Enquanto Duda falava, um trio bolsonarista se reunia no Plenário. Maurício Gasparini, Renato Zucoloto e André Rodini, sob o comando do chefe bolsonarista Isaac Antunes, preparavam a ofensiva.
Imediatamente, o vereador bolsonarista Maurício Gasparini tomou a palavra e, sem pestanejar, afirmou que a vereadora e a esquerda, citando o PSOL, defendem bandidos. Usando a conhecida retórica rasa e mentirosa das fake news da extrema direita, o bolsonarista questionou os números apresentados por Duda mas não trouxe outros. Preferiu citar a defesa da "família tradicional".
Na sequência, dando vazão aos arroubos bolsonaristas irresistíveis, eis que o bolsonarista Renato Zucoloto pediu a palavra para defender a proibição total da chamada 'saidinha' de presos, outro assunto na moda nas rodas da extrema direita e que tenta também de maneira rasa, desvirtual uma discussão que é complexa.
Mas a intenção dos bolsonaristas não era debater, mas calar a vereadora na base dos gritos e frases de efeito.
O show de horrores só estava começando, pois faltava a fala histriônica de sempre de André Rodini, acusando quem crítica a política de segurança de Tarcísio de "terrorista" e o ato final, quando Duda, novamente, rebate com números, afirmando que na Operação Escudo há uma morte a cada 19 horas e que isso precisa ser denunciado e fiscalizado, e se essa fiscalização interna não existe, é legítimo que se busque apoio internacional, como o Tribunal de Haia.
Bastou.
Rodini buscou refúgio na questão do aborto e, aos gritos, acusou a vereadora Duda de apoiar assassinatos, mais uma vez baixando o nível do debate para o subsolo da extrema direita.
Nesse momento, o líder bolsonarista da Câmara, Isac Antunes, simplesmente cassou a palavra da vereadora de maneira truculenta e passou a palavra novamente ao ex-cantor Gasparini, para mais alguns minutos de ataques, ofensas e frases de efeito destinadas ao público da extrema direita. Gasparini disse que desde pequeno aprendeu a gostar de militares e por isso saudou a PM, os bombeiros, a Polícia Federal, a Guarda Municipal e até o Exército em sua fala.
A sessão ainda seguiu por mais um tempo tratando sobre o direito de uma mulher que sofreu estupro de poder ter a opção da interrupção da gestação com apoio da saúde pública. Coube à vereadora Judeti, assim como fez Duda, trazer números e pesquisas que corroboram com o que prevê a lei, jogando luz sobre a escuridão do debate trazido pela bolsonarista Gláucia Bereenice.
A sessão desta terça mostra o que será a eleição deste ano em Ribeirão Preto: todos, simplesmente todos os candidatos a Prefeito e a vereador sairão abençoados pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas, com sua política autoritária e privatista, fingindo defender a família tradicional enquanto reprime e retira direitos dos trabakhadores. Do outro lado só restará a Frente Progressista e seus candidatos para tentar jogar luzes no necessário debate sobre a cidade de Ribeirão Preto.
Todo meu apoio e solidariedade à minha amiga Duda Hidalgo e meus parabéns por sua coragem e disposição para travar um debate tão necessário em terreno tão desértico como essa atual Câmara Municipal de Ribeirão Preto. Cumprimentos extensivos à vereadora Judeti Zilli. Ambas mulheres progressitas e petistas.
Ricardo Jimenez