1. Fórum de Movimentos Populares reúne mais de 30 entidades
No último sábado, dia 26 de outubro, mais de 100 participantes, representando mais de 30 movimentos sociais, entidades da sociedade civil e partidos políticos (notadamente PT e PSOL) lotaram o salão superior do Sindicato dos Químicos em Ribeirão Preto. Nas falas, predominou a preocupação com a democracia e os direitos, principalmente diante da atual conjuntura de avanço conservador em aliança com o modelo neoliberal liderado pelo capital financeiro.
Os movimentos presentes definiram a necessidade de construção de um calendário unificado de lutas, além da necessidade em se elaborar um programa anti-neoliberal, democrático e popular para Ribeirão Preto sob o ponto de vista dos movimentos sociais. Restou claro o entendimento de todos de que o Fórum é um espaço de articulação política e de união de forças, a partir das demandas e lutas concretas de cada movimento. Principalmente, o Fórum é um espaço de rearticulação das forças populares e de esquerda em Ribeirão Preto com vistas para além do calendário eleitoral.
3. Frente de esquerda: é possível em Ribeirão Preto?
A presença importante dos Presidentes locais de PT e PSOL no encontro do Fórum, além de dezenas de militantes dos dois partidos mais representativos do campo de esquerda na cidade, acendeu os debates em torno de uma aliança de esquerda em 2020. Formalmente as conversas ainda não aconteceram, mas a conjuntura e as lutas cotidianas conspiram para isso. Há um longo caminho ainda a ser construído, mas seria muito importante se as conversas avançassem. Ribeirão Preto terá uma disputa na centro direita, com Nogueira (PSDB), Ricardo Silva (PSB) e Gandini (PSD) disputando praticamente no mesmo campo. Nenhum representa a ruptura com o modelo neoliberal e todos estão muito próximos das narrativas lavajatista e anti-petista construídas nos últimos anos e que, a rigor, permitiram o fenômeno Bolsonaro. A extrema direita, com seu discurso militarista e armamentista também terá seus candidatos. Isto abre um espaço à esquerda, uma oportunidade de construção e defesa de um projeto diferente que restabeleça o diálogo com a população e crie condições para o debate de uma cidade mais democrática e inclusiva, além de um programa anti-neoliberal. A conferir.
4. A previdência chilena e o abraço de Nogueira em Paulo Guedes
Essa semana o Prefeito Nogueira comemorou a aprovação final da reforma da previdência de Paulo Guedes. Tentando fazer o mesmo em Ribeirão Preto com o IPM (Instituto de Previdência dos Municipiários), Nogueira comemora uma reforma que, na prática, acaba com o regime de previdência pública e dificulta ao máximo o acesso do trabalhador à uma aposentadoria digna na velhice. A reforma de Paulo Guedes segue de perto o modelo chileno, que hoje condena os idosos daquele país à miséria e ao suicídio e que tem sido um dos motivos da revolta popular que sacode o Chile. Por lá, os manifestantes buscam uma nova Constituição que restabeleça o Estado de Bem-Estar Social que Pinochet destruiu e que Paulo Guedes vem destruindo aqui. Nogueira comemora, abraça Paulo Guedes e ambos brindam na mesa farta dos bancos enquanto rifam o futuro dos trabalhadores.
5. Fim dos mínimos constitucionais
Por falar em Paulo Guedes, eis que o corretor contratado pelos bancos para destruir o sistema de bem-estar social brasileiro quer agora acabar com os chamados mínimos constitucionais, ou seja, as verbas mínimas obrigatórias que os entes federativos devem destinar para o financiamento da saúde e da educação públicas: União (18% educação; 12% saúde), Estados e municípios (25% educação; 15% saúde). Pela lógica neoliberal, com o fim dos gastos obrigatórios o Estado tem mais liberdade fiscal para manobrar seus compromissos com o capital financeiro, agradando os bancos e privatizando o serviço público, transformando o que hoje é direito em mercadoria. Estados e municípios hoje já estão no seu limite fiscal e os serviços públicos já estão sendo privatizados ou terceirizados em todos os cantos do país.
Dados publicados pelo Credit Suisse Institute mostram que a concentração de renda e a desigualdade crescem no Brasil e no mundo. No mundo, o 1% mais rico (70 milhões de pessoas) detém 44% da riqueza; no Brasil, o 1% mais rico (2 milhões de pessoas) fica com 49% da riqueza. E, para completar o quadro do país mais desigual do mundo democrático, os 90% mais pobres do Brasil têm apenas 18% das riquezas. Como foi dito no último resumo, o desemprego, o emprego informal (com diminuição de renda), maiores gastos com saúde, educação e moradia completam o grave quadro social brasileiro. Some-se a isso a diminuição do investimento público no setor produtivo, fechando uma equação de privilégio ao lucro bancário e ao capital financeiro, cenário clássico e insustentável do neoliberalismo.
7. Brasil não tem mais programa de moradia popular
Na esteira do projeto neoliberal reintroduzido a partir do golpe de 2016, chega ao fim os programas de financiamento à moradia popular no Brasil. Casa, agora, só para quem pode pagar prestações e juros bancários. É a festa da especulação imobiliária e a miséria para 6 milhões de brasileiros, 45 mil ribeirãopretanos. O desligar da turbina do investimento público, como é propagandeado pelo atual governo, é o acender do sofrimento do povo mais pobre. O caldeirão social ferve. Até mesmo as contratações já feitas, inclusive em governos passados, podem não sair do papel. A pergunta que fica é: Nogueira vai comemorar também, como fez com a previdência?
8. Nenhuma OS quer a educação infantil em Ribeirão
Continua a novela das creches em Ribeirão Preto. Aquilo que Nogueira e os vereadores governistas vendiam como a solução para as creches está se revelando um fracasso, e um fracasso cruel com as mais de 7 mil famílias do bairro Cristo Redentor, na zona oeste. Essa semana, em mais uma rodada de tentativa de classificar as OS para receber dinheiro público para gerir aquilo que seria obrigação do Poder Público terminou sem nenhuma OS qualificada. Segundo consta, a obrigação de ser fiscalizada pela Câmara e ter membros da sociedade civil e do poder público em sua diretoria afugenta os interessados. Lembrando: há um concurso público em vigência com mais de 100 aprovados, há espaço orçamentário e, se quisesse, a Prefeitura já teria colocado as creches para funcionar em maio. Se quisesse.
9. Papa cria pontos de cultura em paróquias
Uma notícia alvissareira foi trazida para todos aqueles que participaram do encontro do Fórum de Movimentos Populares no último sábado. O Papa Francisco pode lançar o programa Pontos de cultura em nível mundial. A ideia chegou até o Papa através da assessoria da deputada federal Luíza Erundina (PSOL). O projeto vai ser levado a cada paróquia, com parte dos recursos do dízimo, e pode voltar a fomentar as organizações católicas de base há muito prejudicadas pelas políticas conservadoras e reacionárias de João Paulo II e Bento 16. Os pontos de cultura podem ser o reavivamento da Igreja progressista e a volta do movimento católico ao contato direto com o povo trabalhador.
O resumo da Semana é uma produção da equipe do Blog O Calçadão
No 3° parágrafo vocês afirmam que foi a narrativa antipetista e lavajatista que permitiram o surgimento de Bolsonaro. Penso que o principal responsável pela criação de Bolsonaro foi a falência do governo do PT demonstrada com clareza nas manifestações de 2013.
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