O governo Bolsonaro, eleito na terrível eleição de 2019, quando 57 milhões de brasileiros depositaram ódio e desconhecimento nas urnas, é uma peça de tragicomédia.
Mistura militares aposentados com cabeça pré-64, obscurantistas e astrólogos macartistas de todo tipo e duas alas que, aos poucos, buscam se descolar, evangélicos neopentecostais e javajatenses moristas.
Todos primam pela incompetência, amadorismo, extravagância e pouco apreço pela democracia, inclusive o Paulo Guedes, o operador do balcão de negócios dos bancos que responde pela economia desastrosa do governo.
Nunca, "na história desse país", a instituição Presidência da República foi tão rebaixada quanto agora pela figura tosca, estúpida e ignorante do atual presidente, e o mesmo se pode dizer do governo como um todo.
Outro dia o 'chanceler' Ernesto foi fazer um périplo por países do leste europeu, visitando representantes do tal "populismo de direita", uma espécie de neofascismo brega, na Hungria e Polônia. Tirou foto em frente a imagem de um rei polonês que hoje é símbolo de supremacistas brancos na Europa.
Na educação, onde a continuidade de políticas de Estado são fundamentais, o que predomina é o caos. O atual ministro, que na verdade é um carniceiro da educação, ao advogar corte de verbas e importância na própria pasta, deu continuidade de maneira mais violenta e arrogante à cruzada de luta contra o "marxismo cultural" inventado por um guru astrólogo que mora nos EUA.
A total desorganização no MEC foi agravada com um corte de verbas fora dos padrões aceitáveis, comprometendo o funcionamento da estrutura educacional brasileira. No ensino superior o quadro é ainda pior, porque os cortes se somam a uma campanha de difamação de universidades públicas, seus professores e seus alunos.
O ensino superior público, em universidades e institutos federais, atende 70% de alunos filhos de trabalhadores e trabalhadoras e produz quase 90% da pesquisa científica brasileira. No caso dos Institutos Federais, o processo de inclusão social em mais de 400 municípios do país é extraordinário.
Contra isso atua a milícia bolsonarista instalada no MEC. E contra a tentativa de destruição da educação brasileira se uniram estudantes e professores no último dia 15, colocando 2 milhões de pessoas nas ruas do país.
Mas fica a pergunta: o que será do Enem esse ano?
A gráfica que imprimia as provas faliu. O INEP sofre tentativas de interferência por parte do ministro bolsonarista, inclusive com intenção de acessar informações sigilosas de alunos e professores. O próprio Presidente e seus assessores insinuam desde o início do governo com a possibilidade de terem acesso ao conteúdo da prova para realizar uma 'blitz ideológica', ferindo de morte o fundamental sigilo do exame.
Entre 2003 e 2018, o Enem se transformou em uma política pública de reconhecido sucesso. Associado a uma série de políticas articuladas de inclusão, permanência e busca pela qualidade, o Enem se tornou o grande caminho de oportunidades para o acesso republicano de milhões de jovens, principalmente os mais pobres, à educação superior no Brasil.
Mas em 2019 o Enem se torna uma incógnita, se somando às angústias diárias produzidas por um governo ideológico e incompetente. Um governo que se encaixa perfeitamente na fala do atual presidente que, em um almoço na embaixada brasileira em Washington, afirmou que é preciso desconstruir o Brasil antes de pensar em construir alguma coisa.
Coloquem os cintos.
Blog O Calçadão
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