Fotos: Filipe Peres |
Monique Murga, Solen Prieur, Jean-Pierre, Lydie Bosc e
Chistine Countanson observavam tudo atentamente. Nada escapava: uma palavra
explicada, uma bananeira mostrada, uma flor. Tudo era motivo de atenção do
grupo de franceses “Les Amis du MST de
France”. Este grupo, entre os dias 24 e 26 de março, esteve no Assentamento
do MST Mário Lago, em Ribeirão Preto. Vieram conhecer a estrutura do
acampamento, a divisão individual dos lotes e, principalmente, o trabalho com a
agrofloresta sintrópica (ver a matéria sobre Agrofloresta Sintrópica realizada no Assentamento aqui).
Impressionados com tamanha organização, os franceses
fotografaram, anotaram. Nenhuma observação passou em branco para o grupo de
Lion. Nestes três dias que estiveram em Ribeirão Preto, além do assentamento,
conheceram, também, a área de recuo do acampamento Alexandra Kolontai, onde
participaram das atividades de gênero com Adriana Novaes e, à noite,
participaram de um Luau.
França perde direitos e sente o aumento da repressão
Como não poderia deixar de ser, o corte de gastos na
educação pública, na saúde, o aumento da repressão, a perseguição a
sindicalistas na França não passou em branco. Para Monique, o que está
acontecendo na França é um retrocesso brutal. Para ela, em parte, os erros do “Parti Sociealiste”, a descrença na
política tradicional é um dos fatores para o crescimento do partido de Marie Le
Pen. “Le Pen possui um discurso populista, mas nós sabemos que, depois, ela
governará para a elite econômica, para a burguesia”
Brasil
Perguntada sobre como os franceses enxergam o Brasil,
Monique foi enfática: “O povo não se interessa pelo Brasil, nem por América
Latina, agora. Antes, durante muitos anos, os franceses foram solidários, mas
desde a onda dos governos progressistas, os militantes franceses entenderam que
América Latina estava mais adiantada do que nós. Somos alguns a seguir com a
solidariedade à AL.
Monique e Jean-Pierre |
O papel dos grandes meios de comunicação da França como
forma de informar a população do que acontecia nesta terra tupiniquim, Monique
chamou atenção para a desinformação gerada por eles: “Os grandes meios foram
muito ruins. No início, reproduziam as notícias oficiais do Brasil, nada além
disso. Le Monde, depois, pediu desculpas. Depois, foram um pouco mais realistas.
Conseguimos realizar um ato de solidariedade na esquerda contra o golpe, mas
não foi nos grandes meios. O grande público francês continua sem saber, sem
entender. É como o golpe em Honduras, no Paraguai, não tiveram muita
repercussão. Só que Brasil possui uma posição estratégica por causa dos Brics,
do petróleo, da água.
Espantada Monique afirmou que ninguém no exterior
conseguiria imaginar que aconteceria algo semelhante com o país, mas sabe onde
está o problema: “Vocês têm uma direita que funciona como a aristocracia antes
da revolução (Revolução Francesa, 1789). Não querem compartilhar nada, muito
menos entregar o poder a um operário”. E finaliza, pontuando as diferenças
existentes, hoje, entre o que acontece na França e o que acontece no Brasil: “Na
França, a justiça ainda é imparcial e a direita política, quando perde as
eleições, aceita”.
Após estes três dias, os franceses voltam com uma
certeza: a resistência ao golpe, a luta pelos direitos, a preservação do meio
ambiente, a produção sustentável passa pelo MST.
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