A partir da matéria de Giselle Soares e Ricardo Zorzetto (Revista Pesquisa FAPESP, edição 355)
Uma pesquisa publicada em maio na revista The Lancet Public Health revelou que o Bolsa Família, criado em 2003, teve impacto decisivo na saúde da população brasileira. Entre 2004 e 2019, o programa de transferência de renda evitou 8,2 milhões de internações hospitalares e 713 mil mortes em 3.671 municípios do país.
O estudo
A equipe de pesquisadores analisou registros de nascimento, óbito e causas de morte disponíveis nos cartórios e nos bancos de dados do SUS entre 2000 e 2019. O estudo considerou o alcance do programa, o valor médio pago por família e a proporção do público atendido.
Os
resultados apontam que, no período, houve uma redução média de 31% nas
hospitalizações e 25% na mortalidade. Os efeitos foram mais expressivos em
crianças menores de cinco anos, cuja taxa de mortalidade caiu em um terço, e em
idosos acima de 70 anos, que tiveram quase metade das internações evitadas
“Constatamos que o Bolsa Família foi o fator que mais influenciou a redução nas taxas de hospitalização e mortalidade, superando até outras melhorias sociais do período”, explicou a economista Daniella Cavalcanti, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA) e primeira autora do artigo
Condicionalidades e efeitos indiretos
O impacto positivo vai além da renda repassada. As condicionalidades exigidas para o recebimento do benefício aproximam as famílias do sistema público de saúde e educação. Entre elas estão: manter crianças e adolescentes de 6 a 17 anos na escola, garantir a vacinação das menores de sete anos, acompanhar peso e altura e realizar o pré-natal das gestantes.
Projeções futuras
Usando modelos matemáticos, os pesquisadores projetaram cenários até 2030. Caso o programa seja expandido para famílias com renda per capita de até meio salário mínimo, outros 8 milhões de internações e 684 mil mortes poderão ser evitados
Avanços e desafios
Estudos
complementares também relacionaram o Bolsa Família à redução de 31% da
mortalidade materna, menor risco de morte por câncer de mama (17%) e doenças
cardiovasculares (4%), além da queda nos nascimentos prematuros extremos. Houve
ainda impacto positivo na diminuição de casos de HIV-Aids, tuberculose e dependência
química
Apesar
dos avanços, pesquisadores alertam para desafios, como a qualidade da
alimentação das crianças beneficiárias, que ainda consomem muitos
ultraprocessados, e as dificuldades de acesso a serviços de saúde em áreas
remotas do país
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