O cenário eleitoral para 2022 segue esquentando à medida que os atores políticos se posicionam no tabuleiro. É claro que Lula (PT), líder das pesquisas, e Bolsonaro (PL), vendo sua rejeição aumentar, estão polarizando nesse momento. Com Lula apontando possibilidade de vencer no primeiro turno. Mas há outras movimentações importantes acontecendo.
A principal é a entrada de Moro (Podemos) no cenário. Não pela figura de Moro em si, um despreparado e parcial ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, mas pelo apoio imediato que recebeu da principal emissora do Brasil e por ter o potencial de buscar votos dentro do bolsonarismo, inclusive no Centrão, e crescer no campo da extrema direita e no campo neoliberal, da elite econômica.
Moro movimenta o jogo a ponto de fazer o PSDB de Dória e Leite procurá-lo para articulações e Ciro Gomes, PDT, ficar meio perdido entre bater em Lula, como tem feito sempre, ou bater em Moro, que o retirou do terceiro lugar nas pesquisas.
Diante desse cenário, ganha força a possibilidade de uma ampla aliança de centro-esquerda dentro de uma Federação partidária. Federação que seria a base de apoio da candidatura de Lula e de onde partiriam as tentativas de ampliação de apoios ao centro. Segundo fontes consultadas, muitos pontos positivos estão sendo colocados na balança. Dentre eles, dois: 1. Os partidos menores (PCdoB e Rede), dentro da Federação, resolveriam o problema da cláusula de barreira; 2. Uma ampla aliança nacional, principalmente entre PT e PSB, envolvendo estados chave no nordeste e sudeste, poderia conduzir a candidatura de Lula na busca de uma vitória já no primeiro turno.
Há quem enxergue Moro como um nome que pode deslocar Bolsonaro do seu segundo lugar e ir com Lula num eventual segundo turno. Cenário mais perigoso, segundo fontes, do que um segundo turno com Bolsonaro. Moro poderia encampar mais facilmente um novo Collor, dizem alguns.
Derrotar as candidaturas da extrema direita, antidemocráticas, de Bolsonaro e de Moro, e, juntamente, o projeto ultra-neoliberal, adotado desde 2016, já no primeiro turno, é o motivo maior da movimentação pela Federação partidária no campo da centro-esquerda, dentro do arco de apoio a candidatura de Lula ao Planalto.
A princípio as conversas estariam ocorrendo entre PT, PSB, PCdoB e Rede. Mas pode, a depender do desenrolar do cenário, se ampliar para o PSOL e até o PDT. Porém, este último com um obstáculo, hoje, difícil de se transpor: a pré-candidatura de Ciro Gomes.
Recentemente a bancada federal do PSB se posicionou favoravelmente à Federação. Mas há alguns entraves a serem superados. O PSB tem os estados de Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo como prioridades para candidaturas ao governo. Mas parece que há avanços. No Rio de Janeiro, a candidatura de Freixo está certa. Em Pernambuco, parece que o diálogo caminhou bem para o PT abrir mão para um nome do PSB. No Espírito Santo também há um entendimento com o nome de Renato Casagrande. Falta avançar no Rio Grande do Sul e em São Paulo.
Estado de São Paulo, aliás, que é tido como peça central não só de consolidar a possibilidade da Federação, mas também como base importante de apoio político a um futuro governo Lula, indiscutivelmente um governo que terá de ter o caráter de reconstrução nacional após o desastre Temer e Bolsonaro.
Aqui em São Paulo as tratativas seguem quentes. Pelas pesquisas eleitorais, Alckmin (ainda no PSDB) e Haddad (PT) estão em empate técnico. Nessa conjuntura, o PT não vai abrir mão de ter uma candidatura ao governo. Resta acertar com o PSB de Márcio França, também pré-candidato ao Bandeirantes.
Alckmin fará a transição para o PSB assumindo a vice de Lula e abrindo espaço para uma candidatura favorita de Haddad, com Márcio França saindo ao Senado? Alckmin vai se filiar no PSB e sair a senador abrindo espaço para França na vice de Lula? Há outros cenários em debate?
Em Brasília, nas conversas envolvendo a possibilidade da Federação, a chapa Lula e Alckmin é tida como a ideal para uma vitória no primeiro turno dentro do cenário de ampla aliança contra a extrema direita.
De qualquer forma, a disputa eleitoral de 2022 será intensa, violenta e decisiva para o futuro do país. Não haverá margem de manobra para que a economia, a democracia e o povo trabalhador sobrevivam a mais quatro anos de Bolsonaro ou de Moro. E não haverá também margem de manobra para o país sobreviver a mais quatro anos do projeto ultra-neoliberal e recolonizador adotado desde 2016 e mantido por Paulo Guedes.
O programa econômico de Lula, aliás, é a grande preocupação dentro dessas articulações que envolvem uma frente ampla dentro de uma Federação. Ao Brasil e ao povo brasileiro só interessam um projeto de resgate dos direitos sociais, do desenvolvimento com geração de empregos e inclusão social aliado a um projeto de resgate de uma política nacional de garantia de direitos humanos a todos os brasileiros, de todos os cantos do país.
A FEDERAÇÃO MUDA A CONJUNTURA NACIONAL, ESTADUAL E MUNICIPAL
Alô Ribeirão Preto. A lei que estabeleceu a possibilidade de formação de Federações partidárias, aprovada pelo Congresso em setembro deste ano, diz que a união, programática e ideológica, entre dois ou mais partidos terá a duração de 4 anos, ou seja, o tempo da legislatura. Significa que entre 2022 e 2026 todos os partidos envolvidos irão se comportar como uma única legenda, incluindo fundo partidário, arrecadação de recursos, tempo de televisão e registro de candidaturas.
Como entre 2022 e 2026 há o ano de 2024, a Federação também atuará nas eleições municipais, lançando uma única chapa de vereadores e uma única chapa ao executivo. E isso muda, também, consideravelmente, o cenário político e eleitoral, seja dentro da atual Câmara de Vereadores, seja dentro da disputa pela Prefeitura de Ribeirão Preto.
Vamos acompanhando de perto todas as movimentações políticas nesse final de ano e nos primeiros meses do próximo ano. E haja coração.
Ricardo Jimenez - editor do Blog O Calçadão
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