"Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio mas toda uma vida de luta" Foto: Filipe Augusto Peres |
Ligado à especulação imobiliária, crime aconteceu em janeiro no Assentamento Olga Benário, em Tremembé/SP
A 2ª Vara da Comarca de Tremembé, no interior de São Paulo, determinou nesta quarta-feira (12) a prisão preventiva de quatro suspeitos envolvidos no massacre ao Assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O crime ocorreu em janeiro e resultou na morte de duas pessoas, Valdir do Nascimento de Jesus e Gleison Barbosa de Carvalho, além de deixar quatro feridos.
A decisão da Justiça foi tomada após o
Ministério Público apresentar uma denúncia na terça-feira (11), a qual foi
acatada no dia seguinte. De acordo com o órgão,
"os crimes foram praticados por motivo torpe,
propiciando perigo comum e mediante a utilização de recurso que dificultou a
defesa das vítimas".
A investigação apontou que a motivação do
crime foi uma disputa relacionada à ocupação irregular de um lote no
assentamento por um dos acusados. Os nomes dos denunciados não foram
divulgados, mas o Ministério Público informou que um deles já se encontra
preso, enquanto os outros três permanecem foragidos.
Os promotores Daniela Michele Santos Neves e Alexandre Mourão Mafetano, em conjunto com membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), destacaram que
"a
situação gerou discussão e ameaças às vítimas, inclusive promessas por parte de
um dos autores de que retornaria mais tarde para resolver a questão. Em
seguida, ele arregimentou familiares, amigos e conhecidos, tendo retornado ao
assentamento no mesmo dia, tarde da noite, para praticar os crimes".
Durante o Ato por Reforma Agrária, Vida e
Justiça, realizado em 18 de janeiro em Tremembé/SP, Gilmar Mauro, da
Coordenação Nacional do MST, denunciou que o capital imobiliário, em conluio
com políticos e milícias, estaria por trás dos assassinatos de Valdir do
Nascimento e Gleison Barbosa Carvalho. Na ocasião, Gilmar destacou que a luta
pela reforma agrária continuará até que não haja mais sem-terra no Brasil.
"Vamos defender aquele território do Olga e todos
os territórios conquistados com muita luta e sacrifício. Continuaremos até que
exista um sem-terra nesse país; é nossa obrigação fazer a ocupação de terra e a
reforma agrária através da luta popular".
Gilmar Mauro em fala à imprensa durante o ato Foto: Filipe Augusto Peres |
Referência em agroecologia desde o seu
surgimento, Assentamento Olga Benário está regularizado desde 2005.
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