Atualização dos números e do combate à pandemia
O mundo iniciou esta terça-feira, 7 de abril, com mais de 150 países registrando 1 milhão e trezentos e sessenta mil casos com 76 mil mortes. Apesar de começar a haver uma redução nos casos e nas mortes na Itália e na Espanha, a Europa permanece sendo um dos epicentros da epidemia, acompanhada da Ásia (China e Japão, principalmente) e dos EUA, que apresentam mais de 300 mil casos e 11 mil mortes. A África e a América do Sul são duas regiões de grande preocupação nos próximos dois meses. O Brasil apresenta 12240 casos com 567 mortes, sendo que São Paulo (4900 casos/304mortes), Rio de Janeiro e Ceará são os três estados com maior número de casos. O número de casos e de mortes por Covid-19 têm crescido todos os dias no Brasil desde de 17 de março e as autoridades sanitárias alertam que o pico de contaminação será na transição entre abril e maio.
São Paulo e Ribeirão Preto estendem a quarentena até dia 22 de abril
Diante do quadro desenhado pelas autoridades sanitárias de que o pico da doença ocorrerá no Brasil na transição entre os meses de abril e maio, o governador João Dória, cujo estado apresenta 4900 casos com 304 mortes (com números que não param de crescer), e o Prefeito Duarte Nogueira, cuja cidade abriu esta terça-feira com 110 casos e 2 mortes, decidiram manter os respectivos decretos de emergência, com fechamento do comércio e serviços não-essenciais, até dia 22 de abril.
O isolamento social vem encontrando dificuldades nas periferias
De acordo com análises feitas pelo professor Leonardo Sacramento, os casos da doença demoraram a chegar nas camadas mais pobres, muito provavelmente devido ao distanciamento social entre pobres e ricos no Brasil. Os casos nas periferias só se inciaram há 15 dias e os números, infelizmente, começam a crescer agora. Somando-se a isso vem a completa postura de sabotagem da política de isolamento social determinada pelo Ministério da Saúde e secretarias de saúde estaduais e municipais feita pelo próprio presidente da República e seus apoiadores, entre eles alguns pastores neopentecostais bolsonaristas, e a necessidade de buscar trabalho e renda das camadas mais pobres, pressionadas a romper o isolamento pela total falta de agilidade governamental em ofertar a ajuda necessária de 600 reais aprovada no início da semana passada no congresso nacional. O impacto que a doença terá nas periferias brasileiras a partir deste mês é totalmente imprevisível pelas autoridades e muito preocupante. O falso dilema entre trabalho e preservação da vida colocado na sociedade pelo presidente e alguns empresários bolsonaristas também contribuiu e muito para o clima de quebra do isolamento principalmente nas camadas populares da sociedade.
Este Blog tem testemunhado o aumento do fluxo de pessoas e do funcionamento do comércio, serviços, quadras de esportes e igrejas nas periferias de Ribeirão Preto nos últimos 10 dias. É o período que coincide com o aumento da agressividade da campanha anti-isolamento feita pelo presidente e os bolsonaristas, também pela sensação de que a doença ainda não chegou nessas regiões e pela necessidade real de renda para colocar comida em casa. Isso abre um enorme e dramático ponto de interrogação para os próximos meses. Além de 80% dos 700 mil habitantes da cidade residirem nas periferias, dependendo de transporte público para trabalhar ou do funcionamento do comércio e dos serviços para sobreviver, há nessas regiões cerca de 100 núcleos de comunidades e favelas englobando cerca de 45 mil pessoas. Mesmo com a política acertada de suspensão das aulas, a situação das periferias é muito preocupante. E os 600 reais de ajuda? Nesta terça-ferira a Caixa Federal divulgou um aplicativo para celular para que as pessoas possam acessar e se cadastrarem para o programa de seguro quarentena. Poderão requerer o auxílio aquelas famílias que constam no Cadastro Único, os MEIs (Microempreendedores Individuais) e todos os trabalhadores informais (com registro no INSS ou não) cujo rendimento familiar seja abaixo de 3 salários mínimos.
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Mais do que nunca é hora de unidade e solidariedade e não de ódio e desavença
Como o auxílio emergencial será pago a partir do registro em um aplicativo digital, mais do que nunca será preciso um grande somatório de forças para que todas as famílias que dele precisem possam acessar o dispositivo eletrônico e realizar o seu cadastro. A Prefeitura, a Secretaria de Assistência Social devem se juntar com a sociedade civil, movimentos sociais, ONGs, associações para realizar esse trabalho solidário de ajuda e cadastro das famílias. Agora não é hora de conflito, de jogo político-eleitoral, de remar contra o barco ou de causar confusão na opinião pública. Agora é hora de ajudar aqueles que mais precisam a receber a ajuda necessária para se manterem dentro dos parâmetros sociais de combate à pandemia como orientam as autoridades sanitárias nacionais e internacionais. Nesses primeiros dias o número de acessos será enorme e o site da Caixa já enfrenta problemas nessa manhã. E mesmo assim a situação tende a ser muito difícil, por isso este Blog ainda insiste que a Prefeitura deve aprovar um plano emergencial para as periferias de Ribeirão Preto, principalmente nas comunidades, levando informação e apoio aos mais de 50 mil ribeirão-pretanos que estão mais expostos física e socialmente aos impactos da pandemia. A Prefeitura disponibilizou o site Ribeirão Solidária, onde você pode entrar e encontrar alguma forma de ajudar nessa crise.
É hora de isolar Bolsonaro e o bolsonarismo
A experiência internacional e as incertezas e angústias sobre o futuro próximo nos mostram que o pior que o Brasil pode fazer nesse momento é dar ouvidos às teses negacionistas, que dizem que o vírus não existe ou não é perigoso, ou às teses conspiracionistas, que tentam atacar a China e os chineses como culpados pela pandemia ou como os planejadores da mentira do vírus. Essa postura já levou à morte de milhares na Itália e nos EUA, por exemplo, e pode piorar e muito a já dramática situação do Brasil. Todas as posturas temerárias e irresponsáveis descritas acima fazem parte dos grupos bolsonaristas e algumas delas são propagadas pelo próprio presidente e seu núcleo mais próximo de comunicação, o "gabinete do ódio". Os últimos episódios criados pelo presidente e os bolsonaristas, todos confrontando as políticas oficiais de combate à pandemia, incluindo o de ontem de tentativa frustrada de demissão do ministro da Saúde, mostram claramente que a sociedade brasileira precisa isolar o bolsonarismo e encontrar uma fórmula de neutralizar as ações de, pasmem, sabotagem explícita do presidente da República à política de saúde pública adotada pelo Ministério da Saúde, Congresso e governos estaduais. O presidente do Brasil é neste momento a única autoridade no mundo a permanecer na linha negacionista, anti-científica e, assim, se coloca na oposição dentro do seu próprio governo, se tornando um obstáculo real no combate à pandemia. O Blog sugere a todos que deem um basta nisso. Não compartilhem informações duvidosas, busquem esclarecer aqueles familiares que ainda estão com a visão social turva pelo ódio e a desinformação. Procurem divulgar informações oficiais vindas do Ministério da Saúde, dos governos estaduais e da Organização Mundial de Saúde, muitas dessas informações repercutidas nos canais de mídias confiáveis, da imprensa empresarial ou da imprensa progressista. Acompanhem os posicionamentos do Papa Francisco, autoridade religiosa com postura solidária e responsável diante da crise no site Vatican News.
Qual o papel da esquerda nessa conjuntura?
Diante do enfrentamento de uma pandemia que pode impactar duramente a vida das pessoas, não há outro papel para a esquerda que não seja o papel certo. Qual o papel certo? Contribuir para combater o avanço da doença, preservando a capacidade do sistema de saúde em salvar vidas, contribuir para a elaboração de políticas públicas emergenciais de proteção da vida, da renda dos trabalhadores e empresas brasileiras e buscar fortalecer o serviço público e os direitos sociais. Esse papel a esquerda tem cumprido exemplarmente. Outro papel é a luta política, não a luta político-eleitoral, mas a luta política em si. A luta de denúncia do comportamento irresponsável de Bolsonaro e dos bolsonaristas, a luta de denúncia do modelo neoliberal falido que já provocava desemprego, pobreza, destruição dos serviços públicos, violência e morte antes do vírus e tem se mostrado absolutamente incapaz de enfrentar períodos de crise como esse. Nessa luta é totalmente válida a aliança momentânea inclusive com setores à direita, como Rodrigo Maia ou João Dória no isolamento do bolsonarismo e na tomada das atitudes corretas. Mas a esquerda tem também o dever de buscar construir o seu programa e colocá-lo no debate nacional, além de ter uma postura de total defesa dos interesses da classe trabalhadora pois, mesmo tendo rompido com o bolsonarismo, Maia e Dória são representantes do projeto neoliberal e sempre terão como princípio a proteção desse sistema em detrimento dos direitos de quem vive do trabalho. Qualquer tentativa de resgate do neoliberalismo agora ou depois do vírus, quando o processo de reconstrução terá de ser feito, tem que ser denunciado pela esquerda e contra-atacado por um proposta programática alternativa. Para isso é imprescindível o diálogo entre as forças de esquerda e progressistas, alinhadas com um pensamento econômico anti-neoliberal em crescimento no mundo todo e no Brasil também. Se formos pautar pela mídia tradicional, a esquerda e o campo progressista não estão como protagonistas no enfrentamento da crise, mas é preciso compreender que o papel da mídia tradicional é este mesmo. A verdade é que, mesmo com as dificuldades já conhecidas de falta de programa claro e falta de unidade, a esquerda tem atuado muito bem, seja do ponto de vista dos partidos seja do ponto de vista dos movimentos sociais, e o caminho é buscar o acúmulo de forças pois só haverá saída da crise e reconstrução posterior com um programa anti-neoliberal e as forças de esquerda e progressistas são as mais preparadas para contribuir e liderar esse programa.
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