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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Não tinha como o governo não saber: o confronto foi pensado!


Black Blocks enfrentaram o bloqueio imposto pelo governo, ontem
Fotos: Filipe Peres

Não, isso não é uma defesa dos Black Blocks. Tampouco uma condenação à sua revolta, quase sempre, com razão. A sua tática de enfrentamento é o fermento ideal para que a grande mídia, de modo perverso e velhaco, desinforme a população e generalize o belicismo a todos os movimentos organizados de luta, criminalizando-os ainda mais do que já são diariamente.

 
Black Blocks depredam um dos prédios ministeriais
Ontem exterminaram mais dez posseiros durante o cumprimento de uma ação de reintegração de posse, em Redenção (PA), mas a notícia do dia foi o confronto em campo aberto, em Brasília: a batalha do dia 24 de maio. Quase não se falará em mais um extermínio no campo, onde também começou a repressão, em 1964. 
Os Black Blocks, suas ações, quando acontecem, reforçam a criminalização dos movimentos sociais organizados, pois a grande mídia joga todos, de propósito, no mesmo caldo.

Por causa desta violência, quando Temer decretou o uso de forças armadas no Distrito Federal, teve quem defendeu tal intervenção, principalmente depois de assistir Datena, Jornal Nacional e todas essas porcarias mediáticas. A justificativa foi a “violência dos black blocks”. Mas uma coisa não justifica a outra. Isto nada tem a ver com os adolescentes.

Homem é baleado no olho por bala de borracha atirada pela polícia
O que aconteceu, de fato, foi um (des)preparo da polícia misturado com uma sensação de liberdade para agredir como não se via em muito tempo. Nada justifica tiros com armas de fogo ou para o céu ou contra os adolescentes. O projétil que sobe vai ter que descer em algum lugar, mesmo que distante do cano que saiu. O projétil que sai reto possui endereço certo.

Alguns policiais entraram no gramado da Esplanada batendo, dando tiros com balas de borracha, jogando bombas de efeito moral. Um rapaz estava sentado no gramado e apanhou ali mesmo. Estava no caminho. Pessoas que ouviam as falas nos carros de som foram atingidas por estarem ali. Um homem levou um tiro de borracha no olho.

A confusão começou quando a barreira de isolamento não permitiu a passagem dos Black Blocks para o Congresso Nacional. Estes começaram a atirar pedras nos policiais que, por sua vez, começaram a revidar com bombas de efeito moral e balas de borracha. Daí para o quebra-quebra, para a revolta dos adolescentes foi um pulo.

Só para lembrar, durante todo o processo de impedimento da Presidenta legítima Dilma Roussef aquela área impedida foi um playgrond aos adoradores da “Democracia do Pato Amarelo”. Jornais, programas televisivos, correntes sociais ressaltavam a beleza do povo ocupando o que era seu por direito. Por que não, agora? Agora não é democrático? Será que alguém, em sã consciência, pensou que este impedimento seria aceito por todos, de modo indiscriminado?  Quem elaborou este cordão de isolamento tinha plena consciência do que iria acontecer. Serviços de inteligência servem para isso, para antecipar possíveis situações de conflito. Só para lembrar que os Black Blocks estão espalhados por todo o mundo, logo não é difícil estudar o seu comportamento em momentos-chave da vida política de qualquer sociedade.

Bombeiro observa ação policial durante o ato Ocupa Brasília
Faz tempo que setores da Casagrande sonham com um Estado menos democrático. Hoje, Temer revogou o decreto que autorizava o uso de forças armadas no Distrito Federal, o Decreto 142 – desde a Ditadura Civil-Militar, de 1964, que o exército não é chamado para garantir a ordem envolvendo, diretamente, manifestações  político-populares. Decretar até o dia 31/05 e, no dia seguinte, retirar o decreto é a prova cabal de que a Casagrande, ontem, ou entrou em desespero, se borrou de medo do que eles consideram Senzala ou já tinham em mente o que iria acontecer e utilizaram o fato para ganhar parte da opinião pública mais reacionária . Deste modo, ganham fôlego extra para realizar as reformas que tanto interessam a eles, seja com este ou com o governo que escolherem para colocar no lugar do golpista. A depredação dos prédios não é nada diante do que acontecerá com a população brasileira se as reformas prosseguirem. 

Não são os Black Blocks vândalos. Não se trata de defendê-los. É que, de fato, o decreto não tem nenhuma relação com a luta desigual contra os adolescentes (paus e pedras contra tropas fortemente armadas). As forças que estão por trás deste governo sabem muito bem o que estão fazendo. Para a Casagrande, liberdade só a do capital.

Às vezes, só nos resta a desobediência civil.

Mais fotos:

MST esteve presente durante o ato Ocupa Brasília

Manifestantes dispersam após polícia lançar bomba de gás

Trabalhador protesta pacificamente durante o Ocupa Brasília

Tropa de choque

Estudante pede socorrista a homem baleado por policiais

Policiais enxotam manifestante que fora pedir ajuda a socorrista

Estudante pede que socorrista atenda homem baleado no olho por policiais

Muitas vezes bombeiros tinham que escolher quem atender

Manifestantes dispersam durante conflito entre Black Blocks e a polícia.

Levante Popular da Juventude alegrou o ato.

Levante Popular da Juventude alegrou o ato.






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