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segunda-feira, 10 de maio de 2021

Declamação do Poema Centro, por Marcelo Domingos

 

Marcelo Domingos em declamação do poema "Centro", durante programa "Análise da Semana".

Marcelo Domingos, mestre em Enfermagem e Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto), militante do movimento negro, nasceu no dia 10 de maio, mesmo dia do artista plástico egípcio/sudanês Fathi Hassan, um dos principais artistas contempôraneos da atualidade. Para celebrar este camarada de luta, na semana que se lembrará o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, o Blog O Calçadão traz a declamação realizada pelo próprio Marcelo de seu poema "Centro".




CENTRO

O dia corre, eu tô no corre
O sol bate na cara, em algum lugar mais um preto que morre.
Pessoas entram e sai do supermercado
a observar o mendigo ali deitado, do lado, pardo
Tomaessepedaçodesalgadopraforraoestômago: incômodo!
"Xispa, sai, vaza, aqui não é o seu lugar"
- o segurança tem que mostrar serviço pro leite comprar.
Enquanto isso, no banco da praça, pagando de playba com iphone, REAÇA!
Ri bem alto pra chamar atenção, o mundo não é ostentação, valeu mermão?
Sapatilha e óculos de sol desfilando na passarela, branca, classe média VIP.
Segura a trip, vestido e artesanato, é domingo tem feira hippie, vishi!
Já são 11h, a missa terminou.
Desce a escadaria, entra no 4x4 liga o motor, doutor,
Deus já abençoou, "Xispa, sai, vaza"
Volta pra zona sul playboy, Centro é lugar de massa.
Não embaça!
Chegou mais uma lotação: entra no busa, paga o motô, nem troco sobrô, morô?
É loco ver um irmão a procura de latinha, no lixo pra comprar um pão
Enquanto a maluco deixa o sorvete cair no chão, então
eu só lamento.
Pessoas vem e vão, caderno e caneta na mão,
desigualdade vira refrão, CENTRO.

Veja o vídeo no canal do YouTube do Blog O Calçadão no link abaixo:

Olhar em direção ao desconhecido, Fathi Hassan, 1985.






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