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sábado, 28 de março de 2015

Chanceler Mauro Vieira enfrenta muito bem a bizarrice direitista!


Essa semana o Ministro das Relações Exteriores, Chanceler Mauro Vieira, participou de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores no Senado. Foi a convite da Comissão para prestar esclarecimentos e atualizar os membros da Comissão sobre a política externa brasileira.

Dando uma olhada no plenário da Comissão, já se podia esperar o que vinha. Estavam lá Ronaldo Caiado, Agripino Maia, Tasso Jereissati, Ricardo Ferraço, além do Presidente da Comissão, Aloísio Nunes, autor recente do projeto de decreto parlamentar que visa proibir os médicos cubanos de atuarem no Brasil.

Os questionamentos dos Senadores não fugiram dos temas que ultimamente têm sido motivo de reportagens no Estado de São Paulo, Veja e TV Bandeirantes: Cuba, Venezuela, Mais Médicos, Estado Islâmico, China e Irã. Foi um show de "marcartismo" moderno, do estilo Olavo de Carvalho e Jair Bolsonaro, tão em voga nas recentes manifestações e tão oportunamente incentivado tanto pelo tucanato, quanto pela mídia.

A Venezuela foi chamada de ditadura, foi defendido o rompimento de relações tanto lá quanto com Cuba e Bolívia. Países "bolivarianos". As embaixadas brasileiras em países africanos e no Caribe foram chamadas de "gastos desnecessários" pelos Senadores Agripino e Jereissati. Caiado afirmou, com base em reportagem do jornalismo da Bandeirantes e da Veja, que os médicos cubanos são "agentes comunistas". O Mercosul, que o tucanato acha irrelevante e que Serra publicamente defende que seja extinto, foi contestado e, como de costume, a relação atual do Brasil com os EUA foi profundamente lamentada, porque é claro que os Senadores da oposição gostariam que estendêssemos o tapete vermelho sempre para os EUA.

É bom lembrar que a oposição (PSDB e mídia) tem dado lastro a esse discurso direitista e "neo-marcartista" como forma de tentar fustigar o governo. Ultimamente a oposição fez pouco do tratado dos BRICS, faz pouco do Mercosul constantemente, agride diuturnamente a Venezuela, Cuba, Irã e qualquer outro país que considera "ditadura" (menos a Arábia Saudita, claro), fez pouco do pronunciamento da Presidente Dilma sobre a necessidade de diálogo para se tentar compreender a questão do terrorismo, fez pouco das eleições de brasileiros para chefiarem a FAO e a OMC, ou seja, a oposição aposta no discurso raso, não só na política externa, mas em todos os setores.

O chanceler Mauro Vieira enfrentou muito bem o "neo-marcartismo" tucano. Defendeu a política externa brasileira, mostrou que o posicionamento brasileiro é tanto guiado pelas questões comerciais quanto por questões políticas e geopolíticas. Defendeu as embaixadas na África e no Caribe e mostrou que isto aumentou as transações comerciais e deu possibilidade de o Brasil poder avançar politicamente dentro da ONU (pois a partir de 2003 o Brasil tem ambições na ONU!) com as suas posições de defesa da multipolaridade. Defendeu o Mercosul e disse inclusive que até 2019 a liberdade de transações comerciais e de pessoas estará completada integrando, inclusive, o Peru, Chile, Equador e Colômbia.

Com relação aos BRICS, o Chanceler mostrou a importância do grupo no atual concerto geopolítico e mostrou para os senadores, que contestaram os investimentos do BNDES no porto de Mariel (em Cuba), nos países africanos e nos países da América do Sul,  que eles são estratégicos do ponto de vista político e comercial, lembrando que inclusive os EUA se aproximaram recentemente de Cuba justamente por esses investimentos.

Fez ver aos nobres senadores que cada vez mais a China tem investido em todas essas regiões e se o Brasil não ocupar também esses espaços acabará se tornando irrelevante diante da China nos próximos 10 anos.

Sem ser perguntado, o Chanceler discorreu sobre as dificuldades de completar a rodada Doha da OMC, por causa dos subsídios agrícolas da Europa. Disse também que a aliança do Pacífico (Chile, Peru e Colômbia) tem mais interesse em se integrar ao Mercosul do que em estreitar ainda mais os laços com os EUA.

Com relação ao programa "Mais Médicos", o Chanceler disse o que todos que defendem este programa deveriam dizer: vamos ver os resultados. E, vendo os resultados, a conclusão é a de que o programa é um sucesso. Com relação aos prováveis "agentes comunistas" cubanos, o Chanceler mais uma vez fez ver aos nobres senadores que esses "agentes" estão espalhados por mais de 60 países, inclusive combatendo o ebola na África, e que a OPAS é uma organização centenária e que presta serviços de saúde em parceria com Cuba até nos EUA! Sim, até nos EUA!

Enfim, esse tema que envolve o apoio tucano-midiático a esses discursos extremistas de direita será motivo de outros artigos no blog, mas fica claro o oportunismo dessa turma. Usam os extremistas para engrossar e fazer barulho na tentativa de aumentar uma crise, crise essa que tem mais méritos dos erros do governo do que da competência do tucanato.

Os tucanos e seu quase morto aliado o DEM, mostram-se cada vez mais rasos de discurso, simplistas de debate e só conseguem ainda alguma sobrevida graças à mídia, essa sim uma forte competidora, capaz de fustigar o projeto nacional.

Mauro Vieira mostrou que enquanto o projeto nacional eleito em 2003 e reeleito mais 3 vezes seguidas se mantiver na ativa, a política externa brasileira vai continuar a olhar o mundo com a visão do comércio mas também com a visão da geopolítica, com ambição e com proposta, nunca mais vai tirar o sapato para entrar em país algum.

Ricardo Jimenez




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