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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

"Uma vida em luta" terá lançamento em outubro na Região de Ribeirão Preto

Foto: Felipe Augusto Peres

“Uma vida em luta” conta a história de Pedro Rocha Xapuri, desde a sua chegada a Xapuri, quando conhece, luta e permanece, literalmente, ao lado de Chico Mendes até o dia de sua morte. Na segunda parte, Pedro e a esposa Maria Alberina, são vitais para a conquista do Assentamento do MST 17 de abril, em Restinga-SP.

O lançamento do documentário ocorreu em Franca dia 19 de setembro, agora será na Universidade no Rio de Janeiro e em meados de outubro na Região de Ribeirão Preto.

Pedro Xapuri é um lutador que sempre inspira quem o conhece.

Xapuri falou sobre o lançamento do documentário com o Blog O Calçadão e você pode conferir em nossa página do Youtube por AQUI.

Neste texto de 2015, o amigo Celso narra a expectativa do encontro com Pedro Xapuri e Alberina.

Almoço com Pedro Xapuri e Alberina

Por: Celso Correia da Silva Junior 
A possibilidade desse encontro nasceu de um convite do Pe. Chico, o belga, num e-mail em que ele me informava que viajaria com dois amigos, Geraldinho e Magrão para Restinga, região de Franca, para conhecer Pedro Xapuri. Conheci esses amigos do Pe. Chico na minha adolescência como um dos principais líderes do movimento da igreja católica conhecido como Renovação Carismática voltado para juventude. Assim que vi a informação dessa viagem percebi que às vezes o tempo de Deus para Seus propósitos pode ser longo para nós, que Deus havia tocado o coração de Geraldinho e Magrão através de Seu ótimo e perseverante divulgador, Pe. Chico e que a força de atratividade do Deus da história estava com Pedro Xapuri.

Minha filha Lígia me perguntou se eu iria aceitar o convite para o almoço. Disse pra ela que já tinha respondido sim. Para ela entender de forma mais fácil, já que é adolescente e ainda não conhece bem a luta do trabalhadores por dignidade, terra e defesa da ecologia na região do Acre, expliquei para ela que participar de um almoço com Pedro Xapuri e sua companheira Alberina seria como participar de um grande show com seu astro preferido. O grande show conta com uma pessoa ou grupo com algum talento e o investimento pesado da industria de entretenimento de massa onde as pessoas, afora as que trabalham para o show, são meras expectadoras. O show que pessoas como Pedro e Alberina proporcionam não terminam em uma hora e meia, duas, porque são projetos de vida deles com o povo ativo, protagonista, que se junta, que conversa, que se reúne, que se organiza e busca com isso a construção do Reino de Deus, do socialismo, do comunismo, da sociedade bolivariana ou de um combinado de tudo isso, mas que ao final signifique dignidade da pessoa humana, solidariedade, fraternidade. O vermelho tem vários tons.

Meu filho mais velho perguntou, ao ver os presentes para o casal se era aniversário deles. Eu disse que não sabia a data de nascimento deles, nunca os tinha visto pessoalmente e teria uma longinqua ideia do gosto, das preferências deles para presenteá-los. Um olhar de interrogação veio em minha direção. Conversei com ele no sentido de transmitir a mensagem de que estaria diante de um casal que foram companheiros de luta com Chico Mendes e que, mesmo que eu tivesse tesouros valiosos para lhes dar eles nunca estariam aos pés dos presentes que eles já me deram simplesmente por estarmos no mesmo país, no mesmo planeta, na mesma Gaia: o amor à vida, o amor ao próximo.

Junto com o convite veio a informação do prato principal a ser feito, ao que parece, pelo próprio Pe. Chico e nome do prato – gororoba belga. Fiquei matutando e me encontrei em certo momento deveras preocupado com a experiência degustativa. Não vou ser indelicado com nosso anfitrião e discorrer sobre o significado de gororoba na língua portuguesa, mas uma imagem que muitos tem na mente pode ser mais diplomática. Lembram-se daquele momento no jantar em que você abre as panelas em cima do fogão, olha para a comida, depois olha pra sua mãe e ela te diz mais ou menos é o que temos para hoje... . Mas ainda assim, estou otimista e confio no bom gosto do Pe. Chico. A esperança é que ao batizar o prato com um substantivo bem popular brasileiro com o intuito de registrar o quanto esse belga brasileiro gosta de nosso país, ele tenha se inspirado no sentido da palavra mistureba, presente, por exemplo, numa das nossas marcas maiores: a deliciosa feijoada.

Ao seu Pedro e dona Alberina muito obrigado por proporcionar esse contato com vocês. É uma honra.

Escrevendo esse texto um pedaço da Bem-Aventuranças não saiu da minha cabeça:
"-Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu." Mateus 5, 3-12

Ribeirão Preto, 17/02/15


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