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Militantes marcham pela Palestina Fotos: @filipeaugustoperes |
Neste sábado, (13), diversas capitais e cidades brasileiras foram palco da Marcha Global por Gaza: Navegando com a Global Sumud Flotilla, uma mobilização internacional em defesa do povo palestino e contra o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza.
Na cidade de Ribeirão Preto, o ato foi chamado pelo Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina e aconteceu às 9:00 na Esquina Democrática, espaço tradicional de manifestações populares no centro. O evento teve o apoio de diversas entidades, coletivos, movimentos sociais.
Na abertura do ato, Fátima Suleiman, presidenta do Comitê Permanente para a Causa Humanitária Palestina, destacou o simbolismo da bandeira palestina.
“O preto significa o sofrimento do povo palestino, a catástrofe. O branco representa a paz e a pureza que resistem em nossos corações, mesmo diante do genocídio. O verde é a esperança, e o vermelho, o martírio de nosso povo”, afirmou .
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“Nós não estamos extintos!” |
Fátima lembrou que a Marcha Global por Gaza se somava à ação da Flotilha Global Sumud, que partiu com o objetivo de romper o bloqueio e levar alimentos, próteses e ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Em seu discurso, Suleiman frisou que
“eles não são piratas, estão em águas internacionais. A missão não é passeio, mas resistência”.
Ao mesmo tempo, denunciou que Israel já descumpriu dezenas de leis internacionais e deveria ser tratado como um Estado pária .
A presidenta do Comitê insistiu que o que se pede à sociedade brasileira é solidariedade concreta.
“Nós não estamos pedindo lágrimas. Nós pedimos respeito, pedimos a sua voz para um povo sem voz”, disse.
Em tom mais pessoal, Suleiman recordou que há brasileiros na flotilha, como o ativista Tiago Ávila e o historiador Mansur Peixoto, de Barretos, que deixaram suas famílias e confortos para se somar à resistência .
De acordo com ela, a bandeira palestina hoje representa mais do que uma nação: tornou-se símbolo da humanidade. E alertou que não se deve falar dos palestinos como se fossem um povo extinto.
“Nós estamos vivos. Somos milhões em todo o mundo. Não viemos ao mundo para sermos apagados da história”, enfatizou.
Ao final, Suleiman convocou os presentes a amplificar as vozes palestinas e a tratar a causa como parte de uma luta universal contra o colonialismo, o imperialismo e o racismo. Para Suleiman, falar da Palestina é, também, salvar vidas.
Após a fala de Fátima Suleiman, foi a vez de Estevan Campos, militante do MES/PSOL, reforçar a dimensão internacional da mobilização. Campos saudou a população que passava pelo centro da cidade e destacou que o 13 de setembro marcava uma data simbólica.
“Hoje é o dia de uma marcha global por Gaza”, disse, lembrando que o que ocorre na Faixa de Gaza representa “os sintomas da barbárie, da crise que o sistema capitalista impõe à humanidade” .
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O sistema capitalista impõe a barbárie |
Campos afirmou que a criação do Estado de Israel foi um projeto forjado pelo imperialismo, que agora se traduz em genocídio contra o povo palestino. Para o militante do PSOL, a política de Benjamin Netanyahu expressa os desejos mais autoritários da elite mundial.
“O que Netanyahu representa é o sintoma da barbárie que a elite econômica de boa parte do mundo sonha em tornar realidade para todos nós”, afirmou.
Segundo o militante, o objetivo desse modelo é aprofundar o controle social e a exploração, garantindo privilégios a uma minoria diante das crises econômica e ecológica globais .
Em sua intervenção, Estevan destacou que lutar por Gaza é, antes de tudo, lutar pelo povo palestino, mas também significa enfrentar o colonialismo e o imperialismo que atingem os povos da periferia global. E comparou a resistência palestina com a luta contra a submissão de países como Brasil, Colômbia e Venezuela às potências imperialistas, mencionando diretamente a política de Donald Trump como exemplo de dominação.
Campos ainda ressaltou a importância da Flotilha Global Sumud, que saiu de Barcelona e reuniu ativistas de mais de 40 países.
“É a ação internacionalista mais importante das últimas décadas”, afirmou, observando que nela militantes brasileiros de diversas organizações também participam, levando adiante um exemplo de solidariedade ativa.
Encerrando sua fala, o militante do MES/PSOL convocou a população a pressionar o governo brasileiro e ampliar a mobilização social. De acordo com Estevan, é necessário “apertar o cerco contra Israel”, romper relações diplomáticas e comerciais, parar de comprar armas e vender petróleo ao Estado israelense.
“Não temos o direito de deixar de falar da Palestina nem por um dia sequer”, concluiu, reafirmando o grito de resistência: “Palestina livre, do rio ao mar”
Entre os militantes presentes, Matheus Morais Candido, da Unidade Popular, destacou a importância do crescimento das mobilizações em Ribeirão Preto.
“É muito bom ver esses atos pela defesa da Palestina crescendo também na cidade. A Fátima, que luta há muitos anos pela causa, viu manifestações começarem aqui com duas ou três pessoas, e hoje já temos dez anos de caminhada”, afirmou.
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“as armas que matam os palestinos são as mesmas armas que matam os nossos jovens nas periferias” |
Para Cândido, no entanto, isso ainda é insuficiente diante da gravidade do momento.
“Precisamos colocar centenas e milhares de pessoas nas ruas de todo o país em defesa do povo palestino contra um genocídio televisionado ao vivo”, disse .
O militante chamou atenção para a ligação entre a violência imposta ao povo palestino e a realidade das periferias brasileiras. E destacou que
“as armas que matam os palestinos são as mesmas armas que matam os nossos jovens nas periferias”
Mateus lembrou a ação policial ocorrida no Rio de Janeiro, no dia 7 de setembro, quando famílias ligadas ao Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) foram violentamente despejadas de um prédio abandonado. Matheus recordou que, na ocasião, idosos e crianças foram atacados com balas de borracha e bombas de gás, inclusive com companheiros hospitalizados com risco de perder partes do corpo.
O miiltante da UP, reafirmou que a luta em solidariedade ao povo palestino não pode ser separada da luta cotidiana no Brasil. Matheus afirmou que a violência do capitalismo e do imperialismo que atinge a Palestina também recai sobre os trabalhadores e a juventude negra brasileira.
“Devemos lutar hoje para que amanhã não sejamos nós sobre os escombros de nossos prédios e de nossas cidades”, alertou.
Em sua fala, Matheus Candido também defendeu que a solidariedade internacional deve se articular com um projeto político maior.
“A luta pelo povo palestino, a luta pelo coletivo, é uma luta profundamente anticapitalista pela construção do socialismo no nosso país”.
Ao encerrar, convocou os presentes a ampliar a mobilização: cursos, palestras, atos e manifestações que façam de Ribeirão Preto um polo de resistência no interior paulista.
“Vamos somar forças na luta do povo palestino, pelo fim do imperialismo em nosso país e no mundo e pela construção do socialismo”, concluiu
O professor João Aguiar, integrante da torcida organizada antifascista do Botafogo de Ribeirão Preto/SP, “Resistência Caipira”, destacou em sua fala a importância da presença popular nos atos em solidariedade à Palestina.
“É fundamental a nossa presença nas ruas, a nossa presença em atos como esse”, afirmou.
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devemos pensar como podemos mostrar a nossa indignação em relação ao que acontece na Palestina |
Para ele, mais do que reunir grandes números, é essencial manter o espírito de participação real, como convocado por Fátima Suleiman no início da manifestação: um espírito de compreensão e engajamento com a luta palestina, entendida como uma causa humanitária acima de tudo .
Aguiar ressaltou que aquele era um momento de união, no qual todos deveriam se colocar do mesmo lado, empunhando a mesma bandeira, a da Palestina. E em tom reflexivo, contou ter conversado recentemente com um amigo da Unidade Popular sobre a Flotilha Sumud e disse se emocionar com a coragem dos homens e mulheres que, em águas internacionais, arriscam suas vidas para romper o bloqueio e levar ajuda humanitária.
“Quem aqui, se pudesse, também não estaria fazendo parte dessas missões?”, questionou.
O professor concluiu sua intervenção conclamando cada pessoa a pensar em formas concretas de colaborar com a luta do povo de Gaza.
“Dentro da nossa possibilidade, devemos pensar como podemos mostrar a nossa indignação em relação ao que acontece na Palestina”, disse.
Sua fala foi encerrada com a palavra de ordem que ecoou entre os presentes: “Palestina livre!”
Pedrinho, militante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Fabricação do Álcool, Químicas e Farmacêuticas de Ribeirão Preto e Região e filiado ao Partido dos Trabalhadores, destacou a necessidade de consciência crítica diante da causa palestina. E lembrou que
“a Palestina já vivia uma opressão colonial antes, no século XIX, nos momentos anteriores, e já não era uma situação ideal”.
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“o capitalista … toda solução que ele arruma é violenta” |
Em seguida, questionou o que significou todo o investimento feito para consolidar o Estado de Israel.
“Se você pegar 1% do que foi gasto para formar aquele Estado policial sionista, teria feito uma Palestina livre e acolhedora, inclusive para os judeus que lá morassem ou para os que quisessem emigrar para lá” .
O sindicalista frisou que não falta humanidade no povo palestino, nem espaço para convivência, mas que o capitalismo impõe soluções violentas que agravam ainda mais realidades já difíceis. Em suas palavras,
“o capitalista é uma mágoa, porque toda solução que ele arruma é violenta e piora uma situação que já não era ideal”.
Pedrinho concluiu afirmando que a superação do capitalismo é uma tarefa histórica, mas ressaltou que a luta imediata deve ser pelo direito dos palestinos de viverem em liberdade e acolherem todos que desejarem compartilhar de sua terra. Sua intervenção foi encerrada com a reafirmação da palavra de ordem que marcou o ato.
“Do rio ao mar, Palestina livre”
Dava Vidal militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), trouxe à manifestação uma mensagem de balanço entre os avanços conquistados e os desafios que ainda permanecem.
“Enquanto, em tempos passados, nós tínhamos o mundo inteiro totalmente silencioso e colaborativo com o projeto sionista, hoje começamos, através da pressão popular, a ver governos virando as costas para Israel”, afirmou.
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Se existe tanta oposição, é porque nós estamos avançando |
E citou como exemplo o Brasil e a Espanha, ressaltando que tais posicionamentos não se deram por bondade dos governos, mas foram arrancados
“a muito custo, com mobilização popular e com as dezenas de flotilhas que já foram organizadas” .
O militante destacou que a atual Flotilha Global Sumud, em curso rumo a Gaza, simboliza esse fortalecimento da luta internacional, levando alimentos, medicação e esperança ao povo palestino. Segundo ele, mesmo no coração do imperialismo, nos Estados Unidos, milhares de pessoas têm se reunido para denunciar o genocídio e defender a soberania palestina, arriscando prisões e violência policial.
“Se existe tanta oposição, é porque nós estamos avançando”, disse Davi, lembrando que hoje há um movimento internacional robusto, capaz de romper o silêncio e expor a barbárie israelense.
Em sua fala, o militante também traçou paralelos entre a repressão ao povo palestino e as violências sofridas no Brasil. Para Davi,
“os inimigos que torturam o povo palestino são os mesmos que nos torturam aqui, que batem indiscriminadamente nos nossos filhos, que criminalizam a nossa arte e a nossa cultura”.
Ao final, reafirmou que a luta não é em vão, pois já conquistou importantes vitórias, mas o objetivo ainda está por vir.
“Uma Palestina livre, unitária, independente e soberana, livre da exploração capitalista e do imperialismo americano, israelense e sionista”.
Davi concluiu chamando os presentes à esperança de que todos os povos do mundo possam, um dia, superar essa fase sombria da história humana
A professora doutora Annie Hsiou, da ADUSP, destacou em sua intervenção a força simbólica e política dos atos em solidariedade à Palestina.
“Mais uma vez aqui, reunidas e reunidos, nesse ato em solidariedade à Palestina, que não é pouca coisa, num momento em que diversas flotilhas se direcionam à Gaza, em ações anti-imperialistas e antirracistas, para demonstrar que a força do povo palestino também se expressa na gente”, afirmou .
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a força do povo palestino também se expressa na gente |
E destacou que, embora os atos em Ribeirão Preto ainda precisem crescer, fazem parte de um movimento internacional contra a extrema-direita, que considera uma ameaça global. Annie relacionou a situação palestina com a conjuntura brasileira recente, lembrando a condenação de Jair Bolsonaro.
“Ontem mandamos um recado: Bolsonaro vai ser preso, Bolsonaro foi condenado. Assim como Netanyahu, ele também foi responsável por centenas de milhares de mortes, seja na pandemia, seja pelo genocídio na Palestina”, disse.
Em sua fala, a professora estabeleceu paralelos entre Bolsonaro, Netanyahu, Trump e o governador paulista Tarcísio de Freitas, que, segundo ela, são expressões máximas do imperialismo e da extrema-direita global. Para Annie, derrotar essas forças é tarefa urgente.
“Atos pela Palestina também fortalecem a luta contra a extrema-direita mundial. É um câncer global que precisamos barrar”, afirmou .
A professora Doutora ainda chamou atenção para a responsabilidade do governo brasileiro diante desse cenário. Defendeu que Lula não recue diante das pressões e que a prisão de Bolsonaro, prevista para dezembro, se concretize, pois isso também fortaleceria a luta internacionalista.
“Nossa luta é unitária, é nacional e internacional, e passa, sim, pela libertação do povo palestino”, concluiu, encerrando com o brado coletivo: “Viva a Palestina!”
Rafael, militante do Afronte, trouxe à manifestação uma reflexão sobre o que aconteceria se Jesus de Nazaré fosse vivo nos dias atuais.
“Se hoje Jesus nascesse, ele estaria nos escombros. Porque onde ele nasceu é na Palestina”, afirmou, relacionando o presente da região com sua história milenar.
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Se hoje Jesus nascesse, ele estaria nos escombros. |
Para Rafael é papel dos movimentos sociais dar visibilidade à causa palestina, algo que, segundo suas palavras,
“a mente burguesa não faz, porque ainda insiste em chamar de guerra o que é, de fato, um genocídio” .
O militante destacou que o Estado de Israel foi inventado e criado pelo imperialismo e que, portanto, lutar pela soberania da Palestina é inseparável da luta pela soberania de outros povos, inclusive no Brasil.
“Nós não seremos verdadeiramente soberanos se a Palestina também não for”, disse.
E defendeu que a resistência latino-americana contra a ingerência de potências como os Estados Unidos deve caminhar lado a lado com a solidariedade ao povo palestino.
Em sua fala, Rafael retomou a conexão com a realidade das periferias brasileiras, lembrando que
“a mesma coisa que acontece nas nossas periferias também acontece na Palestina”.
O militante do Afronte denunciou ainda a política do governador paulista Tarcísio de Freitas, que qualificou como “assassino da nossa juventude negra e periférica”.
E voltou a afirmar que
“Se hoje Jesus nascesse, ele seria bombardeado”.
Concluiu reafirmando o compromisso coletivo.
“Precisamos lutar por uma Palestina livre e verdadeiramente soberana” .
Priscila, militante do MES/PSOL, destacou em sua fala o caráter histórico do momento vivido na luta pela Palestina.
“Hoje é um momento histórico pra essa causa. Quando olhamos os dados, o que mais vemos é que mulheres e crianças são as principais vítimas. E não é à toa, porque Israel e Netanyahu querem acabar com o futuro do povo palestino”, afirmou.
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É preciso falar de Gaza, é preciso falar do genocídio |
Para Priscila, a violência sistemática busca eliminar a herança e a continuidade de uma nação inteira .
A militante destacou a necessidade de denunciar o genocídio em todos os espaços possíveis.
“É preciso falar de Gaza, é preciso falar do genocídio. Denunciar em nossos Instagrams, em nossas redes sociais, nas conversas com amigos, nos bares, nos atos no centro da cidade. Porque aquilo é um laboratório a céu aberto de um extermínio”, disse.
Priscila trouxe à tona a realidade cotidiana de milhares de palestinos. Lembrou que, enquanto muitos brasileiros tomavam café da manhã antes de se dirigir ao ato, crianças palestinas enfrentavam a fome e mulheres grávidas buscavam desesperadamente água ou os corpos de seus familiares sob escombros.
“Pense se fosse com você, com o teu filho, com a tua companheira. Por isso, é preciso dizer: a questão palestina é a nossa questão, é a nossa luta. Porque enquanto qualquer ser humano for oprimido, nenhum de nós será verdadeiramente livre”, ressaltou .
E também relacionou a luta palestina com a conjuntura política brasileira. Lembrou que a condenação de Jair Bolsonaro não foi uma concessão espontânea das instituições, mas resultado da pressão popular.
“Foi a burguesia, sim, mas foram as mulheres nas ruas, os companheiros, os estudantes que cavaram a cova do Bolsonaro para a condenação. Nós conquistamos isso. E precisamos seguir avançando, porque a extrema-direita e Bolsonaro não estão derrotados”, afirmou.
Encerrando sua fala, Priscila reforçou o chamado à mobilização permanente contra a extrema-direita, o fascismo, a guerra e a fome.
“Enquanto qualquer um for preso, for faminto, nós nunca seremos livres. Por isso, Palestina livre, do rio ao mar. Porque é urgente, é emergente, e a vida dos nossos companheiros importa”, concluiu
João Brás, presidente do Instituto Memorial da Resistência Madre Maurina Borges, iniciou sua intervenção lembrando a trajetória de Madre Maurina, religiosa que acolheu crianças pobres e foi brutalmente torturada durante a ditadura militar. Filiado ao PSOL e militante da corrente comunista Primavera Socialista, ele situou a luta palestina no contexto internacional.
“Nesta semana, a ONU, por votação majoritária de 142 países, encaminhou a oficialização do Estado da Palestina. Mas não vai acontecer, porque é uma instituição burguesa controlada pelos Estados Unidos e pelo imperialismo. Foi apenas uma posição política, e não uma posição humanitária”, afirmou, denunciando que Israel e EUA promovem uma matança desproporcional, sobretudo contra crianças e mulheres .
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Enquanto houver uma pessoa passando fome nesse mundo, o socialismo continua” |
Em sua fala, João Brás também dialogou com o campo religioso, pedindo que os presentes não confundam “o Israel da Bíblia com o Israel de hoje”. E acrescentou.
“Se Jesus estivesse aqui hoje, ele seria torturado, seria metralhado. Porque lá atrás ele não morreu de doença ou acidente, mas foi julgado, condenado e torturado por dois poderes – o judaico e o romano – justamente porque sua proposta era a construção de uma sociedade justa, igualitária, civilizatória”.
Para João, a mensagem de Jesus pode ser compreendida como uma inspiração comunista, uma proposta de reino terreno oposta à lógica de César. Ao aproximar fé e luta social, João Brás defendeu que os socialistas devem estar lado a lado do povo palestino.
“Enquanto houver uma pessoa passando fome nesse mundo, o socialismo continua”, concluiu, sob aplausos. Sua intervenção terminou com palavras de ordem: “Salve a Palestina livre. Viva o socialismo. Viva o PSOL”
Filipe, do MST, corroborou a fala da militância que falou antes dele e destacou que o MST realizou entre os dias 28 de julho e 28 de agosto a 2ª Jornada de Muralismo Palestina Livre, com a produção de murais retratando a denúncia ao genocídio de Israel e a resistência palestina.
O ato também teve espaço para manifestações culturais em favor da Palestina Livre. A artista plástica Sara Saleh fez o sorteio da rifa de uma de suas ilustrações sobre a Palestina no local. E Jaqueline, leu o poema que escreveu após ver a foto de uma criança palestina, foto tirada pouco antes desta ser mais uma vítima do geocídio perpetrado pelo Estado sionista de Israel.
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Jaqueline escreveu um poema |
Poema para as crianças palestinas
Olhos vidrados,
espelho de infância roubada
pelas bombas que não cessam nos céus.
A pele outrora dourada
agora banhada
pelo vermelho de uma nação.
Sim, nação:
Palestina tão antiga
quanto as tintas sagradas da Bíblia.
Uma criança em choque,
um instante congelado,
o grito silencioso por socorro,
o segundo que anuncia sua morte.
Meus olhos em lágrimas,
o nó na garganta,
transformam a dor em versos-armas.
Como não gritar por Gaza
quando cinco mil toneladas de vida
apodrecem bloqueadas no mar?
Como não gritar por Gaza
quando milhares marcham rumo à fronteira
e são impedidos de tecer corredores humanos,
oferecer pão, água, remédios?
É preciso encarar as imagens,
fortes, dilaceradas, bárbaras.
Quem terá estômago para ver
o que Israel faz diariamente
há quase dois anos aos palestinos?
Transformam crianças em números,
mães em luto eterno,
lares em escombros
de um futuro negado.
Negam o direito de respirar
a um povo milenar,
mais antigo que o chão
que o invasor chama de seu.
Mentiras e desinformações
pesam mais que bombas e ogivas.
Não há humanidade
em legitimar a morte
de um povo inteiro
para sustentar impérios de mentira.
Minha humanidade é um fio tênue,
um pontinho de vida.
Quem nega água, nega a alma.
Quem bloqueia remédios, assassina duas vezes.
Quem apoia isso — com silêncio ou armas —
é cúmplice do genocídio
mais televisionado da história.
Milhares gritam pelo mundo:
Free Palestine! Livre Palestina!
E você,
que ainda defende Israel e os Estados Unidos,
olhe a foto mais uma vez:
os brincos pequenos que só dizem amor,
o sangue seco na pele-terra,
os olhos arregalados, assustados,
a prova de que o amor do mundo
não foi suficiente para salvá-lo.
Quando foi que você perdeu
a sua humanidade?
Estiveram presentes no ato: Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Unidade Popular (UP), Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Movimentos dos Trabalhardores Rurais Sem Terra (MST), Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino, Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina, Coletivo Afronte!, Resistência PSOL, Diretório Municipal do PT, Partido Comunista Brasileiro (PCB/Ribeirão Preto).
Mais fotos
Excelente 👏🏼👏🏼👏🏼
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