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segunda-feira, 30 de maio de 2022

Ribeirão Preto: apenas 9 dos 28 parques da cidade estão em funcionamento

 

Parque Ruben Cione - há 13 anos abandonado

No último dia 18 de maio foi realizada reunião pública da Comissão Permanente de Meio Ambiente da Câmara de Ribeirão para debater a questão do abandono dos parques públicos da cidade e da necessidade de uma política ambiental no município.

Audiência da Comissão de meio Ambiente: https://www.youtube.com/watch?v=H62gsMEglyo

"É inaceitável a situação dos parques públicos e áreas verdes na cidade, principalmente nas periferias". Assim que o vice-presidente da Comissão, vereador Zerbinato (PSB) abriu os trabalhos da reunião pública.

Na sequência, o engenheiro florestal e ex-membro do Departamento de Parques Públicos de São Carlos, Daniel Caixe, apresentou dados e informações de como seria uma política de valorização de parques públicos, parques lineares e áreas de preservação em um município, como também a importância das áreas verdes para a melhoria do meio ambiente, enfrentamento das ondas de calor e melhoria da qualidade de vida nos bairros.

Em Ribeirão Preto há uma verdadeira segregação social e ambiental. Apenas 9 dos 28 parques públicos previstos na cidade estão em funcionamento, a maioria na zona sul ou bairros de classe média e em parceria com a iniciativa privada.

Não há uma política de implantação e valorização de áreas verdes, principalmente nos bairros da periferia e não há um plano político de estudo, elaboração e execução de uma política desse tipo na cidade.

No debate orçamentário da cidade, não há previsão de verbas que sustentem uma política municipal de áreas verdes. Com quase 4 bilhões de orçamento, Ribeirão Preto poderia ser referência no estado em áreas verdes destinadas à preservação ambiental e qualidade de vida urbana.

Nos debates ocorridos na reunião, a expressão "equidade verde" foi mencionada algumas vezes. O conceito engloba a questão ambiental, de saúde pública e de felicidade e bem-estar urbano.

"Áreas verdes são essenciais à vida urbana moderna", disse Daniel.

Mas para isso são necessárias duas coisas básicas: orçamento e condução política. Ribeirão Preto não tem nenhuma das duas coisas.

A Lei de parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, uma lei complementar ao Plano Diretor que está tramitando na Câmara, prevê a implantação de parques públicos e parques lineares na cidade. Mas isso esbarra na inexistência dos dois pontos descritos acima. 

Enquanto isso as periferias sofrem por falta de áreas verdes ou por áreas abandonadas, como o projeto do Parque Municipal Ruben Cione, na zona oeste, onde se poderia implantar, além do parque em questão, um corredor ecológico ao longo do córrego dos Campos, ligando até a região onde hoje se encontra o Parque Tom Jobim, um dos 9 em funcionamento na cidade.

Projetos semelhantes de parques lineares e corredores ecológicos poderiam ser implantados nos córregos Ribeirão Preto, Retiro Saudoso, Catetos, Laureano e Tanquinho. Parques públicos poderiam ser implantados no Pico do Mirante, zona oeste, na Cidade da Criança, zona leste. Parques abandonados como o Roberto Genaro poderiam ser revitalizados.

A liderança política para isto tem de partir da Prefeitura mas envolver forças amplas da sociedade, como a Câmara Municipal, movimentos sociais, associações de moradores, ONGs, conselhos etc.

A lógica não pode ser somente a do capital, como a que impera na região do córrego dos Catetos, onde o Parque Curupira está servindo de quintal de condomínios de alto padrão e o desmatamento das áreas verdes ao longo do córrego se amplia a cada dia. Mas tem de ser uma lógica social, equacionando a questão orçamentária, empreendedora com a preservação ambiental e a melhoria social das regiões beneficiadas.

Talvez devamos pensar em um outro governo, Quem sabe...

Ricardo Jimenez - Editor de O Calçadão

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