Acabou a greve
Em assembleia realizada nesta quarta-feira, 19 de abril, os
servidores decidiram pelo término da greve geral, em Ribeirão Preto. Com o fim
do movimento vieram os seguintes números:
·
Auxílio alimentação/ Auxílio nutricional dos
aposentados: 4,69%;
·
Reajuste salarial de 4,69%, divido em duas
parcelas de forma não cumulativa:
1ª parcela: 2,35% em março de 2017
2ª parcela: 2,34% em setembro de 2017
·
A prefeitura não descontará os dias parados,
negociando-os conforme a necessidade de cada secretaria/autarquia;
·
Implementação dos Planos de Carreira a partir de
outubro de 2017.
·
Atestado de meio período será reconsiderado.
A Greve
A greve começou a ser construída no dia 25 de março quando,
após Nogueira se negar a dar qualquer tipo de reajuste aos servidores
municipais estes anunciaram que em um prazo de 72 horas iniciariam a
paralisação geral dos serviços.
Já no primeiro dia, a primeira dificuldade: notícia
veiculada em veículo hegemônico da cidade dava que cerca de 800 alunos haviam
dado com a cara na porta voltando às suas casas. Era o início de uma campanha
contra o servidor que iria se estender pelos próximos 21 dias.
Apesar dessa pressão, 82% dos trabalhadores aderiram ao
movimento grevista afirmando que não era só por salário: faltavam remédios,
médicos, segurança nos postos de saúde; as escolas estavam sem professores, sem
material pedagógico, sem coordenadores e vice-diretores. Além disso, teve o
corte de 50% da verba utilizada na
manutenção dos prédios escolares. Nada disso saiu na imprensa.
Não demorou para que viesse o primeiro grande golpe: O DAERP
foi proibido de participar da greve. Se o trabalhador aderisse ao movimento
haveria uma multa 10 mil reais/dia. Estava cassado o direito de greve. A
resposta dos trabalhadores se deu em forma de uma multidão na frente do Palácio
Rio Branco. Começava ali uma série de ocupações daquela praça pelos servidores.
Ocupação que fez o prefeito ficar quase 20 dias sem colocar os pés na
prefeitura.
Veio a primeira proposta: ridículos 2% no salário e 4% no
vale alimentação e com esta a rejeição total dos trabalhadores. É importante
ressaltar que desde o início o governo Nogueira não quis dialogar com o
servidor. A primeira proposta chegou por e-mail.
O Presidente da Câmara Rodrigo Simões (PDT) apareceu e
prometeu apoiar os servidores na busca de uma solução para impasse. Começava
ali o apoio de vários vereadores a causa operária. Nova reunião havia sido
marcada entre servidores e Nogueira e, novamente, o prefeito não deu as caras.
Pelo contrário, viajou a Brasília e fez questão de mostrar qual era a sua
prioridade, pois postou em seu Facebook uma imagem que o mostrava embarcando.
Antes desta cena nada hilária, outra piada de mau gosto
havia sido realizada: o vereador Fabiano Guimarães (DEM) havia dito que iria
propor ao governante de Ribeirão Preto um Plano de Demissão Voluntária (PDV)
amplo e irrestrito. Com a falta de Nogueira em Ribeirão, os servidores não
pensaram duas vezes: rumaram para a Câmara Municipal, encheram o recinto e
deram um escracho no vereador que, com certeza, ele nunca mais esquecerá: “Para
começar, ele deveria realizar o próprio PDV, uma vez que encabeçou a campanha
de apenas 20 vereadores na Câmara e, logo em seguida, se calou quando foi
eleito em 27º . Demagogo, no mínimo”, afirmara um manifestante, na ocasião.
Leonardo Sacramento fala com os servidores no dia que foi
decretado o fim da greve.
Veio o segundo golpe jurídico do governo do PSDB. Uma
liminar cobrava a presença de, pelo menos 80% dos servidores. A resposta dos
servidores foi lotar a Praça Barão do Rio Branco, às 11h00, e declarar em alto
e bom som que a greve continuaria. Depois, em ato de solidariedade, todos
caminharam até o DAERP para dar apoio aos amigos de luta que estavam impedidos
de se juntarem ao grupo. Veio a notificação oficial da liminar ao sindicato. Como se
não bastasse, a Secretaria da Administração, enviou um e-mail às secretarias
escolares avisando que a opção “abono de greve” havia sido retirada do ar, em
claro ato de pressão psicológica sobre o trabalhador. Com isso, assim como
ocorrera com Fabiano Guimarães, os servidores foram à Secretaria e lá
paralisaram o serviço pela manhã. A polícia precisou ser chamada para retirar
os manifestantes de lá.
Enquanto tudo isso acontecia, uma farra do boi se dava
debaixo do nariz da população: Nogueira se recusava a dar um reajuste ao seu
funcionário, mas gastava 3,4 milhões com comissionados. Era a verdadeira farra
do boi.
Já era o 9º dia. O governo tucano acenou com nova proposta:
·
4,69% no vale alimentação;
·
4,69% em três parcelas:
1ª) 1,57%, em março;
2ª) 1,57%, em outubro;
3ª) 1,56%, em janeiro de 2018.
A proposta sofreu nova rejeição por unanimidade em
assembleia realizada.
No dia seguinte, uma cena de literatura: lembrando o
episódio do Velho do Restelo, um senhor sobe no caminhão de som, em frente ao
Palácio Rio Branco e discursa para mais de 3000 pessoas. Com críticas precisas,
desceu ovacionado pela multidão.
Uma nova proposta não chegava e o governo do PSDB afirmava à
grande mídia que os servidores estavam pedindo um reajuste de 13%. Nesse meio
tempo, um âncora local de telejornal diário desanda em críticas aos servidores.
Dias depois, em reunião do sindicato com representantes do governo, a máscara
tucana cai. O Presidente acena com a possibilidade de aceitar 3,5% à vista e o
negociador de Nogueira, Toninho, nega-lhe tal possibilidade.
Educação, saúde, GCM já ocupavam, diariamente, a Praça Barão
do Rio Branco sem grandes resultados. Resolveu-se, então, mudar a estratégia.
Ao invés de irem ao Palácio, os servidores ocuparam o lado externo da
Secretaria Municipal da Educação (SME) onde cobraram explicações da Secretária
da Educação Maria Suely Vilela sobre os R$960 milhões que sobraram da merenda
durante o governo Darcy Vera. Depois, os trabalhadores saíram em passeata pela
Av. 13 de maio até chegarem a COHAB.
Nogueira viu que a greve não diminuía, não perdia força. Por
este motivo, resolveu realizar uma terceira proposta: os mesmo 4,69%, também
divididos em três parcelas, mas com a diferença de que haveria o adiantamento
de 1 mês na segunda (de outubro para setembro) e na terceira (de janeiro para
dezembro). Nova rejeição dos servidores públicos.
Veio o terceiro golpe jurídico: em decisão polêmica e
bastante apertada, a greve da Educação e da Guarda Civil havia sido suspensa. Uma
liminar obrigava ambas a ter de voltar com, pelo menos, 80% de seus servidores
para não sofrerem punições severas. Professores e guardas do município tiveram
de trabalhar segunda-feira e terça.
A última proposta veio. Devido a problemas de entendimento
durante assembleia realizada em 18/04. No dia seguinte, em frente a prefeitura,
o Presidente do Sindicato Laerte Carlos Augusto chama nova assembleia para
retificar a proposta enviada pelo governo. `
À noite, naquele mesmo dia, em assembleia longa, mas com ampla vantagem, servidores aceitam a proposta
de Nogueira e encerram a greve com os termos apresentados no dia anterior.
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