Marcellus Campêlo, ex-Secretário da Saúde do Governo do Amazonas em depoimento da CPI da Pandemia. Foto: Agência Senado |
Nesta terça-feira
(15) a CPI da Pandemia ouviu o ex-secretário de Saúde do estado do Amazonas
Marcellus Campelo. Campelo deu explicações sobre a crise do oxigênio em Manaus,
ocorrida em janeiro deste ano e sobre a hipótese de que a capital do Amazonas tenha
sido usada como laboratório para a tese da imunidade de rebanho. O
ex-secretário do governo de Wilson Lima (PSC) também falou sobre pontos
relacionados à suspeita de superfaturamento na compra de respiradores e na
instalação de hospitais de campanha.
Logo em suas falas
iniciais, Marcellus Campêlo disse que a secretária do Ministério da Saúde Mayra
Pinheiro defendeu em Manaus o "tratamento precoce", apresentou o sistema
TrateCov e tratou da atenção primária quando o Estado do Amazonas registrava
colapso na saúde.
Entretanto, sobre
as nebulizações de hidroxicloroquina feitas pela médica Michelle Chechter em
uma maternidade de Manaus, Marcellus Campêlo disse que a Secretaria de Saúde
não avalizou o tratamento e que foi aberta sindicância.
O ex-Secretário da
Saúde afirmou que no dia 7 de janeiro a White Martins garantiu ao estado que a
partir do dia 9 chegaria o primeiro carregamento de oxigênio medicinal de
Belém, e que a cada dois dias haveria novas remessas.
O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), questionou se houve sugestão do governo federal ao Amazonas para adotar a tese da imunidade de rebanho e Marcellus disse não ter saber de algo nesse sentido.
Campêlo desmente Pazuelo
Campêlo disse que informou sobre o desabastecimento de oxigênio em Manaus
no dia 7 de janeiro, três dias antes do alegado pelo então ministro general
em janeiro de 2021.
Campêlo afirmou que enviou o ofício às 23h45 do dia 7 ao então ministro da
Saúde, Eduardo Pazuello, informando o colapso e pedindo apoio.
Críticas a Marcellus Campêlo
Durante uma fala
do ex-Secretário, o Senador Eduardo Braga (MDB-AM) o interrompeu e criticou a
contratação de hospital de campanha privado quando havia três andares de
hospital público sem operação:
"Parece uma
narrativa que não foi o vivenciado em Manaus".
Outra crítica
realizada pelo senador mdbista foi a de que a White Martins ofereceu 250 mil metros
cúbicos/mês de oxigênio, mas chegou a quase 600 mil em dezembro. Para ele, o
governo teve tempo para poder agir; não o fez diante das crescentes mortes.
Da base governista, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) lembrou que o estado tinha R$ 553 milhões na conta do governo em março de 2021. Para ele, isso demonstra que não faltou dinheiro ao estado para tomar providências necessárias na crise sanitária.
Campêlo mentiu sobre o desabastecimento de oxigênio em Manaus
Campêlo disse que
o desabastecimento de oxigênio em Manaus durou apenas dois dias, mas Omar Aziz
(PSD-AM) e Eduardo Braga (MDB-AM) contestaram. Braga afirmou que o
ex-secretário mentiu e mostrou vídeo com reportagens.
Após Campêlo
insistir que só faltou oxigênio nos dias 14 e 15 de janeiro em Manaus, Eliziane
Gama (Cidadania-MA) disparou: "Temos as imagens, não subestime a CPI, é
revoltante".
Eliziane Gama (Cidadania - MA) Foto: Agência Senado |
Campêlo afirmou a Humberto Costa (PT) que o oxigênio venezuelano levou dois dias para chegar a Manaus por via rodoviária. Eduardo Braga contradisse Campêlo: a oferta era do dia 14 de janeiro, mas a entrega só ocorreu dia 20.
Campêlo
também falou sobre a investigação da Polícia Federal sobre o possível superfaturamento na compra
de respiradores no Estado do Amazonas durante a pandemia. De acordo com a PF, um
esquema de corrupção envolvendo integrantes da alta cúpula do governo e
empresários comprou 28 respiradores da loja de vinhos FJAP, sem licitação, por
R$ 3 milhões.
Sobre a Operação
Sangria, Campêlo disse que a compra de respiradores na loja de vinhos foi feita
em abril de 2020, antes da sua chegada à secretaria, em 8 de maio. Ele indicou
como responsável o ex-secretário Rodrigo Tobias.
Marcellus também explicou a sua prisão. Campêlo informou que responde a acusações de contratações fraudulentas do Hospital Nilton Lins. Ele disse que o ato foi feito por requisição administrativa e que a unidade era apta para realizar os serviços.
Críticas ao Governo Federal
O senador Otto
Alencar (PSD-BA) criticou a nomeação de um general (Pazuello) para o Ministério
da Saúde e de um engenheiro (Campêlo) para comandar a saúde do AM: "Duas
pessoas sem competência em saúde para trabalhar com uma doença nova".
Senador Otto Alencar (PSD) |
Já para Marcos
Rogério (DEM-RO) não houve previsão do governo do Amazonas sobre falta de
oxigênio, que "escolheu expor a população do estado à morte”.
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