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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Secretário Nalini foi direto: terceirização da Educação Pública à vista!


"Muito ajuda o Estado que não atrapalha".

Essa foi a frase-chavão proferida pelo Juiz José Renato Nalini, que hoje responde pela Secretaria da Educação de São Paulo, em um artigo recente.

A frase e seu artigo causaram polêmica por defenderem o chamado 'Estado mínimo' (ainda mais porque o mesmo Juiz, não tão distante no tempo, foi gravado defendendo 'Estado máximo' para a carreira de magistrado, num corporativismo vergonhoso).

Tirando os argumentos típicos de um Kim Kataguiri, nada resta do artigo do Juiz além de um recado bem claro: o tucanato paulista pretende terceirizar/privatizar a educação e a saúde do Estado de São Paulo.

Seria muita ingenuidade acreditar que o Juiz falava 'por sua própria cabeça'. Coisa nenhuma! Quando Geraldo Alckmin o chamou para o cargo, no auge dos conflitos envolvendo a proposta de reorganização e as ocupações de escolas por estudantes, o plano já foi bem traçado.

Nalini falou pelo governo.

Privatizar a saúde e a educação públicas é uma agenda tucana porque é uma agenda do entreguismo, do capital internacional que opera no Brasil.

Era uma agenda da ALCA, barrada por Lula em 2003, e é uma agenda do neoliberalismo desde sempre, assim como o fim da estabilidade do funcionalismo e a flexibilização dos direitos trabalhistas.

Nalini ou qualquer tucano sabe que liberalismo econômico na prática não existe, é apenas uma teoria que hoje serve muito bem à luta ideológica do capital sobre os Estados nacionais.

O que impera no mundo são os oligopólios, as mega corporações que controlam os preços de tudo, dos produtos de alta tecnologia às commodities. Os Estados nacionais, nesse sistema, servem apenas à replicação do capital, através das escorchantes taxas de juros e dos endividamentos públicos.

Os direitos sociais e coletivos, assim como a autonomia dos Estados em planejar seu próprio desenvolvimento, são apenas empecilhos ao avanço do capital.

Nessa disputa imensa de poder, o liberalismo clássico passa longe. Na prática, liberalismo clássico, com seus discursos de liberdade comercial e igualdade de oportunidades entre os agentes econômicos, não existe desde o final do século 19, quando foi destruído pelos cartéis, monopólios e guerras mundiais.

O que surgiu no lugar foi a luta entre o fortalecimento do Estado nacional e a industrialização regional versus o capital transnacional, monopolizante e desindustrializante.

Hoje, esse capital transnacional é o neoliberalismo, que é, simplesmente, o poder das grandes corporações para o controle dos preços, da produção e do ciclo do dinheiro enquanto luta pelo enfraquecimento dos Estados nacionais como indutores do desenvolvimento local e regional.

Todos os países hoje em dia buscam adequar a liberdade da microeconomia com o planejamento macroeconômico, mas imperam no meio disso os interesses do capital transnacional.

Um Estado nacional forte, democratizado, com ambiente microeconômico livre mas investindo em ciência, tecnologia e industrialização é o pior inimigo do modelo neoliberal, o modelo das mega corporações.

Por isso que o capital e seus asseclas, como o tucanato e o Juiz Nalini, buscam a todo momento desestabilizar e enfraquecer qualquer alternativa de Estado nacional que tente se insurgir de maneira minimamente autônoma dentro do sistema.

Os BRICs, por exemplo, tiram o sono dessa gente. Um governo como os do PT no Brasil, ou como os do Kirchnner na Argentina, são obstáculos a serem removidos.

Nalini não falou sozinho, Nalini reproduziu um discurso combinado. Os Estados governados por tucanos vão passar a realizar um intenso processo de privatização do sistema público. Por isso saúde e educação ficaram, intencionalmente, de fora das 'prioridades' do Juiz Nalini.

Para ele, apenas Justiça e segurança são essenciais. Claro, é assim que eles pensam em construir a sua ditadura do futuro. Privatizam, retiram direitos sociais e oprimem os movimentos populares através de um Estado judicializado e policial!

O problema é que o tucanato, por falta de força política nacional, está sendo substituído por uma parte do PMDB fisiológico na tarefa de fragilizar o Estado nacional brasileiro. Hoje é Eduardo Cunha quem comanda na cadeira de Presidente da Câmara o golpe não só do impeachment de Dilma (para remover o PT do governo), mas da aplicação de uma pauta privatista e neoliberal, retirando direitos coletivos e sociais enquanto instala de vez o poder do dinheiro no sistema político.

A grana do grande capital montou um Congresso corrupto, entreguista e reacionário, comandado por um capo. Diante dessa gente, o PSDB vai se tornando apenas uma força auxiliar, mas ainda capaz de operar nos Estados, principalmente em São Paulo.

Ao ler e ouvir Nalini, professores e profissionais da saúde que coloquem as barbas de molho, vem chumbo grosso pela frente, principalmente se o golpe em curso triunfar

Contra o neoliberalismo, só uma forte rede de informação e a mobilização popular dão conta.

Lutar contra o golpe hoje não é defender o PT, é defender o futuro do país que queremos construir.

Ricardo Jimenez

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