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terça-feira, 25 de junho de 2024

GEDUC responde solicitação do Blog O Calçadão




O Grupo de Atuação Especial de Educação atendeu solicitação e esclareceu como anda a investigação sobre a denúncia de racismo realizada pela SME ocorrido durante o JEESP


No dia 15 de junho, o blogue O Calçadão entrou em contato com Dr. Naul Luiz Felca, Promotor de Justiça do GEDUC/NRP, questionando sobre a informação relacionada à denúncia da Secretaria Municipal de Educação sobre ofensas racistas cometidas por alguns estudantes do Sabin, Unidade Jardim Califórina, direcionadas aos alunos da EMEF. Elisa Duboc Garcia ocorrida durante os Jogos Esportivos Escolares do Estado de São Paulo, no mês passado. 

Na ocasião, o blog quis saber se o MPSP acatou a denúncia e se o Dr. Naul Luiz Felca estaria à frente do caso. A resposta veio na tarde desta terça-feira (25). 

A resposta do GEDUC, representada na Oficial de Promotoria Luciana Masson Leoncini, informa que, por ordem do Promotor de Justiça Dr. Naul Luiz Felca foi aberto um processo de investigação em resposta a denúncia. O objetivo é apurar o caso relatado na denúncia e, para isso, foram enviados ofícios solicitando informações relevantes. No momento, a investigação está aguardando o retorno desses ofícios para prosseguir com as diligências necessárias.

Leia a resposta na íntegra.

Por determinação do Dr. Naul Luiz Felca, Promotor de Justiça do GEDUC/NRP, em atendimento a e-mail enviado, informamos que, a partir de representação encaminhada, foi instaurado expediente para apuração do caso em tela, estando, ainda, no aguardo de retorno de ofícios expedidos.

Atenciosamente.
Luciana Masson Leoncini
Oficial de Promotoria

GEDUC/NRP

O que é o GEDUC?

O GEDUC atua na identificação, prevenção e repressão aos atos ou omissões capazes de corresponder à violação ou à ameaça de lesão a interesses difusos e coletivos relativos ao direito à educação, em especial aos princípios assegurados na Constituição Federal.


Ribeirão Preto realiza 7ª Conferência Municipal das Cidades

 

A arquiteta Gabriela Furtado fala durante a abertura da
Conferência Municipal da Cidade de Ribeirão Preto.
Fotos: Filipe Augusto Peres

 

A Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, organizou nos dias 21 e 22 de junho a 7ª Conferência Municipal da Cidade de Ribeirão Preto (7CMC-RP). A Conferência foi conduzida pela arquiteta Gabriela Furtado, servidora da Secretaria da Saúde.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Professor Elias - uma vida em defesa da educação

Elias fez a diferença como professor e como diretor

Elias Reis, filho da Vila Tibério, botafoguense de coração e guerreiro incansável na luta pela educação. Nascido em um ambiente humilde, enfrentou desde cedo as dificuldades que a vida lhe impôs. Mas nada disso o impediu de seguir em frente e conquistar seus sonhos.

Estudante do Sinhá Junqueira, Elias viu-se obrigado, ainda na infância, a conciliar os estudos com o trabalho para ajudar a família. De engraxate à polícia mirim, ele sempre se esforçou para alcançar seus objetivos. Ao buscar vaga no ensino público para realizar o ensino médio, se deparou com a falta de vaga, principalmente para alunos pobres. Mas a falta de acesso ao ensino médio público não o impediu de buscar conhecimento: pagou com seu trabalho o ensino médio no Colégio Brasil.

Sua trajetória acadêmica foi sempre marcada por desafios e superações. Atrasou seu curso superior porque precisava trabalhar, mas nunca desistiu de seu sonho. Prestou um concurso de nível técnico no Hospital das Clínicas e, com um salário um pouco melhor, conseguiu ingressar no curso de ciências sociais na Barão de Mauá, onde estudou com grandes mestres como Gilberto Abreu e Melhem Adas. 

O professor de cursinho que atraía alunos e enchia salas de aula

Na faculdade, participou da campanha das Diretas e vivenciou o processo de redemocratização do país.Seus passos foram guiados pela paixão pelo ensino e pela democracia. 

Desde cedo começou a dar aulas, inclusive nas escolas públicas onde não teve oportunidade de frequentar como aluno. Criativo, fundou um cursinho em 1987, reintroduzindo a tradição democrática nas ciências humanas no Cooperativa Universitário Bandeirantes.

Era uma época de explosão dos cursinhos pré-vestibular e de competição entre os melhores. Foi assim que Elias, após o fechamento do Cooperativa, iniciou brilhante carreira como professor de cursinho, em Ribeirão, Franca e todo o interior de São Paulo. 

Paralelo a isso, entrou por concurso como professor na rede estadual, dando aula nas escolas Edgardo Cajado e Tomaz Alberto Whately. “Eu ganhava dinheiro dando aula em cursinhos, mas utilizava minha estada na rede pública estadual para desenvolver o trabalho de dar oportunidade aos estudantes dali de terem um horizonte de sucesso educacional”, diz orgulhoso.

Por um determinado tempo, se licenciou sem remuneração da rede estadual para acompanhar sua esposa, durante o curso de medicina, na cidade de Catanduva.


Retornou a Ribeirão Preto e à rede estadual como diretor de escola. Elias continuava sua missão incansável pela melhoria da educação pública, ao mesmo tempo em que seguia construindo uma trajetória notável em cursinhos como COC, Anglo e também escolas da região. No palco dos cursinhos, Elias viveu a época dos “professores estrelas”, que atraíam as matrículas e enchiam salas de aula.

Mas sua luta maior estava na rede estadual. Combateu duramente os retrocessos educacionais impostos pelo modelo de Estado mínimo, como o fechamento do noturno e do EJA, do qual sempre foi um entusiasta.

Elias foi um diretor querido e lembrado na escola João Palma Guião, no bairro do Dom Mieli. Também é inesquecível na Escola Divo Marino, do Portal do Alto. O nome dado à escola, inclusive, foi fruto de sua luta pessoal: “Ou davam um nome de um professor, alguém ligado à educação, ou meu conselho de escola não aprovaria”, afirma.


 

O orgulho ao relembrar a sua trajetória

Elias é exemplo vivo da importância do diretor na construção da identidade escolar.Profundo conhecedor dos desafios enfrentados pelos estudantes menos favorecidos economicamente ou socialmente - pois ele mesmo já foi um destes estudantes - Elias Reis é mais que professor: é um mentor inspirador que prova diariamente seu amor à educação através das suas atitudes dentro e fora das salas de aula.



Texto de Ricardo Jimenez

terça-feira, 18 de junho de 2024

Docentes, alunos discriminados e familiares cobram os desdobramentos das investigações


Imagem gerada por IA


Ministério Público investiga ato de discriminação racial em jogo escolar

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Conselho Federal da OAB conclui que PL 1904/2024 é inconstitucional, inconvencional e ilegal

 

Foto:Raul Spinassé


Da página da OAB

O Conselho Pleno do CFOAB aprovou, por aclamação, pela inconstitucionalidade do Projeto de Lei (PL) 1904/2024, que equipara o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples, inclusive nos casos de gravidez resultante de estupro. O parecer técnico-jurídico da comissão criada pela Portaria 223/2024 foi apresentado e votado nesta segunda-feira (17/6) pelos 81 conselheiros federais. 

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Para Francisco Antônio de Souza, brasileiro e trabalhador, lutar sempre foi um verbo necessário

 

Francisco, na comunidade Nazaré Paulista

Nascido no Piauí, com passagem pelo Ceará. A vida de Francisco Antônio de Souza, o Francisco da Comunidade Nazaré Paulista em Ribeirão Preto, não é muito diferente da vida de milhões de trabalhadores brasileiros, para os quais lutar é, e sempre foi, verbo necessário.

Pedreiro de profissão, Francisco teve uma longa caminhada até chegar em Ribeirão Preto em 2001, procurando por trabalho. Morou em vários lugares, já se conscientizando da importância da questão da moradia para quem vive do próprio trabalho. 

Antes de se arriscar na ocupação de um terreno abandonado na região do aeroporto, atual Nazaré Paulista, em 2015, Francisco ainda teve de lutar pela vida após ser atropelado quando voltava do trabalho e passar 11 dias em coma.

Chegou na ocupação da Nazaré Paulista junto da esposa e duas filhas. Logo de cara teve de lidar com um novo desafio: ser uma liderança comunitária. A luta não dá muito espaço para pensar e, em 2015, o fantasma da remoção forçada rondava a comunidade todos os dias e, principalmente, todas as noites.

Quando se viu, Francisco já estava envolvido na luta pela moradia, junto com dezenas de outros moradores todos assessorados por um conjunto de estudantes de direito da USP que atuavam na comundade num projeto denominado de Najurp. Foi atuando junto ao Najurp que Francisco conheceu uma personagem que até hoje é bastante falada na Nazaré Paulista, a "doutora" Ana. No caso, era a estudante de direito e atual advogada Ana Mauer.

"A doutora Ana foi a primeira a nos dar apoio numa luta que parecia perdida", diz ao lembrar do passado.

Entre 2015 e 2018 muita luta aconteceu. Muita gente se aproximou da comunidade. Advogados, ativistas sociais, professores, assistentes sociais, a própria defensoria pública. Francisco lembra de muitos. "É preciso lembrar do doutor Vitor Hugo da defensoria, da Marina do Armazém Baixada, do Padre Chico, de tanta gente que fez da nossa causa uma forma de ajudar", lembra.

A ocupação em terreno particular afastava o diálogo com a Prefeitura: "Fomos umas dez vezes acampar em frente da Prefeitura. O movimento de moradia juntava as comunidades. A gente subia para falar com o Prefeito e era sempre a mesma coisa: ele dizia que podia dar esperança para todo mundo, menos para a Nazaré, porque ali era área particular. Às vezes batia o desânimo mas nunca a desesperança. Eu sempre acreditei em Deus e na luta".

Após a passagem inicial do Najurp e da doutora Ana, a causa da comunidade foi parar nas mãos do advogado Jorge Roque e com ele veio a mais esperada das notícias em 2021: a Justiça dava ganho de causa aos moradores. A área, apesar de ser particular, estava abandonada há anos, antes mesmo das primeiras ocupações, e a Justiça julgou em benefício daqueles que não têm onde morar. Os moradores da Nazaré Paulista, representados por sua associação e pelo Dr. Jorge Roque, ganhavam a posse da área. Fim do pesadelo da remoção forçada.

Numa luta coletiva, há sempre muitos braços, e Francisco não deixa ninguém de fora. Lembrando sempre com carinho de todos que passaram e contribuíram com a Nazaré, Francisco reconhece a importância do doutor Jorge na conquista da posse da área pela comunidade. "Foi uma luta coletiva de muitos anos onde cada um tem a sua importância", completa.

Hoje a Nazaré Paulista é bem diferente do seu começo. São mais de 600 famílias num verdadeiro bairro ao lado da cerca do aeroporto e entre os históricos bairros do Jardim Aeroporto e do Jardim Jóquei Clube. A luta atual é pela regularização fundiária urbana, a transformação concreta em um bairro, com CEP e Escritura.

Num domingo de junho, a Associação de Moradores atual e um grupo de profissionais ligados a um projeto do Sindicato dos Arquitetos de São Paulo celebravam o término de um projeto técnico que será entregue na Prefeitura: são os mapas urbanos da regularização fundiária da Nazaré. Fruto, mais uma vez, da colaboração de ativistas preocupados com a comunidade. E entre jovens arquitetos e urbanistas do grupo, estava uma advogada chamada Ana Mauer. Sim a "doutora" Ana, realizando, talvez, seu último gesto de colaboração com a Nazaré Paulista, ajudando do toque final, a regularização fundiária de uma comunidade que muitos acreditavam que seria derrubada pelos tratores madrugadores que apavoram os mais de 49 mil sem-teto de Ribeirão Preto.

Mas a Nazaré sobreviveu e vai sobreviver. É um exemplo de luta para Ribeirão Preto.

Perguntado sobre qual é o seu sonho agora, depois de tudo que se passou, Francisco da uma resposta que somente alguém que tem uma consciência de classe forjada na luta coletiva pode dar: "Meu sonho é ver a comunidade se transformar num bairro, com todo mundo com moradia, luz, endereço, água e dignidade". 

"Cheguei aqui com esposa e duas filhas. Hoje tenho dois genros e netos. Ter uma casa é o princípio básico para se ter direitos", termina.

Os sonhos de Francisco são sempre sonhos coletivos.


Texto de Ricardo Jimenez para o Blog O Calçadão


Adendo: O Calçadão recebeu as seguintes informações após a publicação do texto - "o projeto de regularização fundiária da Nazaré Paulista foi fomentado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo e não pelo Sindicato"; "a Dra Ana Mauer entrou com o processo de posse na área na Justiça em 2019 antes da entrada do Dr. Jorge Roque e o processo foi ganho quatro meses depois" (confirmando que a luta na Nazaré Paulista foi uma luta coletiva); "a Dra Ana Mauer atuou como estudante de direito no Najurp na Nazaré Paulista entre 2012 e 2015, após isso ela foi a advogada da comunidade até 2019".



A economia brasileira no rumo certo - por Alexandre Padilha

 


Ao contrário do que os pessimistas esperavam e diziam por aí, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem apresentado crescimento expressivo, mostrando a consistência de nossas políticas de recuperação econômica. 

Dados divulgados nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam avanço de 0,8% do PIB em comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Paralelo a isso, o Ministério da Fazenda prevê uma projeção de crescimento de 2,5% para o ano de 2024. E mais: de acordo com as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil vai subir para a 8ª posição no ranking dos maiores PIBs do mundo.

Os resultados positivos são consequência direta de ações exitosas do governo, com destaque para o aumento dos novos investimentos no país, para o setor de serviços e agropecuária e para o aumento do consumo das famílias brasileiras.

Desde seu primeiro dia de mandato, o presidente Lula deixou claro que a prioridade do nosso governo seria reduzir o desemprego, aumentar o salário mínimo, controlar a inflação e criar um ambiente propício ao investimento privado.

Depois de quatro anos de obscurantismo, era preciso mostrar para o mundo que o Brasil está de volta ao rumo certo do desenvolvimento. A reabilitação institucional que promovemos no primeiro ano de governo possibilitou aprovação da Reforma Tributária, do novo marco fiscal e reorganização do orçamento público para garantir mais recursos para os programais sociais. Com isso, a dupla de sucesso governo federal e Congresso Nacional está trabalhando para aprovar as medidas necessárias para o pleno crescimento econômico do nosso país. 

E o recado foi compreendido: as empresas estão com mais investimentos para maquinários, a construção civil está ampliando seus empreendimentos para além de programas habitacionais, abrindo novos postos de trabalho. E, assim, o ciclo positivo se renova e economia brasileira pode avançar com mais ciência e novas tecnologias.

O governo federal está mobilizando todos os esforços para garantir o compromisso do presidente Lula: fazer o Brasil crescer, voltar a ser uma das melhores economias do mundo e gerar qualidade de vida para os brasileiros. Até agora, o ‘efeito Lula’ tem mostrado sua eficácia. 

*Alexandre Padilha é médico, professor universitário, ministro das Relações Institucionais da Presidência da República e deputado federal licenciado (PT/SP). Foi Ministro da Coordenação Política no primeiro governo Lula, da Saúde no governo Dilma e Secretário da Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.


Audiência na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados aborda aumento da desertificação no Brasil

 

Mário Agra / Câmara dos Deputados

A crescente desertificação no Brasil em meio a um alerta global da ONU sobre a seca em escala planetária foi discutida em uma audiência na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados na última terça-feira (11).


Em 2023, eventos extremos de seca afetaram uma em cada quatro pessoas no mundo, um aumento de 29% desde 2000, segundo Ibrahim Thiaw, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).

De acordo com Thiaw, a cada segundo, o mundo perde o equivalente a quatro campos de futebol de terra saudável devido à destruição da vegetação nativa e ao mau gerenciamento da terra, totalizando 100 milhões de hectares anualmente.

Para o secretário da UNCCD, se as tendências atuais continuarem, será necessário restaurar 1,5 bilhão de hectares até 2030 para alcançar a neutralidade na degradação da terra.

"Se as tendências atuais continuarem", completou Thiaw, "vamos precisar restaurar 1,5 bilhão de hectares de terra até 2030 para atingir a meta de neutralidade na degradação da terra. As secas (no mundo) estão ocorrendo com mais rapidez e representam uma emergência sem precedentes em escala planetária”

A emergência causada pelas mudanças climáticas será um dos principais temas da COP-16 de Desertificação, em dezembro na Arábia Saudita. As discussões focarão em novas metas de neutralidade na degradação da terra, resiliência à seca e fortalecimento dos sistemas agroalimentares.

Qual o papel do Brasil no debate global?

Durante a audiência, Ibrahim Thiaw destacou o papel do Brasil como líder global no comércio de commodities agrícolas e produção de energia hidrelétrica, além de suas áreas florestais que regulam o sistema de chuvas.

Alexandre Pires, diretor de Combate à Dessertificação do Ministério do Meio Ambiente, relatou a seca histórica na Amazônia e a expansão de áreas semiáridas para clima de deserto como eventos causados pelas mudanças climáticas.

38 milhões de pessoas afetadas

Alexandre trouxe dados para mostrar os efeito dessas mudanças. Áreas no norte da Bahia e sul de Pernambuco, abrangendo aproximadamente 6 mil km², agora possuem clima árido, e o clima semiárido se expandiu em 370 mil km², afetando aproximadamente 38 milhões de pessoas, incluindo agricultores familiares, povos indígenas e comunidades quilombolas.

“Na região norte do estado da Bahia e no sul de Pernambuco, oito municípios, em um polígono de aproximadamente 6 mil km2, aparecem como clima árido. O Cemaden também apresentou para nós uma ampliação do clima semiárido sobre o clima subúmido seco na ordem de 370 mil Km2”

O agronegócio e a mineração são os principais vilões das mudanças climáticas no Brasil

Pires também alertou sobre o surgimento de clima subúmido seco no norte do Rio de Janeiro e no Pantanal, atribuindo isso à expansão agropecuária e mineração sem manejo adequado, que resultam em desmatamentos e degradação do solo.  O diretor falou que governo federal está atualizando o Programa Nacional de Combate à Desertificação de 2005, desenvolvendo projetos em parceria com o Fundo Global para o Meio Ambiente.

Gustavo Goretti, Coordenador Geral de Irrigação e Conservação de solo e Água, do Ministério da Agricultura, mencionou que as ações contra a degradação de solos áridos estão sendo revisadas no Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima. Ele destacou a necessidade de disponibilizar tecnologias para produtores rurais através de assistência técnica.

Rafael Neves, da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), defendeu a valorização dos conhecimentos tradicionais dos povos da Caatinga para combater a desertificação, destacando o potencial da Caatinga em reter carbono e alimentar a população local.

“É esse conjunto de práticas com a Caatinga em pé sustentada pelo povo do território que dá a capacidade de a gente virar esse jogo. A Caatinga talvez tenha um dos maiores potenciais de reter carbono no Brasil e a capacidade, inclusive, de alimentar o seu povo”

O deputado Fernando Mineiro (PT-RN) anunciou que a Comissão de Meio Ambiente da Câmara criou uma subcomissão para tratar da Caatinga e articular as ações que o Brasil apresentará na COP-16 de Desertificação.

Em Ribeirão Preto, mesa debateu emergências climáticas


Fotos : Filipe Augusto Peres


Debate ocorreu na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP

Como atividade ligada ao Dia Mundial do Meio Ambiente, aconteceu na quinta-feira (6), no auditório André Jacquemin, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP/Ribeirão Preto, a mesa de debates “Emergências Climáticas: não existe planeta B”. Na mesa, estiveram presentes Annie Hsiou (Bióloga e docente da USP), Bruna Silva (Agroecóloga e coordenadora da Rede Emancipa, Perci Guzzo (Ecólogo e escritor), e Daniel Caiche (pesquisador e consultor em florestas urbanas) e Manuela Aquino (Socióloga Direção Estadual do MST). A mesa foi mediada por Bruna Silva e promovida pela Revista Movimento.

Manuela Aquino

Em sua fala, Manuela Aquino, da Direção Estadual do MST, ressaltou a importância de valorizar os conhecimentos locais e tradicionais, aliando-os ao conhecimento científico, na busca por um modelo de desenvolvimento mais sustentável.

Manu citou a questão mineral e seus impactos nas comunidades, sobretudo no Vale do Ribeira, e evidenciou a urgência de repensar o atual modelo de exploração dos recursos naturais. 



Segundo Manuela, as emergências climáticas e o modelo de desenvolvimento capitalista, baseado na exploração dos recursos naturais, têm gerado consequências prejudiciais para a sociedade.

“A gente tem colocado, entendendo que isso faz parte desse modelo de desenvolvimento do capital que tem nos colocado, que é baseado na espoliação dos bens naturais nossos, e aqui, no Brasil, muito marcado por esse modelo do agro-hidro-minério-negócio”.

Ela mencionou problemas como crises econômicas, desemprego, precarização do trabalho, urbanização, violência, feminicídio e uso excessivo de agrotóxicos, como exemplos das causas e consequências desse modelo. 

A dirigente também abordou os desastres ambientais ocorridos no Brasil, como a escassez de água em São Paulo, os crimes ambientais relacionados à mineração em Brumadinho e Mariana, e a contaminação da água potável por substâncias químicas. Além disso, Manuela ressaltou o aumento da fome no país e a possibilidade de extinção de alimentos, como o feijão. 

Para Manuela, esse modelo de desenvolvimento está diretamente ligado à destruição ambiental e à exploração indiscriminada dos recursos naturais, como água e ar. 

“Quando a gente vai pensar um pouco, acho que isso é bom entender, esses crimes, a partir desse modelo que a gente tem colocado do agronegócio, é baseado nessa questão da monocultura, do desmatamento, das queimadas, nesse uso abusivo dos agrotóxicos, dos transgênicos, dos fertilizantes. Precisamos ver que esses crimes climáticos que a gente tem vivenciado são principalmente fruto dessa espoliação e dominação desses meios naturais pelo grande capital”. 

Aquino argumentou que é imprescindível uma mudança para um modelo agroecológico e político, além de denunciar os responsáveis por esses crimes ambientais. 

A dirigente do MST enfatizou o papel do movimento na defesa do meio ambiente e da reforma agrária e destacou a importância do campo brasileiro e dos povos do campo na preservação da água, terras, florestas e biodiversidade é mencionou algumas ações do MST, como a produção agroecológica no assentamento Mago Largo, em Ribeirão Preto, e lembrou as ações que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra tem realizado nesta “Jornada Nacional em Defesa da Natureza”, com o intuito de denunciar os crimes ambientais e seus responsáveis.

Neste contexto, a socióloga ressaltou a relevância da solidariedade e da luta do movimento social. 

Ao final de sua fala, Manuela alertou sobre a importância de estarmos atentos às movimentações políticas relacionadas ao meio ambiente, como propostas de alteração na legislação ambiental e privatização dos recursos hídricos e encerrou com a seguinte frase: "Em tempos de desamor, o amor é revolucionário. Em tempos de destruição, plantar".

Daniel Caiche

Em sua fala, o pesquisador e consultor em florestas urbanas, Daniel Caiche, destacou a importância de se discutir a gravidade das alterações climáticas e a necessidade de ações imediatas para mitigar seus efeitos. Durante sua intervenção, o pesquisador abordou a relação direta entre o aquecimento global e as atividades humanas, destacando que a urbanização desenfreada contribui muito para a intensificação dos desastres climáticos. Além disso, Caiche alertou para a crescente frequência de eventos climáticos extremos, como os recentes casos de tragédias no Rio Grande do Sul e na Índia, que resultaram em perdas humanas e materiais. 

"A partir de atividades humanas, o aquecimento global já existiu na história do planeta em outros momentos de forma natural, mas o que a gente está falando, agora, é do aquecimento global devido às atividades humanas. Desde a época da Revolução Industrial, a partir das nossas atividades, a gente, não os oceanos, está mudando a rota da águas, de ventos, correntes de águas, está mudando todo o clima do planeta"



O pesquisador também chamou a atenção para a importância de se investir em medidas preventivas e sistemas de alerta para minimizar os impactos futuros das mudanças climáticas. Ele destacou a necessidade de uma ação conjunta e urgente para combater as causas e consequências das emergências climáticas, ressaltando que os custos da inação são muito maiores do que os investimentos em prevenção. 

Daniel ainda ressaltou a importância da conscientização e da cooperação global para enfrentar os desafios climáticos atuais e futuros.

Perci Guzzo

Ecólogo e escritor, Perci Guzzo,  destacou que eventos climáticos extremos têm interrompido a vida cotidiana dos habitantes nas cidades. Em sua apresentação, ele utilizou alguns slides para guiar sua fala e discutir a insustentabilidade de certas situações que a sociedade enfrenta atualmente e abordou questões como a dificuldade de manter a produtividade e de aproveitar a vida em dias extremamente quentes, destacando o desconforto e os problemas de saúde decorrentes dessa nova realidade climática. Ele mencionou a necessidade de renaturalizar as cidades e reformar os sistemas de drenagem, sugerindo a implementação dos chamados "jardins de chuva". 

A vegetação foi destacada como um elemento essencial para enfrentar esses desafios climáticos. O ecólogo destacou a insustentabilidade dos incêndios no interior de São Paulo, prevendo que em breve esses incêndios poderão vir a estar fora de controle. 

"Os nossos sistemas de drenagem, quando chovem, são para jogar água rapidamente para fora da cidade. Nós precisamos renaturalizar as cidades, refazer o sistema de drenagem, o chamados jardins de chuva. O elemento vegetação é fundamental, ele é essencial, ele é o maior aliado nesse momento para a gente."



Outra questão apontada pelo escritor foi a necessidade de tomar decisões e medidas para lidar com questões insustentáveis, como a mobilidade urbana, propondo transporte público mais eficiente. O autor destaca a importância de tomar decisões políticas baseadas em conhecimento e agir coletivamente para enfrentar os desafios climáticos.  A relevância das eleições municipais e a necessidade de avaliar como os candidatos abordarão as mudanças climáticas em suas campanhas foi outro ponto apontado por Perci. 

Usando Porto Alegre como exemplo, Percy ainda refletiu sobre a preparação e resposta a desastres, usando Porto Alegre como exemplo. Ele destacou que uma melhor preparação poderia ter reduzido a quantidade de mortes e sofrimento durante eventos climáticos extremos, e destacou a importância de a infraestrutura e serviços básicos funcionarem adequadamente em momentos de crise.

Annie Hsiou

Annie Hsiou, Bióloga e docente da USP, apresentou três temas principais em sua fala: a situação do Rio Grande do Sul, a centralidade da luta ecossocialista, e as ações necessárias para enfrentar os desafios atuais. ,

 A situação do Rio Grande do Sul 

Annie discutiu a recente enchente que devastou o Rio Grande do Sul, começando pelo centro do estado, afetando rios como Jacuí, Caí e Taquari. Em sua fala, a bióloga destacou que a falta de permeabilidade do solo, devido à pecuária e agricultura extensiva, agravou a situação, resultando em 170 mortes e meio milhão de pessoas afetadas e destacou que, embora a solidariedade seja importante, neste contexto esta se torna insuficiente para resolver o problema estrutural. 

"Porto Alegre, a capital do Rio Grande do Sul, está localizada num lago, exatamente no encontro, num delta. Então, choveu tanto nessas regiões, tanto na central quanto na de serra, e que são fortemente impactadas pela pecuária, pela agricultura extensiva, de décadas, de muito tempo e de séculos, exatamente, e hoje com uma cultura da silvicultura muito forte também dentro do Estado, acabou levando a isso. Não tem condições mais de filtração, de permeabilidade do solo. [...] E isso levou, então, a mais de 170 mortes, 40 desaparecidos e meio milhão de pessoas atingidas. Não é pouca coisa".

A Centralidade da Luta Ecossocialista 



Hsiou argumentou que o capitalismo é incompatível com a vida sustentável e a preservação ambiental. A docente uspiana citou a pandemia como um sinal de eventos climáticos extremos e a crise climática. Para Annie, a luta deve focar no ecossocialismo, o qual responsabiliza grandes indústrias e multinacionais pelos danos ambientais. Ela criticou o "capitalismo verde" e defendeu uma nova lógica econômica e ambiental. 

"Para alguns pode ser um novo vocabulário, mas para muitos é uma palavra de luta, que seria o ecossocialismo, de trazer que hoje quem polui, quem mata, quem está fazendo que os rios transbordem são as grandes indústrias, são as grandes empresas. A gente não está falando de (pequenos) agricultores que têm a sua cabeça de gado. A gente está falando de empresas, de multinacionais, que não é poucas cabeças de gado, são milhões de cabeças de gado. Estão não só emitindo gases, mas também pisoteando esse solo, que vai gerar mais desmatamento".

O Que Fazer? 

A bióloga apontou para a necessidade de ação coletiva e organizada para enfrentar as catástrofes climáticas e criticou a política ambiental dos governo de extrema direita de Eduardo Leite (PSDB-RS), mencionando flexibilizações de licenças ambientais e a extinção de órgãos importantes, como a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul realizadas pelo governador.

Fonte: Câmara Notícias

 


quarta-feira, 12 de junho de 2024

Ambientalistas defendem participação popular nas políticas para enfrentar desastres climáticos

 

Ivan Valente (C) é um dos autores do pedido para realização do seminário
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara Notícias


Da página Câmara Notícias

Ambientalistas que participaram de seminário sobre adaptação climática, realizado nesta terça-feira (11) na Câmara, reivindicaram participação social na elaboração das políticas públicas relacionadas às mudanças do clima.

quarta-feira, 5 de junho de 2024

STF recebe denúncia contra Sérgio Moro pelo crime de calúnia

 



Da página do STF

Por unanimidade, o colegiado seguiu a relatora, ministra Cármen Lucia