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quinta-feira, 20 de abril de 2017

Acabou a greve!

Em assembleia, servidores votam pelo fim da greve.

Acabou a greve

Em assembleia realizada nesta quarta-feira, 19 de abril, os servidores decidiram pelo término da greve geral, em Ribeirão Preto. Com o fim do movimento vieram os seguintes números:

·         Auxílio alimentação/ Auxílio nutricional dos aposentados: 4,69%;
·         Reajuste salarial de 4,69%, divido em duas parcelas de forma não cumulativa:
1ª parcela: 2,35% em março de 2017
2ª parcela: 2,34% em setembro de 2017
·         A prefeitura não descontará os dias parados, negociando-os conforme a necessidade de cada secretaria/autarquia;
·         Implementação dos Planos de Carreira a partir de outubro de 2017.
·         Atestado de meio período será reconsiderado.

A Greve

A greve começou a ser construída no dia 25 de março quando, após Nogueira se negar a dar qualquer tipo de reajuste aos servidores municipais estes anunciaram que em um prazo de 72 horas iniciariam a paralisação geral dos serviços.
Já no primeiro dia, a primeira dificuldade: notícia veiculada em veículo hegemônico da cidade dava que cerca de 800 alunos haviam dado com a cara na porta voltando às suas casas. Era o início de uma campanha contra o servidor que iria se estender pelos próximos 21 dias.

Apesar dessa pressão, 82% dos trabalhadores aderiram ao movimento grevista afirmando que não era só por salário: faltavam remédios, médicos, segurança nos postos de saúde; as escolas estavam sem professores, sem material pedagógico, sem coordenadores e vice-diretores. Além disso, teve o corte de 50%  da verba utilizada na manutenção dos prédios escolares. Nada disso saiu na imprensa.

Não demorou para que viesse o primeiro grande golpe: O DAERP foi proibido de participar da greve. Se o trabalhador aderisse ao movimento haveria uma multa 10 mil reais/dia. Estava cassado o direito de greve. A resposta dos trabalhadores se deu em forma de uma multidão na frente do Palácio Rio Branco. Começava ali uma série de ocupações daquela praça pelos servidores. Ocupação que fez o prefeito ficar quase 20 dias sem colocar os pés na prefeitura.

Veio a primeira proposta: ridículos 2% no salário e 4% no vale alimentação e com esta a rejeição total dos trabalhadores. É importante ressaltar que desde o início o governo Nogueira não quis dialogar com o servidor. A primeira proposta chegou por e-mail.

O Presidente da Câmara Rodrigo Simões (PDT) apareceu e prometeu apoiar os servidores na busca de uma solução para impasse. Começava ali o apoio de vários vereadores a causa operária. Nova reunião havia sido marcada entre servidores e Nogueira e, novamente, o prefeito não deu as caras. Pelo contrário, viajou a Brasília e fez questão de mostrar qual era a sua prioridade, pois postou em seu Facebook uma imagem que o mostrava embarcando.

Antes desta cena nada hilária, outra piada de mau gosto havia sido realizada: o vereador Fabiano Guimarães (DEM) havia dito que iria propor ao governante de Ribeirão Preto um Plano de Demissão Voluntária (PDV) amplo e irrestrito. Com a falta de Nogueira em Ribeirão, os servidores não pensaram duas vezes: rumaram para a Câmara Municipal, encheram o recinto e deram um escracho no vereador que, com certeza, ele nunca mais esquecerá: “Para começar, ele deveria realizar o próprio PDV, uma vez que encabeçou a campanha de apenas 20 vereadores na Câmara e, logo em seguida, se calou quando foi eleito em 27º . Demagogo, no mínimo”, afirmara um manifestante, na ocasião.

                                                                        Leonardo Sacramento fala com os servidores no dia que foi
                                                                                                           decretado o fim da greve.

Veio o segundo golpe jurídico do governo do PSDB. Uma liminar cobrava a presença de, pelo menos 80% dos servidores. A resposta dos servidores foi lotar a Praça Barão do Rio Branco, às 11h00, e declarar em alto e bom som que a greve continuaria. Depois, em ato de solidariedade, todos caminharam até o DAERP para dar apoio aos amigos de luta que estavam impedidos de se juntarem ao grupo. Veio a notificação oficial da liminar ao sindicato. Como se não bastasse, a Secretaria da Administração, enviou um e-mail às secretarias escolares avisando que a opção “abono de greve” havia sido retirada do ar, em claro ato de pressão psicológica sobre o trabalhador. Com isso, assim como ocorrera com Fabiano Guimarães, os servidores foram à Secretaria e lá paralisaram o serviço pela manhã. A polícia precisou ser chamada para retirar os manifestantes de lá.

Enquanto tudo isso acontecia, uma farra do boi se dava debaixo do nariz da população: Nogueira se recusava a dar um reajuste ao seu funcionário, mas gastava 3,4 milhões com comissionados. Era a verdadeira farra do boi.

Já era o 9º dia. O governo tucano acenou com nova proposta:
·         4,69% no vale alimentação;
·         4,69% em três parcelas:
1ª) 1,57%, em março;
2ª) 1,57%, em outubro;
3ª) 1,56%, em janeiro de 2018.

A proposta sofreu nova rejeição por unanimidade em assembleia realizada.

No dia seguinte, uma cena de literatura: lembrando o episódio do Velho do Restelo, um senhor sobe no caminhão de som, em frente ao Palácio Rio Branco e discursa para mais de 3000 pessoas. Com críticas precisas, desceu ovacionado pela multidão.
Uma nova proposta não chegava e o governo do PSDB afirmava à grande mídia que os servidores estavam pedindo um reajuste de 13%. Nesse meio tempo, um âncora local de telejornal diário desanda em críticas aos servidores. Dias depois, em reunião do sindicato com representantes do governo, a máscara tucana cai. O Presidente acena com a possibilidade de aceitar 3,5% à vista e o negociador de Nogueira, Toninho, nega-lhe tal possibilidade.

Educação, saúde, GCM já ocupavam, diariamente, a Praça Barão do Rio Branco sem grandes resultados. Resolveu-se, então, mudar a estratégia. Ao invés de irem ao Palácio, os servidores ocuparam o lado externo da Secretaria Municipal da Educação (SME) onde cobraram explicações da Secretária da Educação Maria Suely Vilela sobre os R$960 milhões que sobraram da merenda durante o governo Darcy Vera. Depois, os trabalhadores saíram em passeata pela Av. 13 de maio até chegarem a COHAB.

Nogueira viu que a greve não diminuía, não perdia força. Por este motivo, resolveu realizar uma terceira proposta: os mesmo 4,69%, também divididos em três parcelas, mas com a diferença de que haveria o adiantamento de 1 mês na segunda (de outubro para setembro) e na terceira (de janeiro para dezembro). Nova rejeição dos servidores públicos.

Veio o terceiro golpe jurídico: em decisão polêmica e bastante apertada, a greve da Educação e da Guarda Civil havia sido suspensa. Uma liminar obrigava ambas a ter de voltar com, pelo menos, 80% de seus servidores para não sofrerem punições severas. Professores e guardas do município tiveram de trabalhar segunda-feira e terça.


A última proposta veio. Devido a problemas de entendimento durante assembleia realizada em 18/04. No dia seguinte, em frente a prefeitura, o Presidente do Sindicato Laerte Carlos Augusto chama nova assembleia para retificar a proposta enviada pelo governo. `

À noite, naquele mesmo dia, em assembleia longa, mas com ampla vantagem, servidores aceitam a proposta de Nogueira e encerram a greve com os termos apresentados no dia anterior.

Opinião

Muito se engana quem acha que a greve foi em vão. A greve termina com um saldo amplamente positivo. Nogueira teve de quebrar a sua palavra 4 vezes. Em tempos de perda de direitos, realizar uma greve de 21 dias foi um ato heroico dos servidores.

Além das conquistas, a resistência de professores, cozinheiras, enfermeiras, médicos, guardas municipais, etc deu o tom para os próximos 4 anos do governo Nogueira: ou ele conversa com o seu funcionário, dialoga com ele, ou sofrerá um desgaste político enorme, pois será greve atrás de greve. 

Poderia ter tido mais conquistas? Talvez, mas até 2020 será uma luta constante contra o desmonte do serviço público visado pelo PSDB. A força conquistada nestes 22 dias de greve precisa ser levada em consideração. Esta força é uma conquista dos servidores, ultrapassa a questão sindical.Foi só o início.

Mesmo com todas as campanhas contra o movimento, a população ficou do lado do servidor. O recado foi dado ao governo. Não foi fácil para o servidor? Também não foi fácil para o governo.

Não será. Eles passarão. Nós, passarinhos.

Mais fotos do último dia de greve:















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