Um país que a maioria do seu povo está sempre esperando um salvador da pátria, nunca terá autonomia para reger seu destino. O Brasil já teve Presidente que era considerado o pai dos pobres, mas também foi à mãe dos ricos. E neste contexto que a elite branca e secular defende os seus dogmas escravagistas, e manifestam uma aversão doentia a qualquer movimento que leve alguma dignidade para grande parte da população pobre que carrega este País nas costas.
Nos séculos passados o brasileiro pobre era visto como um povo indolente, que tinha aversão ao trabalho duro, que só queria viver da malandragem e pequenos golpes, mas o tempo que é o remédio para todos os males tratou de demostrar que eram os malandros, golpistas e indolentes deste País. Os séculos avançaram, mas os pensamentos retrógrados sobre os mais pobre se mantiveram no passado.
Os golpes militares no Brasil foram inaugurados com a Proclamação da República, e se estenderam pelo século 20, sempre com o apoio das elites brancas. Os regimes de exceção nunca pensam no bem estar dos mais pobres – enganam por um período abrindo a caixa de bondades, mas tomando todo o cuidado para que nada saia de dentro, e se materialize para beneficiar a população mais pobre – são só sofismas.
Os países que até a metade do século 20 estavam mais atrasados que o Brasil - resolveram investir maciçamente na educação básica, e nas universidades com o foco maior nas pesquisas, e em cinquenta anos deixaram o Brasil no chinelo. Mas ter um País mais igualitário proporcionando uma educação pública de qualidade para todos, não faz parte da ideologia discriminatória e racista desta gente de bem.
E fizeram, e fazem de tudo para que a educação básica pública nunca chegue a ter uma qualidade que proporcione uma igualdade de condições no acesso as universidades. Criaram as escolas privadas, que usufruem de verba pública para dar um ensino de qualidade para os mais abastados, e minguam os investimentos das escolas públicas, com a clara intenção de segregar os mais pobres.
A Constituição considerada cidadã de 1988, trouxe para os excluídos a esperança que finalmente começaríamos a construir um País mais igualitário, e que o capitulo educação constante da carta magna, se materializasse nas escolas públicas, com a construção do processo democrático, com a participação de todos no processo de aprendizagem e cidadania das nossas crianças, mas passados vinte e nove anos, a maioria de nossas escolas continuam produzindo as mesmas mazelas do passado.
É incrível ver diferença estrutural que existe entre as escolas privadas e públicas. Nas privadas a tecnologia está à disposição dos alunos desde a educação infantil, e se aprofunda no ensino fundamental e médio. Enquanto isso a maioria das escolas públicas ainda conservam o mesmo quadro negro do passado, que agora chamam de lousa, e que tem a cor verde, tecnologia na sala de aula nem pensar.
Por não cumprirmos as leis que tratam da educação, estamos sempre voltando ao ponto de partida, o não cumprimento do artigo 205 da Constituição gera problemas e barreiras intransponíveis, que não deixam a democracia chegar ao chão da escola. A lei sancionada no ultimo dia 06 de novembro pelo Governador de São Paulo, que permite o uso pedagógico de celulares em sala de aula está causando uma polemica que não existiria se as leis fossem cumpridas. E é por estas e outras que vivemos nas rabeiras das avaliações internacionais.
Como podemos construir um País mais igualitário através da educação, com tamanha discrepância entre as escolas públicas e privadas. A maioria dos professores já jogou a toalha, não sabem como lidar com educandos cada vez mais rebeldes e sem limites, principalmente nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Não conseguem lidar com o problema dos celulares em sala de aula, coisa que é natural na rede privada. A ideologia que não podemos ter uma escola pública de qualidade se pulverizou. E o povo pensando que o poder é seu!
José Eugenio Kaça
Artigo publicado no jornal Tribuna Ribeirão no dia 14/11/2017
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