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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Em Ribeirão Preto, Marighella é relembrado em ato e panfletagem por partidos de esquerda, sindicatos e ativistas


Ato em homenagem à Mariguella contou com a participação do PT, PSOL, Unidade Popular, CUT, MST, Oposição Conlutas e Articulação Sindical.
Fotos: Filipe Augusto Peres
No ano de 1969 Carlos Marighella já era um símbolo da luta popular. Ele já havia participado da Intentona Comunista, em 1936 e preso nas manifestações de 1 de maio daquele mesmo ano. Torturado pelo governo Vargas,  Marighella seria preso ainda mais duas vezes antes de ser emboscado: uma durante o governo de Getúlio e outra já em plena Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Entretanto, em 4 de novembro de 1969, emboscado pelo Departamento de Ordem Política e Social (DEOPS), comandado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, acabou assassinado. Marighella, herói popular foi lembrado em Ribeirão Preto e em diversas capitais brasileiras por partidos de esquerda, sindicatos trabalhistas e ativistas e movimentos sociais. No local, trabalhadores panfletaram e conversaram com a população sobre a importância de se lembrar de  Marighella nos dias atuais.


Para João Brás, Presidente do Diretório Municipal do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), de Ribeirão Preto, a homenagem à  Marighella mostra a atualidade de sua luta:
"Ele foi um companheiro que lutava por justiça social, que defendia os pobres e oprimidos, sobretudo os companheiros da periferia".

Caio Cristiano, militante da Oposição Conlutas e integrante do PSOL, lembrou a importância de lembrarmos de lutadoras e lutadores como  Marighella e Marielle Franco, que deram a sua vida à luta por direitos civis, políticos e trabalhistas:
"Marighella tem um fato importante para nós do PSOL, da Resistência, da Oposição Conlutas porque ele relembra uma figura que foi recentemente assassinada pelo Estado, pelas milícias que têm relação com o governo federal, que é a figura da Marielle. Ambos estavam no mesmo plano de luta, defendendo a classe trabalhadora, os setores oprimidos". 

Caio chamou atenção, ainda, para a questão da raça que marcou a luta de ambos:
"Marielle era uma mulher negra. Marighella era um homem negro. Eles tiveram a coragem de lutar contra um sistema opressor e, por todas as suas lutas, são exemplos para nós".

"Ambos (Marielle e Marighella) estavam no mesmo plano de luta", afirmou Caio.


Boicotado pela Ancine, o filme " Marighella" (Wagner Moura -2019), conta a história do guerrilheiro da ALN. De acordo com Mário Magalhães, biógrafo do herói popular, confirma-se as suspeitas de censura por parte da Ancine (Agência Nacional do Cinema) em meio ao governo Bolsonaro, já que o filme deveria estrear no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e não tem data prevista no Brasil.

Para o músico e militante do Partido dos Trabalhadores (PT), Márcio Coelho, o boicote ao filme de Moura revela o poder da arte:
"A gente sabe o poder que a arte e, especialmente, o cinema tem (...) Nós tivemos, recentemente, uma experiência com "Bacurau" (Kleber Mendonça, 2019), que remexeu com a esquerda brasileira e "Marighella", com certeza, também faria (ou fará) o mesmo".

Ex-exilado político da Ditadura de 1964, Leopoldo Paulino panfletou no calçadão de Ribeirão Preto.


Porém, para o músico militante há um projeto do governo Bolsonaro de acabar com o cinema crítico produzido no país:
"Existe um projeto do governo de acabar com a Ancine. Esse tema do ENEM (Democratização do acesso ao cinema no Brasil) foi um indicativo buscando informações com a juventude para saber se eles podem afetar mais a Ancine. Eles querem afetar a produção cinematográfica crítica brasileira".

Jorge Roque, advogado e Presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) de Ribeirão Preto, lembrou o percurso de vida de Carlos  Marighella:
"Hoje é uma data importante, 50 anos do assassinato do Marighella, um dos maiores lutadores populares da nossa história: comunista, membro do PCB, deputado constituinte em 1946 e, depois, já com idade avançada, decidiu caminhar para a resistência armada porque viu que está era a única alternativa frente ao regime que se instalou em 64, a ditadura militar. E, hoje, infelizmente, o Marighella é atual porque todas essas forças que se articularam para reprimir, garantir os retrocessos, entregar a soberania nacional, assumiram, de novo, o controle do Estado", finalizou.

"Marighella é atual porque todas essas forças que se articularam para reprimir, garantir os retrocessos, entregar a soberania nacional, assumiram, de novo, o controle do Estado".
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