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domingo, 26 de fevereiro de 2017

Chega de golpe, chega de Temer! É hora de unidade pela democracia!

Estamos vivendo um momento de ruptura na ordem democrática a partir de um golpe de um impeachment sem provas que cassou 54 milhões de votos e uma Presidente honesta para colocar no lugar as forças do atraso, defensoras dos grandes interesses do capital e defensoras da manutenção do velho coronelismo corrupto, já histórico no Brasil.


Para retirar do poder o partido e o projeto que este partido apresentou desde 2002, que barrou o neoliberalismo e introduziu o maior programa de desenvolvimento econômico com inclusão social dos últimos 60 anos, as forças do atraso, as forças golpistas, não titubearam em ferir o pacto democrático firmado na Constituição de 1988 e criar uma crise política tocada por um desgoverno sem competência e legitimidade.

O golpe instituiu no país um período de degradação moral e ética, com conluios corruptos firmados diante das câmeras e à luz do dia. O golpe instituiu o maior ataque já desferido contra os direitos mais sagrados do trabalhador, ameaçando inclusive o direito à aposentadoria.

O golpe instituiu um estado de exceção que persegue os inimigos e protege os aliados, trazendo para dentro dos órgãos de justiça e de Estado, que deveriam se pautar no rigor da lei, o jogo político-eleitoral, transformando juízes e procuradores em heróis vingadores e midiáticos, mas sempre com alvos seletivos e politicamente escolhidos.

Mas o golpe ainda está em andamento. Busca-se aparelhar o Estado, aparelhar a Justiça, como falsamente denunciavam que o PT faria. Sendo que no período petista, apesar de todos os erros, as escolhas eram feitas de modo republicano.

Busca-se, rapidamente, criminalizar os movimentos sociais, criando a ameaça de reintrodução de um Estado repressor contra as forças populares.

A maior e mais famosa operação 'anti-corrupção' tem um relógio político. Agiu para enfraquecer e derrubar Dilma, agiu para enfraquecer e prejudicar a imagem do ex-Presidente Lula (em um processo sórdido de caçada policialesca-midiática). Hoje, a mesma operação atua para retardar as delações que envolvam os parceiros de poder, tucanos e peemedebistas, que sustentam o desgoverno Temer, e proteger o próprio Temer.

Dizem que Temer só pode cair quando entregar todo o pacote de maldades, incluindo a proposta assassina de reforma da Previdência.

Precisamos compreender que um golpe só é dado quando o equilíbrio da correlação de forças na sociedade se rompe. E a partir da confirmação da quarta vitória eleitoral seguida do PT, em 2014, o equilíbrio se rompeu. Mídia, setores empresariais rentistas, setores dissidentes dentro do aparelho de Estado (o braço-armado do golpe atual) e uma maioria política de ocasião, formada pelo poder da grana empresarial e pela coação do braço-armado do golpismo, criaram as condições para o golpe.

A nova maioria política é sustentada no grupo tetra derrotado eleitoralmente, o PSDB, que não ganha uma eleição presidencial desde 1998, com o centro fisiológico que remonta ao fim da ditadura militar e ao 'Centrão' da constituinte, com força maior no PMDB, o fiel da balança do Presidencialismo de coalizão desde o governo Collor.

O centro fisiológico representado por PMDB e penduricalhos é sustentado pelo coronelismo regional e pelos políticos profissionais representantes do empresariado e do agronegócio e que se reproduz dentro do sistema podre de financiamento empresarial de campanhas. Já o PSDB é a voz dos interesses do capital e o fiador do movimento neoconservador, que desastradamente vai dando em Bolsonaro.

O programa apresentado, chamado de Ponte para o Futuro, criado pela conspiração golpista que, tudo leva a crer, se iniciou antes de 2014, é a mais brutal agenda neoliberal e entreguista já feita. Entregou-se o pré sal, cortou-se direitos e programas sociais e se reintroduziu a política do desemprego (12 milhões e subindo).

Olhando para a história, é possível perceber que já ocorreram outros movimentos de ruptura da correlação de forças, ruptura do pacto democrático. Antes desse, os golpes mais recentes foram desferidos contra o Trabalhismo, em 1954 contra Vargas e em 1964 contra Jango. O primeiro foi abortado com o suicídio de Vargas, mas o segundo implantou 21 anos de ditadura, exilando lideranças políticas de grande densidade, como Leonel Brizola.

O Trabalhismo era uma força tão forte e frutífera social e politicamente quanto o PT, até mais. Foi a primeira força de cunho nacional e popular a se enraizar no seio da classe trabalhadora e a apresentar um projeto soberano de desenvolvimento que criou os direitos trabalhistas e a base da infraestrutura nacional, e que serviu de inspiração até para Lula, principalmente a partir de 2005.

O estopim dos golpes contra o Trabalhismo são parecidos com os de agora: a ameaça de uma força popular, nacionalista e democrática de se consolidar no poder e na mente e coração do povo. Lá atrás foram a criação da Petrobrás e as reformas de base, hoje é a nacionalização do pré sal, a inclusão social dos mais pobres e as quatro vitórias eleitorais seguidas do PT.

Para enfrentar um golpe é preciso unidade, repactuação de forças. O que menos se precisa agora é de críticas fracionadoras, estreitas e que não colaborem para a unidade. É muito mais importante agora olhar o futuro e a reconstrução de um movimento maciço pela volta da legitimidade democrática do que ficar olhando para dentro procurando culpados pelo golpe ter acontecido.

E este blog enxerga dois pontos de equilíbrio para essa repactuação de forças, para essa unidade. Primeiro é Lula. Não que ele deva ser o nome já definido para 2018, mas porque é Lula que representa nesse momento o maior potencial de diálogo não só entre as forças vivas da sociedade mas também entre as forças políticas progressistas e democráticas, além de um canal de comunicação com a massa.

Lula é a figura mais perseguida pelos instrumentos do golpe, principalmente a mídia, e é ao mesmo tempo o maior denunciador do golpe. Lula levou o golpe até a ONU e Lula tem feito um combate gigantesco dentro da legalidade que ainda resiste para enfrentar o golpe aqui no Brasil.

Seja o dele o nome ou não a constar na cédula da provável eleição de 2018 ( porque essa eleição terá de ser garantida com luta), é em torno de Lula que existe o maior potencial de unidade. É em torno de Lula que há a possibilidade de enfrentar tanto o neofascismo que cresce com Bolsonaro quanto combater a tentativa do grupo golpista de substituir a roupa suja peemedebista pela camisa azul tucana, já em andamento.

Enquanto Lula estiver vivo e disposto a lutar, desculpe-nos, mas os movimentos mais importantes do tabuleiro são dele.

Outro ponto de unidade é a luta contra a proposta assassina de reforma da Previdência, que tem o potencial de arrebanhar amplas massas em um movimento massivo que se inicie na Previdência e termine na derrubada do desgoverno Temer, que vença o poder da mídia hegemônica, devolvendo ao Brasil a chance de retomar um novo pacto democrático.

Essa é a luta que já está se armando no horizonte para que possamos construir de fato um pacto político que nunca mais possibilite um golpe contra o povo e a democracia.

Blog O Calçadão

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