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sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Feliz Dia dos Professores?

 

Como vivem os cerca de 2,6 milhões de professores brasileiros?

É fato: não há país desenvolvido que não tenha feito uma revolução educacional e, dentro dessa revolução, incentivado a profissão docente atraindo para a carreira os melhores quadros e tendo na educação pública básica um pilar de sustentação do sistema.

Japão, Coreia do Sul, EUA, Alemanha, Escandinavos, China etc. Nesse quesito, o Brasil é um dos piores exemplos.

O Brasil é o penúltimo país da lista de 42 países estudados pela OCDE sobre remuneração docente

São 2,6 milhões de professores no Brasil. Sendo 2,2 milhões na educação básica (1,7 milhões na rede pública e 500 mil em escolas particulares). Outros 397 mil lecionam no ensino superior (183 mil em universidades públicas e 214 mil em universidades privadas).

Todos os países que levam a educação a sério e fizeram a revolução educacional tiveram na remuneração e nos planos de carreira dos docentes da educação básica pública a espinha dorsal do sistema.

Aqui no Brasil a média salarial dos professores da educação básica é 2,9 mil reais mensais. E tendo a profissão docente vinculada ao serviço público cada vez mais precarizada. A rede paulista, por exemplo, tem 50% dos seus professores (cerca de 100 mil profissionais) na chamada categoria O, ou seja, com contratos temporários. E isso impacta na rede privada, que também acompanha o achatamento salarial e a precarização da mão-de-obra docente.

Salários baixos e retirada dos planos de carreira contribuem para a destruição da profissão docente a médio prazo. E mesmo algumas ilhas de excelência como as universidades e institutos federais estão ameaçados pela reforma administrativa que prevê a terceirização do serviço público com o fim da estabilidade e possibilidade de redução de salários.

A educação pública, garantida como um direito humano de caráter social pelo artigo 6o da Constituição, está sendo desmontada assim como a saúde pública e a seguridade social, todas paulatinamente transformadas em mercadorias dentro do modelo de enxugamento do Estado como garantidor de direitos e alinhamento com a sustentação do neoliberalismo financista.

A atualidade da educação brasileira é dramática, assim como é dramática a situação geral do país. E dentro dessa realidade, a profissão docente vai sendo destruída junto com as esperanças.

Feliz Dia dos Professores? Não, hoje, não. Hoje os professores são apenas resistência.

Ricardo Jimenez - professor e editor do Blog O Calçadão

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