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terça-feira, 14 de setembro de 2021

Movimento dos Atingidos por Barragens denuncia farsa da crise hídrica no setor elétrico

 Notícia


Em 2018, operadores criticaram a redução de investimentos no setor elétrico, imposta pelas empresas privadas que já fazim parte do sistema.
Foto: Marcelo Casall/Agência Brasil 


De acordo com o MAB, em 2020, com a pandemia houve uma queda de 10% no consumo nacional de energia e os reservatórios das hidrelétricas foram esvaziados, inclusive Itaipu, para provocar uma explosão nas tarifas

No dia 29 de junho deste ano o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) soltou documento público em que desmente o governo Bolsonaro quanto a crise hídrica ser provocada pela falta de chuvas. O documento foi uma resposta ao pronunciamento feito em rede nacional pelo Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, um dia antes. 


Segundo o MAB, o governo Bolsonaro anunciou vendeu à população a ideia à população de que a região sudeste passa pela pior seca dos últimos 91 anos para justificar a Medida Provisória nº 1.055, de 28 de junho de 2021, que prevê ações emergenciais e regras excepcionais para o uso dos recursos hidroenergéticos. Esta lei especifica que os custos que serão recuperados por meio de encargos na conta de luz da população.

Entretanto, de acordo com o movimento social, o que governo federal fez foi esvaziar os reservatórios das hidrelétricas para aumentar as tarifas e gerar maiores lucros durante o ano de 2020, período em que houve uma diminuição de 10% no consumo de energia elétrica.

Não foi falta de chuva

O Movimento dos Atingidos por Barragens afirma que a falta de chuvas não pode ser utilizada como argumento para a crise hídrica uma vez que segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) "o volume de água que entrou nos reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras durante o último ano é o quarto melhor ano da última década" (51.550 MW médios). O que ocorreu é que, de acordo com o documento, entrou mais água nos reservatórios do que saiu pelas turbinas para gerar energia. Segundo o MAB as hidrelétricas deixaram de produzir 4.250MW médios abaixo da quantidade de água que entrou nos reservatórios, "o equivalente a uma usina de Belo Monte". 

A água poderia ter sido armazenada

Segundo o documento a água poderia ter sido armazenada ou transformada em energia sem aumentar custos. Ao invés disso, usinas privadas foram incentivadas a operacionalizar acima da média, o que lhes permitiu lucrar vendendo o excedente a preços abusivos no Mercado de Curto Prazo (MCP), uma vez que quanto mais vazios os lagos, mais alto é o preço.

O esvaziamento dos reservatórios como justificativa para a utilização de todas as termelétricas

O texto afirma que a estratégia de esvaziamento das hidrelétricas ainda serviu ao propósito para justificar a utilização de todas as usinas termelétricas (a gás, petróleo, carvão, bagaço-de-cana, etc.), beneficiando o capital privado em detrimento do interesse público e cita como exemplo o caso da usina térmica William Arjona, no Mato Grosso do Sul, autorizada pela ANEEL a cobrar R$1520,87/MWh enquanto que dezenas de hidrelétricas estatais vendem energia a R$65,00/MWh. Para o MAB, o mesmo discurso serve como justificativa para os sucessivos aumentos tarifários nas bandeiras. 

O movimento social encerra o documento  afirmando que a crise hídrica é uma farsa criada para favorecer a especulação financeira e o parasitismo empresarial privado no controle das usinas hidrelétricas e termelétricas. 

Fontes:

A Farsa da Crise Hídrica no Setor Elétrico

Pronunciamento do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque

Medida Provisória 1055/2021

Operadores do sistema elétrico acreditam que privatização da Eletrobras pode fragilizar sistema

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