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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Fascistas editando! Por Aílson Vasconcelos



Toda democracia digna desse nome assegura a liberdade de opinião e expressão. Em nossa democracia, esse direito é garantido constitucionalmente sendo vedado apenas o anonimato. No caso dos grupos de comunicação, é possível conhecer sua opinião por meio dos seus editoriais, textos sobre algum assunto do momento onde não se preocupam em mostrar isenção e imparcialidade.
O editorial jornalístico é um registro histórico que marca a opinião de um veículo de comunicação e como tal pode ser utilizado como dado (É verdade que podemos conhecer a linha editorial de determinado veículo de comunicação não só pelos editoriais, mas também pelas notícias, uma vez que a forma como são escritas e transmitidas já dizem muito).

A história se repete a primeira vez como tragédia. Diante do golpe militar de 64, os principais veículos de comunicação do país publicaram editoriais apoiando o golpe, o que acabou se mostrando um grande equívoco uma vez que mergulhou o país em 20 anos de ditadura. Censura, tortura, perseguição política e partidária, exílio, mortos e desaparecidos são alguns sinônimos.
A internet democratiza. Documentos históricos de qualquer tipo eram até pouco tempo atrás de difícil acesso, mas com o advento da internet se tornaram extremamente acessíveis. Uma vez digitalizados podem ser multiplicados e compartilhados pela rede infinitamente. E pegou muito mal a repercussão e propagação pela rede dos meios de comunicação que apoiaram o Golpe naquele momento.
A história se repete a segunda vez como farsa. O Golpe de 2016 derrubou uma presidenta legitimamente eleita com 54 milhões de votos por meio de um processo pago pelo partido derrotado, utilizado como barganha, foi aceito como chantagem e retaliação. Foi acusada de um crime (que já não é mais crime, segundo os próprios ‘juízes’ da questão), julgada por partes interessadas no pleito com muitos dos ‘juízes’ acusados por corrupção. Diante da consolidação efetiva do Golpe de 2016 já surgem casos de censura, retaliação, violência policial, repressão, perseguição política e partidária e a movimentos sociais.

A história não perdoa. E como se não bastasse, os mesmos veículos de comunicação que outrora apoiaram o militares em 64 estão novamente protagonizando um vexame histórico ao apoiarem (divulgarem e difundirem) o golpe ora dito como nova roupagem. Omitir-se diante dos casos de censura e de violência policial te torna cúmplice. Apoiar a repressão militar dos protestos e movimentos sociais te trona cúmplice. Incitar e dar voz a perseguição política e partidária te torna cúmplice. Cúmplices de um novo Golpe.

Aílson Vasconcelos é professor

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