trabalhadores serão representados nessa comissão pelo jornalista Luís Ribeiro, que além membro do Conselho Gestor é diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP. Para ele não se pode destruir um patrimônio histórico que é referência para os trabalhadores com a justificativa de que não há dinheiro para mantê-lo. “É como se alguém quisesse demolir algumas das igrejas de Ouro Preto porque é muito caro manter todas elas”, afirmou Ribeiro, apontando que a manutenção das casas foi negligenciada nas últimas administrações, o que torna muito mais elevado o custo de restauro.

Nos próximos dias os representantes dos trabalhadores pretendem entrar em contato com entidades que lutam pela preservação histórica para traçar um plano de defesa da “Rua Napolitana”. Informações e contatos pelo e-mail sintusprp@gmail.com.

O QUE FOI A FAZENDA MONTE ALEGRE

Conta a história que a Fazenda Monte Alegre foi formada 1874 destinada principalmente para a criação de gado e cultivos como algodão e café. Em 1890 foi adquirida por Francisco Schmidt, um imigrante alemão que, apoiado em capital de seu país de origem, se tornaria o maior produtor mundial de café do início dos anos 1900. Além as colônias construídas para abrigar os imigrantes, há outros imóveis remanescentes da época, como a sede da fazenda, hoje Museu Histórico (sob responsabilidade da Prefeitura da cidade) e a Casa do Administrador, que por muitos anos funcionou como “Restaurante dos Docentes da USP”.

Com a derrocada do Café na década de 30 a Fazenda Monte Alegre perdeu seu brilho e foi comprada pelo Estado nos anos 40, para ser a sede de uma Escola Prática de Agricultura. São dessa época construções como o Prédio Central posteriormente ocupado pela Faculdade de Medicina, e a atual sede da FEARP, que foi moradia e depois biblioteca. Nos anos 50, com a desativação da Escola de Agricultura a área da Monte Alegre foi repassada para a USP para instalação da Faculdade de Medicina.


Por sua importância histórica, todo o conjunto arquitetônico do Campus é tombado pelo CONDEPHAAT.

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