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domingo, 1 de julho de 2018

Golpe e 'lei da mordaça': para onde caminha o jornalismo?


Não há por parte deste blog nenhuma pretensão de debater com profundidade o jornalismo. 

Temos apenas o interesse de questionar qual o caminho do jornalismo diante da decisão dos donos dos veículos de mídia tradicional de entrar de cabeça no golpismo e, principalmente, na campanha de destruição de Lula.

É certo que a mídia brasileira é e sempre foi empresarial. Sempre foi controlada pelos interesses de grandes capitalistas, capitalizados nacional e internacionalmente. Os poucos exemplos de mídia independente, desde os tempos do império, não tiveram vida longa e nem tranquila.


Mas, mesmo com o domínio e poder dos empresários, havia os jornalistas. É possível perceber nos depoimentos de grandes jornalistas e nas leituras do passado que existia um respeito com a profissão, mesmo por parte dos empresários donos dos veículos.

Apesar da censura e dos editoriais favoráveis ao sistema, pode-se perceber o respeito aos jornalistas em momentos tensos da nossa história, como no Estado Novo, na turbulenta década de 1950 ou mesmo no período de ditadura civil-militar.

A investigação, a reportagem, a transcrição e análise imparcial do fato permaneceram. Mesmo os jornalistas que não conseguiram se adequar ao tradicional, fundaram jornais alternativos e eram respeitados por isso.

A pergunta é: e agora, nos nossos tempos, onde predomina a canalhice explícita, como será o jornalismo e o jornalista?

É um campo importante de pesquisa e é preciso entender se em algum outro tempo a mídia tradicional tomou tanto partido, mentiu tanto, omitiu tanto, manipulou tanto quanto hoje e com a participação direta dos jornalistas. 

Houve algum tempo onde os jornalistas se tornaram tão parceiros dos interesses de seus patrões, executando com tamanha pompa o jogo baixo da manipulação política?

O episódio do programa de entrevistas da TV Cultura com a pré-candidata Manuela D'ávila (PCdoB) apenas refletiu uma postura característica de nossos tempos. Lula e Dilma, esta também sofrendo machismo e misoginia, sofrem com isso há quanto tempo?

Como se sentiu um jornalista sério diante do Roda Viva?

Como se sente, por exemplo, um jornalista da Globo hoje, com a decisão de se implantar por lá a 'lei da mordaça'?

Hoje, assim como no passado, tendo na internet sua principal trincheira, jornalistas que não se adequam ao sistema procuram fundar uma mídia alternativa, de resistência.

Para fazer frente ao total descompromisso com a verdade e com o partidarismo anti-lulista da mídia hegemônica, resta à mídia alternativa, além de buscar apresentar ou repor a verdade dos fatos, carregar na tinta do contraponto político.

Por isso que hoje, para quem enxerga a mídia no Brasil de fora, percebe-se uma clara divisão entre golpismo e anti-golpismo. 

Traduzindo para a conjuntura do momento, enquanto a mídia hegemônica procura destruir Lula para consolidar o golpe, a mídia alternativa desconstrói o anti-lulismo para combater o golpe. 

Pode-se, inclusive, expandir esse cenário para o mundo.

Uma disputa entre Sansão e Golias.

Como isso se reflete no jornalismo e na relação entre os jornalistas?

Qual a relação ética e profissional que liga hoje os jornalistas que trabalham na mídia hegemônica e aqueles que constroem uma mídia alternativa?

Quais os caminhos do jornalismo?

Nos tempos de reintrodução neoliberal, de extermínio do projeto nacional de desenvolvimento, o poder do capital vai se apoderar ainda mais do jornalismo? A mídia alternativa, de internet, terá vida longa diante do poder do capital?

Essas são apenas algumas indagações cujas respostas fogem à nossa capacidade e competência, mas que precisam ser respondidas.

Para onde caminhará o Brasil, para onde caminhará o jornalismo?

Blog O Calçadão

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