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quarta-feira, 12 de março de 2025

Prisão de acusados por atentado em assentamento do MST é decretada pela Justiça

 

"Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio mas toda uma vida de luta"
Foto: Filipe Augusto Peres

Ligado à especulação imobiliária, crime aconteceu em janeiro no Assentamento Olga Benário, em Tremembé/SP

A 2ª Vara da Comarca de Tremembé, no interior de São Paulo, determinou nesta quarta-feira (12) a prisão preventiva de quatro suspeitos envolvidos no massacre ao Assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O crime ocorreu em janeiro e resultou na morte de duas pessoas, Valdir do Nascimento de Jesus e Gleison Barbosa de Carvalho, além de deixar quatro feridos.

 

A decisão da Justiça foi tomada após o Ministério Público apresentar uma denúncia na terça-feira (11), a qual foi acatada no dia seguinte. De acordo com o órgão,

 

"os crimes foram praticados por motivo torpe, propiciando perigo comum e mediante a utilização de recurso que dificultou a defesa das vítimas".

 

A investigação apontou que a motivação do crime foi uma disputa relacionada à ocupação irregular de um lote no assentamento por um dos acusados. Os nomes dos denunciados não foram divulgados, mas o Ministério Público informou que um deles já se encontra preso, enquanto os outros três permanecem foragidos.

 

Os promotores Daniela Michele Santos Neves e Alexandre Mourão Mafetano, em conjunto com membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), destacaram que 


"a situação gerou discussão e ameaças às vítimas, inclusive promessas por parte de um dos autores de que retornaria mais tarde para resolver a questão. Em seguida, ele arregimentou familiares, amigos e conhecidos, tendo retornado ao assentamento no mesmo dia, tarde da noite, para praticar os crimes".

 

Durante o Ato por Reforma Agrária, Vida e Justiça, realizado em 18 de janeiro em Tremembé/SP, Gilmar Mauro, da Coordenação Nacional do MST, denunciou que o capital imobiliário, em conluio com políticos e milícias, estaria por trás dos assassinatos de Valdir do Nascimento e Gleison Barbosa Carvalho. Na ocasião, Gilmar destacou que a luta pela reforma agrária continuará até que não haja mais sem-terra no Brasil.

 

"Vamos defender aquele território do Olga e todos os territórios conquistados com muita luta e sacrifício. Continuaremos até que exista um sem-terra nesse país; é nossa obrigação fazer a ocupação de terra e a reforma agrária através da luta popular".


Gilmar Mauro em fala à imprensa durante o ato
Foto: Filipe Augusto Peres

Referência em agroecologia desde o seu surgimento, Assentamento Olga Benário está regularizado desde 2005.


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