Páginas

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Internacionalização do Leite Lopes: um grande negócio ou um grande problema?

Nos últimos 20 anos, o entorno do aeroporto
concentrou o maior número de ocupações da cidade

A história se arrasta desde 1999, quando a ideia da internacionalização do Leite Lopes foi lançada pelo ex-Prefeito Jábali, do PSDB, já falecido. A ideia contrariava um indicativo, presente no Plano Diretor de 1995, da necessidade da construção de um outro aeroporto fora dos limites urbanos do município, e que poderia operar como internacional para cargas e passageiros.

Porém, as condicionantes do Leite Lopes, inserido em uma área densamente povoada da cidade, tornam o projeto bastante complexo. São vinte anos de promessas e muito pouco de realizações, exceto os "puxadinhos" anuais no terminal e na pista para manter o assunto em evidência, principalmente em ano político.

O resultado é o atraso econômico do entorno, pois os investimentos cessaram à espera da solução do imbróglio. Sem investimento, os terrenos vazios foram ocupados por famílias que lutam por moradia (hoje são mais de 15 mil famílias sem-teto em Ribeirão Preto), agravando o problema social da região. Os próprios moradores dos bairros convivem com a insegurança, pois o poder público, nos últimos anos, busca mudar a lei de uso e ocupação do solo do entorno de residencial para industrial, o que facilitaria a remoção das pessoas para a ampliação da pista do aeroporto.


A necessidade de um aeroporto internacional para Ribeirão Preto e região é um fato e não é exclusividade nossa. Uberlândia e Uberaba também buscam viabilizar um aeroporto internacional no Triângulo Mineiro. Mas por lá a discussão também não é fácil. O aeroporto municipal de Uberaba, Mário Franco, com 1800 metros de pista (o Leite Lopes tem também essa medida) não é adequado e recebe, assim como o Leite Lopes, apenas "puxadinhos" aqui e ali. O mesmo acontece com o aeroporto de Uberlândia.

Em 2017, as duas cidades acordaram pela construção de um aeroporto internacional na BR-050, distante 50 km de Uberaba e 45 km de Uberlândia. Houve a aprovação do governo federal mas a obra não saiu do papel à espera de investimentos privados que até agora não se viabilizaram.

Por aqui, há uma proposta de aeroporto internacional que poderia atender às cidades de Ribeirão Preto, São Carlos e Araraquara, sendo construído em uma área que atendesse logisticamente os três municípios. O município de Rincão chegou a ser inserido no debate pois teria uma área propícia para o projeto. Mas a ideia não decolou.

Em São Carlos, o aeroporto Mário Lopes Pereira, que fica fora de São Carlos, no distrito de Água Vermelha, recebeu entre 2014 e 2018 obras de ampliação da pista (de 1800 metros) e um terminal de cargas e opera alguns voos internacionais sulamericanos, mas não é suficiente para atender toda a região.

Ou seja, enquanto se aguarda uma verdadeira solução política e econômica para as necessidades de Ribeirão Preto e região, continuamos a discutir o Leite Lopes, ainda mais agora em 2020 quando os votos voltam a ser o grande e verdadeiro interesse.

Blog O Calçadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário