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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Vamos falar de política? O que eu penso sobre o governo Dárcy Vera! Parte 1


Tenho grandes amigos que consideram a administração Dárcy Vera o pior governo que Ribeirão Preto já teve. Outros rebatem que o pior foi o do Jábali, enquanto outros ainda mencionam o do Maggioni ou o último do Gasparini.

Respeito todos eles, mas quero aqui  tentar tratar o assunto com a profundidade política que ele merece. Partindo da análise geral para chegar ao verdadeiro ponto da discórdia: o segundo turno da eleição de 2012!

Vem aí uma campanha municipal onde o mote 'buracos no asfalto', 'mato nas praças' e  a prática de 'bater na Prefeita' serão o lugar comum da eleição.

Desde a campanha de 2000 o roteiro é o mesmo: Prefeitos com administrações ruins servindo de palanque político para o oportunismo de ocasião (a exceção é a reeleição da própria Dárcy Vera, em 2012).

A regra em Ribeirão Preto é termos administrações ruins uma atrás da outra.

Jábali não foi candidato à sua própria reeleição (e Nogueira, carregando o peso do desgaste, não chegou nem ao segundo turno em 2000). Maggioni ficou de fora do segundo turno em 2004 (eleição marcada pela ida de Palocci para Brasília e que jogou o PT municipal em uma crise enfrentada até hoje). E Gasparini perdeu em 2008 no primeiro turno!

Administrações ruins, distantes do povo (e dos movimentos sociais), tocadas na base de acordos políticos de gabinete e dos interesses do poder econômico.

Há quase 20 anos não há um projeto de cidade, uma proposta sequer para alavancar a economia do município, para criar mecanismos que fortaleçam a participação popular. A última que fez isso foi a primeira administração de Antônio Palocci, coincidentemente a última a ter um projeto debatido com amplos setores do movimento popular e que teve o mínimo de projeto de longo prazo. Não à toa vem de lá o nosso atual Plano Diretor e a Criação da Secretaria do Planejamento, por exemplo.

A infeliz derrota da chapa Sérgio Roxo e Said Issa Halah em 1996 jogou Ribeirão Preto no marasmo da política pequena e da falta de rumo.

Hoje, projetos de fundo como um Plano Diretor são adiados ad eternum enquanto os interesses da especulação imobiliária não forem satisfeitos. Já projetos de interesse do capital, como a internacionalização do Leite Lopes, com remoção forçada de famílias pobres, são aprovados de imediato, tanto pela base tucana quanto pela cor-de-rosa, não importando a grave situação social criada com os mesmos.

A diferença atual é que a esquerda, isolada e enfraquecida, não consegue se impor como força desde 2004. PSOL e PSTU mantém suas candidaturas sem constituírem um arco de alianças e sem penetração popular, enquanto o PT se mantém errático, oscilando entre apostar em uma candidatura com enraizamento partidário, como a do professor Feres Sabino em 2008, ou em um neófito sem compromisso, como o juiz Gandini, em 2012.

Dessa forma, sem possibilidade de construção de um projeto popular viável à esquerda, a direita se rearranja e faz a festa, enquanto a angústia dos eleitores de esquerda e progressistas só faz crescer.

A disputa na direita se dá entre o PSDB de um lado e a aliança Dárcy e Baleia de outro.  Mas até 2010 esses grupos estavam perfeitamente colocados dentro do arco de influência do governo tucano de São Paulo. Dárcy, conduzida por seu líder Kassab, chegou a ser a queridinha de José Serra.

Portanto, e já dando a minha opinião, o governo Dárcy Vera não foge à regra da direita ribeirão-pretana, sem novidade. Um governo voltado aos interesses do capital, sem projeto ou planejamento de longo prazo, adepto do populismo político, dos acordos de gabinete envolvendo cargos em troca de apoio na Câmara e loteado entre as diversas forças políticas, fechando qualquer canal real de participação direta do movimento popular em suas decisões.

Acho Dárcy uma comunicadora popular mas uma administradora fraca. Por isso, temos hoje uma cidade administrada por mais de um 'prefeito' (expressão usada por um amigo em conversa recente). Cada 'prefeito' mandando no seu naco específico de poder criados no loteamento político e no vácuo da falta de liderança de Dárcy.

E é aí que reside a necessidade de um debate mais profundo, para que não despejemos em Dárcy uma culpa maior do que a que de fato ela tem. Quem um dia chegou a acreditar que Dárcy poderia ser de fato uma líder popular nos moldes progressistas errou, ou foi sonhador demais ou não fez a leitura política correta. E permanecer nessa posição, caindo em um discurso anti-Dárcy pouco politizado, faz Ribeirão correr o risco de prosseguir no erro, dando mais um mandato para a direita travestida de popular e se frustrando novamente.

Para evitar isso e fazermos a leitura correta, temos de entender como ela chegou aonde está e as mudanças que levaram ao verdadeiro nó da discórdia entre os progressistas: o segundo turno da eleição de 2012.

Precisamos entender que o enfraquecimento da esquerda na cidade tem o seu quinhão de culpa e, principalmente, entender a movimentação política que houve entre a eleição de 2008 e a de 2012 e como isso aponta para o cenário da eleição de 2016.

Mas isso vai ser feito em outro artigo, brevíssimo...

Ricardo Jimenez

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