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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Mulheres de Ribeirão Preto dão um Show nos 16 dias de ativismo!

Ontem, 09/12, o blog O Calçadão acompanhou mais um evento dos 16 dias de ativismo pela não violência contra a mulher. Os 16 dias de ativismo feminista faz parte do calendário da ONU desde 1975, quando foi difundida a 'década da mulher'.

No mundo, os 16 dias se iniciam no dia 25 de novembro, data que marca o Dia Internacional de Não Violência contra a Mulher, uma data que remonta ao assassinato das ativistas Irmãs Mirabal na República dominicana em 1960. Passa pelo dia 1 de dezembro, Dia Mundial da Luta contra a AIDS (devido ao grande aumento de casos de AIDS entre mulheres, muito por causa da violência doméstica), pelo dia 3 de dezembro (Dia Mundial de Pessoas com Deficiência, uma homenagem inclusive a Maria da Penha), pelo dia 6 de dezembro, Dia da Campanha do Laço Branco (inclusão de homens no movimento em defesa das mulheres) e termina no dia 10 de dezembro, Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

No Brasil, tradicionalmente, os 16 dias se iniciam no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e neste ano, excepcionalmente, se iniciou no dia 18 de novembro quando se realizou a Marcha das Mulheres Negras em Brasília.


Conforme nos disse Ádria Maria Bezerra, Presidente da Casa da Mulher, 'o recorte racial é fundamental dentro do debate de gênero, porque os números da violência contra as mulheres são majoritariamente mais impactantes sobre as mulheres negras'.
São as mulheres negras que mais sofrem com a pobreza, com o desemprego, com a sub-moradia, com a violência e, pasmem, com o tráfico de pessoas. Segundos dados da ONU, 86% das pessoas traficadas no mundo todo, em um mercado que gira em 32 bilhões de dólares anuais, são mulheres jovens e negras, principalmente para o mercado que explora o sexo.

O tráfico de pessoas foi o tema da Palestra de ontem no Centro Cultural Palace. O evento começou com a palavra do escritor e ex-Secretário da Cultura Galeno Amorim, que destacou a questão cultural como um elemento fundamental de inclusão e desenvolvimento da cidadania. 'A cultura é um direito básico da cidadania', disse.

Em seguida a doutora Cláudia Patrícia de Luna (advogada e articuladora estadual da Rede de Proteção aos Direitos da Mulher, que congrega entidades do movimento social, Defensoria Pública, Ministério Público e Secretarias de Justiça Estadual e presidente do Movimento Nacional Contra o Tráfico de Pessoas) fez uma análise sobre a questão do tráfico de pessoas propriamente dito.

Cláudia destacou a existência de uma estrutura criminosa com ligações internacionais especializada em aliciar e traficar pessoas. 'Nessa questão do tráfico de pessoas, o consentimento é irrelevante diante do poder psicológico do aliciamento, se aproveitando sempre da fragilidade das pessoas para prometer a elas um mundo de fantasias', afirma.

O tráfico de pessoas é um mercado que reduz o ser humano à condição de coisa se aproveitando da pobreza para fazer o aliciamento. Além do tráfico de pessoas para o trabalho escravo e para o turismo sexual, há também o tráfico para a retirada de órgãos e para a adoção ilegal de crianças que se estruturam inclusive dentro de hospitais e setores institucionais de Estado.

A doutora Cláudia também fez questão de destacar a condição da mulher dentro dessa questão e sendo as mulheres negras e jovens o corte social e étnico mais afetado, não pode faltar no debate esse recorte específico. 'O machismo, a sociedade patriarcal e nosso passado escravocrata ainda não totalmente superados contribuem enormemente para a exposição da população negra e, particularmente, das mulheres negras aos perigos do tráfico de pessoas e para a exploração da condição humana', disse.


O blog O Calçadão faz questão de estar sempre presente e apoiando a causa das mulheres. Parabenizamos todas as entidades que se esforçaram para cumprir o calendário de eventos desses 16 dias de mobilização. A Casa da Mulher ( casadamulherribeiraopreto@gmail.com), a UBM Ribeirão Preto, o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, a Coordenação da Mulher do Sindicato dos Servidores Municipais, a ong Vitória Régia e todas as outras entidades envolvidas estão de parabéns.

A luta não para por aqui. Segundo o blog levantou, um dos objetivos do movimento de mulheres de Ribeirão Preto é consolidar uma Rede de Proteção da Mulher aqui na cidade, propondo e desenvolvendo políticas públicas que garantam a proteção e o direito das mulheres.

Este ano acompanhamos vários eventos feministas na cidade e sempre é bom lembrar que foi pela organização das mulheres que se realizou a Marcha Fora Cunha na cidade, um dos acontecimentos mais progressistas desse 2014 em Ribeirão.

Parabéns à luta feminista e contem sempre com O Calçadão.

Ricardo Jimenez


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