É o projeto de cidade que está abandonado |
Essa semana duas amigas pessoais e também amigas deste blog trouxeram histórias sobre as praças e parques de Ribeirão Preto.
Uma praça abandonada no João Rossi que prejudica a execução de um projeto de inclusão social através esporte desenvolvido no bairro e o Parque Tom Jobim, recentemente reformado, já com indícios de depredação sem uma fiscalização correta do Poder Público.
Esses dois exemplos nos lançam a uma reflexão: como o abandono das praças pode estar ligado a um modelo de gestão na cidade de Ribeirão Preto?
A opinião deste blog é bem clara: Ribeirão Preto sofre com administrações ruins há mais de 20 anos. A última administração razoável foi a de 1993 a 1997, a primeira administração do Palocci.
De resto, tivemos a triste lembrança de Jáballi, que fez o favor de acabar com o Trólebus e entregar o filão das linhas do transporte urbano para as permissionárias e desestruturar o sistema de terminais. Tivemos a confusão de continuidade entre a saída de Palocci e a entrada de Maggioni que acabou elegendo o mais do mesmo de Gasparini que acabou tendo o mérito de eleger Dárcy Vera no primeiro turno em 2008.
De lá até a eleição do Nogueira, todos sabemos: o debate sobre a cidade saiu das páginas políticas e ganhou as páginas policiais.
Na última campanha municipal o debate de cidade sofreu de inanição. Nada de concreto foi discutido. O eleitorado ficou perdido em meio ao debate anti-corrupção.
Sevandija ou merendão, o que escolher?
Tanto a Aproferp quanto o Fórum Permanente de Movimentos Populares buscaram o debate, produziram documentos públicos com propostas de cidade. O atual Prefeito se recusou a debater com os movimentos populares e seu principal adversário só se decidiu a fazer quando já não havia mais tempo.
Mas seríamos muito ingênuos se acreditássemos mesmo que o debate político não ocorreu. Claro que ocorreu. Ocorreu nas rodas de representantes do poder financeiro, como o da especulação imobiliária, por exemplo, que defende e se aproveita de um modelo privatista, patrimonialista e capitalista de cidade.
Enquanto o campo político que tomou o país de assalto em 2016 promove a destruição do setor público e das conquistas sociais e trabalhistas, diminuindo saúde e educação com congelamentos orçamentários e dizimando empregos, um grupo de privilegiados continua a replicar seu dinheiro usando a cidade como balcão de negócios.
Quando vemos as praças abandonadas, majoritariamente nos bairros populares, e os parques depredados por falta de sentimento de pertencimento entre a população e o equipamento público, notamos que por décadas construímos um modelo de cidade individualista e excludente ao invés de um modelo coletivo, inclusivo e participativo.
Ribeirão Preto não pertence ao povo, Ribeirão Preto pertence a quem tem dinheiro!
O modelo de negócios faz a cidade crescer apenas onde e da forma que o poder financeiro permite: no corredor da zona sul que liga o entroncamento entre Vargas e Fiúza apontando para Bonfim.
E enquanto mais de 80% da população que habita os bairros populares convive com uma realidade de concentração de renda, falta de empregos, déficit de moradias, violência, péssimas condições de mobilidade urbana, atendimento à saúde e qualidade de vida, sem canais de debate e participação nas decisões públicas, o poder econômico busca ampliar seus tentáculos à procura de mais lucro.
Há o atual desejo da especulação imobiliária pela zona leste, onde se encontra o nó ambiental da área de recarga do Aquífero Guarani, e o antigo sonho de 'internacionalizar' o Leite Lopes sobre a cabeça dos moradores da zona norte. Dois projetos estratégicos dos operadores financeiros que usam a cidade como um negócio privado e encontram acolhida tanto na Prefeitura quanto na Câmara.
As praças vazias espalhadas pela cidade, sem nenhuma conectividade com um projeto urbano, cultural ou social nos dizem muito mais do que pensamos sobre a cidade em que vivemos.
Precisamos rediscutir Ribeirão Preto envolvendo no debate os atores populares. A população, as associações de moradores, os movimentos organizados, os servidores públicos, os artistas, a juventude têm muito mais a dizer e contribuir com Ribeirão Preto se encontrarem canais de participação e debate.
Ricardo Jimenez
A opinião deste blog é bem clara: Ribeirão Preto sofre com administrações ruins há mais de 20 anos. A última administração razoável foi a de 1993 a 1997, a primeira administração do Palocci.
De resto, tivemos a triste lembrança de Jáballi, que fez o favor de acabar com o Trólebus e entregar o filão das linhas do transporte urbano para as permissionárias e desestruturar o sistema de terminais. Tivemos a confusão de continuidade entre a saída de Palocci e a entrada de Maggioni que acabou elegendo o mais do mesmo de Gasparini que acabou tendo o mérito de eleger Dárcy Vera no primeiro turno em 2008.
De lá até a eleição do Nogueira, todos sabemos: o debate sobre a cidade saiu das páginas políticas e ganhou as páginas policiais.
Na última campanha municipal o debate de cidade sofreu de inanição. Nada de concreto foi discutido. O eleitorado ficou perdido em meio ao debate anti-corrupção.
Sevandija ou merendão, o que escolher?
Tanto a Aproferp quanto o Fórum Permanente de Movimentos Populares buscaram o debate, produziram documentos públicos com propostas de cidade. O atual Prefeito se recusou a debater com os movimentos populares e seu principal adversário só se decidiu a fazer quando já não havia mais tempo.
Mas seríamos muito ingênuos se acreditássemos mesmo que o debate político não ocorreu. Claro que ocorreu. Ocorreu nas rodas de representantes do poder financeiro, como o da especulação imobiliária, por exemplo, que defende e se aproveita de um modelo privatista, patrimonialista e capitalista de cidade.
Enquanto o campo político que tomou o país de assalto em 2016 promove a destruição do setor público e das conquistas sociais e trabalhistas, diminuindo saúde e educação com congelamentos orçamentários e dizimando empregos, um grupo de privilegiados continua a replicar seu dinheiro usando a cidade como balcão de negócios.
Quando vemos as praças abandonadas, majoritariamente nos bairros populares, e os parques depredados por falta de sentimento de pertencimento entre a população e o equipamento público, notamos que por décadas construímos um modelo de cidade individualista e excludente ao invés de um modelo coletivo, inclusivo e participativo.
Ribeirão Preto não pertence ao povo, Ribeirão Preto pertence a quem tem dinheiro!
O modelo de negócios faz a cidade crescer apenas onde e da forma que o poder financeiro permite: no corredor da zona sul que liga o entroncamento entre Vargas e Fiúza apontando para Bonfim.
E enquanto mais de 80% da população que habita os bairros populares convive com uma realidade de concentração de renda, falta de empregos, déficit de moradias, violência, péssimas condições de mobilidade urbana, atendimento à saúde e qualidade de vida, sem canais de debate e participação nas decisões públicas, o poder econômico busca ampliar seus tentáculos à procura de mais lucro.
Há o atual desejo da especulação imobiliária pela zona leste, onde se encontra o nó ambiental da área de recarga do Aquífero Guarani, e o antigo sonho de 'internacionalizar' o Leite Lopes sobre a cabeça dos moradores da zona norte. Dois projetos estratégicos dos operadores financeiros que usam a cidade como um negócio privado e encontram acolhida tanto na Prefeitura quanto na Câmara.
As praças vazias espalhadas pela cidade, sem nenhuma conectividade com um projeto urbano, cultural ou social nos dizem muito mais do que pensamos sobre a cidade em que vivemos.
Precisamos rediscutir Ribeirão Preto envolvendo no debate os atores populares. A população, as associações de moradores, os movimentos organizados, os servidores públicos, os artistas, a juventude têm muito mais a dizer e contribuir com Ribeirão Preto se encontrarem canais de participação e debate.
Ricardo Jimenez
Concordo, quando a periferia souber a força que tem, Ribeirão Preto será linda.
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